No post com este mesmo título, em 24 de Fevereiro, apresentei o poeta Juvenal Bucuane, natural de Moçambique.
Para assinalar o “Dia de África”, que hoje se comemora, dou-vos a conhecer Francisco Xavier Guita Júnior (Guita Jr)
Para assinalar o “Dia de África”, que hoje se comemora, dou-vos a conhecer Francisco Xavier Guita Júnior (Guita Jr)
Nascido em Inhambane, Moçambique, a 14 de Março de 1964, publicou os seus primeiros poemas em 1987, na sua terra natal, onde exerce a profissão de professor de português.
De sua autoria, estes dois poemas:
De sua autoria, estes dois poemas:
NO JARDIM DA NOITE COM ESTRELAS DE VERÃO
(página 26)
Agora órfão ou castrado
perdoadas estão as naus de da Gama
e contemplo só estrelas e flores onde tragava
a humilhação e o chicote do patrão.
Vasculho as ruas da cidade
na procura do subterfúgio a nu.
É inevitável o retorno,
haverá fantasmas em meu redor.
Há micaias em meu corpo
que deflagram como minas
cansadas dos silêncios
Quando sonho alegrias
acendo uma vela no peito
sobre o castiçal do coração
e volto a desaguar na escuridão
e apalpo e amarfanho a agonia
no dorso da noite.
Porém não tenho armas
para falar de amor.
É esta a loucura da minha intenção
POR UMA SEREIA DE TREVA
(página 16)
Sem segredos, melhor que nós
ninguém sabe a morte a dois.
E como heróis subterrâneos que somos
procuramos a vida por entre as trevas
navegamos algas ao amanhecer
para encontrar um irmão pelas mãos
Empresta-me a tua máscara, quero saborear
esta melodia, ter nos olhos a cor.
E antes que o dilúvio se propague
nademos nas profundezas do asco;
talvez surja uma sereia de treva
onde possamos pousar o coração
que em fragmentos se dissolve no iodo
da atmosfera que transportamos às costas
Sem segredos, melhor que nós
ninguém por entre a fresta da porta
da noite apalpa este enigma:
prestar contas ao silêncio dos olhos
e conter a náusea por um instante
ultrapassando o passado hóspede da masmorra
da presente folia ardente transeunte.
(página 26)
Agora órfão ou castrado
perdoadas estão as naus de da Gama
e contemplo só estrelas e flores onde tragava
a humilhação e o chicote do patrão.
Vasculho as ruas da cidade
na procura do subterfúgio a nu.
É inevitável o retorno,
haverá fantasmas em meu redor.
Há micaias em meu corpo
que deflagram como minas
cansadas dos silêncios
Quando sonho alegrias
acendo uma vela no peito
sobre o castiçal do coração
e volto a desaguar na escuridão
e apalpo e amarfanho a agonia
no dorso da noite.
Porém não tenho armas
para falar de amor.
É esta a loucura da minha intenção
POR UMA SEREIA DE TREVA
(página 16)
Sem segredos, melhor que nós
ninguém sabe a morte a dois.
E como heróis subterrâneos que somos
procuramos a vida por entre as trevas
navegamos algas ao amanhecer
para encontrar um irmão pelas mãos
Empresta-me a tua máscara, quero saborear
esta melodia, ter nos olhos a cor.
E antes que o dilúvio se propague
nademos nas profundezas do asco;
talvez surja uma sereia de treva
onde possamos pousar o coração
que em fragmentos se dissolve no iodo
da atmosfera que transportamos às costas
Sem segredos, melhor que nós
ninguém por entre a fresta da porta
da noite apalpa este enigma:
prestar contas ao silêncio dos olhos
e conter a náusea por um instante
ultrapassando o passado hóspede da masmorra
da presente folia ardente transeunte.
Do livro “O agora e o depois das coisas” (1990-1992), publicado em 1997 – edição da AEMO
Cara Mariazita
ResponderEliminarNa verdade a lingua portuguesa tem muitas cores, muitas paisagens!
E, infelizmente, muitos dos filhos dessas variadas latitudes acabam por ser completamente desconhecidos para a maioria do universo da nossa lingua.
Gostei muito de conhecer Guita Jr. e os seus poemas.
Obrigado.
Bjs
Com Senso
ResponderEliminarConcordo em absoluto - há muitos autores pouco conhecidos, outros completamente ignorados, e cujas obras mereciam ser difundidas.
E porque no meu coração continua esse mundo chamado África, decidi contribuir um pouco para dar a conhecer os poetas africanos.
Houve um intervalo bastante grande entre o primeiro e este de hoje. Motivo? Falta de oportunidade, talvez...
De agora em diante vou recordá-los um pouco mais.
Um beijo amigo
Mariazita
Nem o poeta, nem a obra conhecia.
ResponderEliminarGostei imenso do 1º poema.
Xistosa
ResponderEliminarOs poetas africanos são pouco conhecidos entre nós. E é pena porque há alguns com bastante valor.
Tentarei, dentro do possível, ir apresentando alguns.
Gosto dos dois poemas, mas também prefiro o primeiro.
Um abraço
Mariazita
Minha Amiga
ResponderEliminarMuito precioso o escrito.
Gostei de saber sobre o poeta africano, queu nossa língua é falada em algumas colônias portuguesas na África, aliás rcebi um convite há pouco para lecionar Português lá.
Isto é para jovens aventureiros e dscompromissados com família, mas que tenham compromisso com a educação Será sem sombra de dúvida uma experiência fantástica para aqueles que têm grande ideal dentro de si.
Bjs
Vilma
Minha Amiga
ResponderEliminarMuito precioso o escrito.
Gostei de saber sobre o poeta africano, que nossa língua é falada em algumas colônias portuguesas na África, aliás rcebi um convite há pouco para lecionar Português lá.
Isto é para jovens aventureiros e dscompromissados com família, mas que tenham compromisso com a educação Será sem sombra de dúvida uma experiência fantástica para aqueles que têm grande ideal dentro de si.
Bjs
Vilma
Ola Mariazita!
ResponderEliminarQueria agradecer ter colocado no seu blogue dois poemas meus.De facto, divulgar é o mais importante. Bjs e até Fevereiro!!!
Guita Jr.
Querida Mariazita
ResponderEliminarObrigada por me dar a conhecer este poeta africano de Língua Portuguesa.
Gostei muito de ler os seus escritos, que achei eivados de mágoa.
Um beijinho
Beatriz