sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

FELIZ ANO 2023

 


FELIZ ANO 2023

Eis que se aproximam, a passos rápidos, as doze badaladas da meia-noite do dia 31 de Dezembro de 2022.

No ano que vai nascer unamos as mãos e os corações para pedir, acima de tudo, PAZ. Os tempos que temos vivido têm sido tão conturbados que nos levam a desejá-la mais do que tudo.

“Paz na Terra aos Homens de boa vontade” – Vamos todos orar para que a “boa vontade” surja sem demora nos homens que detêm o poder de modificar o mundo.

Feliz Ano Novo, Feliz 2023!


terça-feira, 20 de dezembro de 2022

É NATAL

 É NATAL

Os problemas particulares relacionados com a minha mudança de casa estão, por agora, em “standby”, devendo manter-se neste estado por mais uns 6 meses, mais ou menos.

E como “um mal nunca vem só” – como diz o povo 😊 – adoeci ,há cerca de três semanas, com alguma gravidade – uma das minhas crónicas infecções pulmonares que, de tão “brava” me levou a partir uma costela, tal a intensidade e violência da tosse. Mas, enfim, o pior já passou, e com mais alguns dias (ou semanas?) estarei completamente recuperada.

Apesar de tudo não poderia deixar passar esta época natalícia sem vir dar-vos um abraço e desejar um santo e muito feliz Natal. E, se não nos “virmos” antes, que o Ano Novo nos traga Paz, acima de tudo e, se possível, alguma prosperidade.

Deixo-vos um conto que escrevi há uns anos, esperando que vos agrade.

O PINHEIRO

- Com tantos anos de vida ainda não consegui perceber porque me apelidaram de “manso”, Pinheiro Manso – murmurou o frondoso Pinheiro, voltando as verdes e finas agulhas na direcção de uma raquítica árvore que se encontrava a pequena distância.

- Ora, porquê! – respondeu a enfezada. Já tivemos esta conversa tantas vezes! Está muito bom de ver. Deram-te esse nome porque não tens a braveza dos teus primos, esses altivos pinheiros-bravos, que não se dão com os baixotes, só querem viver nas alturas…

- Acho essa explicação demasiado simplista…

- Sabes qual é o teu problema? – continuou a enfezadita – é quereres sempre saber a razão de tudo. As coisas são porque são, e pronto. Põe os olhos em mim: és capaz de me dizer porque é que eu sou assim tão raquítica? Não és, pois não? Eu também não sei, e vê lá se me preocupo…

- Xiu! – advertiu o Pinheiro. Aproximam-se pessoas. A conversa tem de ficar para mais logo. Agora cala-te, que eu faço o mesmo.

E ficaram em silêncio.

Um grupo de jovens caminhava alegremente em direcção ao Pinheiro.

Um deles, o mais alto, loiro e de olhos da cor do céu, aparentando ser o líder, abriu os braços ao alto e exclamou:

- Eu não vos dizia? Este Pinheiro não é um espectáculo?

- Sim – responderam em uníssono os outros jovens. Tu és o maior!

- Claro que sou. Por isso sou o chefe. E é como chefe que vos digo:

- Abram os braços, respirem fundo este ar puro, aspirem este delicioso cheiro a pinheiro…

E falando assim ele próprio executava os movimentos que convidava os companheiros a fazerem.

Por breves momentos só se ouvia o seu respirar profundo. Mas logo de seguida recomeçou a algazarra, rindo e falando muito alto, como se todos fossem surdos.

Um dos rapazes tinha levado um “Tablet” e em breve o silêncio da mata se encheu com os sons, em tom altíssimo, de uma canção em voga. A maior parte deles acompanhou a música em altos berros. Até os insectos fugiam espavoridos.

Pouco depois o líder disse:

- E se tratássemos das barriguinhas? a minha já está a roncar…

- Excelente ideia! – responderam em coro.

E todos, rapazes e raparigas, abriram as mochilas e retiraram de lá comida, copos de plástico, garrafas de refrigerantes e até uma toalha de papel, que estenderam cuidadosamente no chão e nela colocaram o lanche.

Sentaram-se todos em círculo debaixo da copa densa, arredondada, em forma de guarda-sol, do Pinheiro, e iniciaram o lanche alegremente.

Eram já cinco horas da tarde, tinham feito uma grande caminhada para lá chegar, e o almoço há muito tempo tinha sido digerido. Todos comeram com grande apetite.

Como estava muito calor e a sede era bastante, rapidamente esvaziaram as garrafas dos refrigerantes.

Saciados o apetite e a sede, colocaram junto ao tronco do Pinheiro as garrafas vazias, copos, guardanapos… e até restos de sandes mordiscadas. Estenderam-se no chão, à sombra. Uns conversando outros dormitando nem deram pelo tempo passar, de tal modo se sentiam satisfeitos.

O sol começava a esconder-se quando o líder exclamou:

- Ei, malta! Temos de nos pôr a milhas! Não se esqueçam de que nos espera uma boa caminhada. Já vamos chegar a casa de noite…

Puseram-se todos de pé e, sem mais demoras, iniciaram a descida. Ninguém se lembrou de recolher o lixo que tinham colocado junto ao Pinheiro.

Ouviu-se um profundo suspiro. O Pinheiro murmurou, tristemente:

- Já viste, vizinha? Respiraram o nosso ar puro, sorveram o nosso belo aroma, aproveitaram a minha sombra, nem sequer respeitaram a paz e o silêncio de todos estes seres que aqui vivem e, como agradecimento, foram-se todos embora deixando para trás o lixo que trouxeram com eles…

- Já devias estar habituado, Pinheiro. É sempre assim…

 Algum tempo depois podiam ver-se numerosas gotas transparentes pendendo das agora escuras agulhas.


- Orvalho – dizia quem passava.

Não, não era orvalho, eram lágrimas de tristeza.

Lágrimas, sim, que as árvores também têm sentimentos.

 

Um grupo de crianças que passava saltitando alegremente, parou de repente olhando atentamente para o Pinheiro.

- Olhem, olhem, o Pinheiro está a chorar! Com certeza não vai receber prendas de Natal, e por isso está triste.

A mais velhinha teve uma ideia:

- Vamos levar-lhe estas bolinhas e fitas. Talvez ele fique contente!

Correram para o Pinheiro e enfeitaram-no com tudo o que levavam para as suas festas.

O tecido das fitas coloridas absorveu a humidade das carumas e o pinheiro deixou de chorar.

E os olhos inocentes das crianças viram o brilho de reconhecimento e gratidão nos olhos do Pinheiro.

Todas as crianças convidaram os pais para irem ver o Pinheiro que, de tão feliz, irradiava uma luz especial que iluminava a noite escura.

Os pais olhavam, encantados e ao mesmo tempo surpresos por nunca terem notado a presença daquela magnífica árvore.

O amor das crianças operara o milagre.

E assim o Pinheiro triste  transformou-se na Árvore de Natal da aldeia.

Maria Caiano Azevedo