Ao mesmo tempo, sob o pseudónimo de Paul d’Angelo, trabalhou como comediante.
Viveu algum tempo em Hollywood, onde actuou em diversos clubes, com reconhecidos comediantes como Jay Leno, Ray Romano, Howie Mandel, entre outros.
É considerado “um grande talento” entre actores de comédia, e todos os seus shows são sempre excelentes, provocando fortes gargalhadas entre a assistência.
O jornal “Los Angeles Time” apelidou-o de “o actor mais cómico que já se viu e ouviu”.
É autor da “Carta de Caminha” onde é satirizada “A carta, de Pêro Vaz de Caminha”.
Pêro Vaz de Caminha começa assim:
Senhor,
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!
Veja, agora, como Paul d’Angelo a (re)escreveu:
Olá meu amado Rei, aqui quem fala é o Pêro Vaz. Está me ouvindo bem? Peguei emprestado o celular de um nativo aqui da nova terra. Tudo bem, o Capitão Pedro está lhe mandando um abraço. Chegamos na terça, 21 de Abril, mas deixei para ligar no Domingo porque a ligação é mais barata. É aqui tem dessas coisas.
E continua:
Os nativos ficaram espantados com a nossa chegada por mar, não achavam que éramos Deuses, Majestade. Acharam que éramos loucos de pisar em um mar tão sujo. A ligação está boa? Pois é, essa terra é engraçada. Tem telefonia celular digital, automóveis importados, acesso gratuito à Internet mas ainda tem gente que morre de malária e está cheia de criança barriguda de tanto verme. É meio complicado explicar.
Se já encontrámos o chefe?
Olha Rei, tá meio complicado. Aqui tem muito cacique para pouco índio. Logo que chegamos a Porto Seguro tinha um cacique lá que dizia que fazia chover, que mandava prender e soltar quem ele quisesse. É, um cacique bravo mesmo... Mais para o Sul encontramos outra tribo, uma aldeia maravilhosa e muito festiva, com lindas nativas quase nuas. Seguindo em direcção ao Sul, saímos do litoral e adentramos-nos ao planalto.
Lá encontramos uma tribo muito grande. A dos índios Sampa. Conhecemos o seu cacique, que tinha apito mas que não apitava nada, coitado. Dizem até que ele apanha da mulher. O senhor está rindo, Majestade? Juro que é verdadeiro o meu relato. Como vossa Majestade pode perceber, é uma terra fácil de se colonizar, pois os nativos não falam a mesma língua.
Sim, são pacíficos sim. É só verem um coco no chão para eles começarem a chutá-lo e esquecerem da vida. Sabem, sabem ler, mas não todos. A maioria lê muito mal e acredita em tudo que é escrito. Vai ser moleza, fica frio. Parece que há um "Cacicão Geral", mas ele quase não é visto. O homem viaja muito. Dizem que se a intenção for evitar encontrá-lo, é só
ficar sentado no trono dele.
Engraçado mesmo é que a "indiaiada" trabalha a troco de banana. É banana!!! Todo mês eles recebem no mínimo 151 bananas. Não é piada, Majestade!! É sério!! Só vindo aqui p’ra ver. Olha, preciso desligar. O rapaz que me emprestou o telefone celular precisa fazer uma ligação. Ele é comerciante. Disse que precisa avisar ao povo que chegou um novo carregamento de farinha. Engraçado... eles ficam tão contentes em trabalhar... A cada mercadoria que chega, eles sobem o morro e soltam rojões.
É uma terra muito rica, Majestade. Acho que desta vez acertamos em cheio. Isso aqui ainda vai ser o país do futuro...
Autor: Paul D'Angelo, publicitário, reescreveu a Carta de Caminha e ganhou o concurso "Crónica do Ouvinte" promovido pela Rádio Bandeirantes.