Aproxima-se
o dia em que, em Portugal, se comemora o dia dedicado à Mãe – o primeiro
Domingo de Maio – DIA DA MÃE
É a
todas as Mães - as que o são, as que o virão a ser e as que o foram… em
Portugal e em todo o Mundo, que dedico este texto a que dei o nome de “Chamada
para a vida”
CHAMADA
PARA A VIDA
Depois
de termos estado uns anos sem nos vermos, quando a minha amiga Márcia se
aproximou, verifiquei, com prazer, que conservava aquele corpo escultural que
sempre lhe conhecera.
Apesar
de rondar os quarenta anos, o seu andar elegante no sapato de sato alto e no caro
tailleur de executiva, atraía os olhares de quem com ela se cruzava.
Abraçamo-nos
efusivamente, mitigando as saudades acumuladas ao longo de tanto tempo, e que
os frequentes telefonemas não conseguiam atenuar.
Impaciente,
logo que nos instalámos no restaurante onde iríamos almoçar, perguntei-lhe:
- Afinal que assunto é esse,
assim tão urgente, que não podia ser adiado nem um minuto e nem tratado por
telefone? – perguntei, com um sorriso.
Márcia
assume um ar sério, compenetrado, e responde:
- Sabes? Já há um certo tempo
eu e o José temos vindo a falar sobre a questão de formar uma família. A
verdade é que nunca pensámos nisso muito a sério. Mas nos últimos dias… a ideia
não me tem saído da cabeça. E, na qualidade de minha maior amiga, e com a tua
experiência de mãe, gostava que me desses a tua opinião…
Imediatamente
penso: o seu relógio biológico começou a contagem decrescente, e ela encara,
pela primeira vez com seriedade, a perspectiva de ser mãe.
Márcia
continua:
- O que é que tu achas? Ultimamente,
eu e o José falamos muitas vezes sobre o assunto, mas estamos indecisos…Por
isso pensei em falar contigo, trocar umas ideias, como sempre fazemos quando
temos dúvidas. Achas que eu devia ter um bebé?
Com
todo o cuidado, sem querer denunciar o que realmente penso, respondo-lhe:
- Bem… isso vai alterar completamente a tua vida…
- Sim, eu sei. Aquelas
saborosas manhãs de sábado e domingo na cama, os fins-de-semana fora, sempre
que nos apetece… tudo isso se acaba.
Mas não é bem isso que me preocupa –
penso para mim mesma.
Gostaria
de lhe dizer que as marcas físicas, próprias da gravidez, passam com o tempo,
mas o acto de ser mãe deixa uma marca emocional tão grande, tão viva, que a tornará
totalmente vulnerável.
Olho
para as suas unhas bem tratadas e o fato elegante, e penso que, na qualidade de
sua melhor amiga, tenho o dever de a alertar para certos factos. E penso:
- Não há elegância que resista a teres que
mudar uma fralda. Se for apenas de chichi, até se suporta. Mas… se estiver
suja? Vais ter uma certa dificuldade em te adaptar…
Contudo… - continuo a
pensar – a sensação de tocar aquela pele
tão suave, acariciar aquele corpinho morno e macio, beijar aqueles pés
pequeninos, de dedinhos minúsculos…
O
meu pensamento continua a divagar:
- Nunca mais poderás ler uma má notícia no
jornal, sem pensares, angustiada: “E se fosse o meu filho?”.
- Todo o tipo de acidentes, incêndios,
naufrágios, irão fazer o teu coração apertar-se de ansiedade e pensar: haverá
algo pior do que ver um filho morrer?
Porém… em contrapartida… haverá alguma coisa que se possa comparar
à alegria de vê-lo chegar a casa são e salvo, depois da ansiedade da espera?
Não, não existe maior felicidade do que esta!
E
penso ainda:
- Sempre que houver uma nota de urgência no
apelo - Mamã! - largarás, sem pensar um segundo, a melhor peça de cristal que
tenhas entre mãos.
- A tua carreira, na qual investiste os melhores
anos da tua vida, será relegada para segundo plano – a maternidade assim o
exige.
- Poderás até conseguir uma boa ama para o
bebé, na qual confias cegamente; mas muitas serão as vezes em que terás que
recorrer a toda a tua auto disciplina para não «dar um pulinho a casa» apenas
para te certificares de que tudo está bem com o teu filho. E não raras vezes te
questionarás se, afinal, o alto cargo que desempenhas na empresa será, mesmo,
mais importante do que o teu papel de mãe.
São
estes os pensamentos que me ocorrem enquanto observo a minha amiga, tão
atraente.
Devo
também dizer-lhe:
- Ainda que percas o peso acumulado durante a
gravidez nunca mais te sentirás a mesma.
- A tua vida, tão importante para ti neste
momento, terá muito menos valor quando houver um filho. Ele passará a ocupar o
PRIMEIRO lugar.
- A relação com o teu marido também sofrerá
alterações. É imprescindível que compreendas que se pode amar ainda mais
um homem que está sempre pronto para mudar uma fralda, e que nunca hesita
quando o filho reclama a sua atenção…
Para
tudo isto e muito mais devo alertar a minha amiga. Mas… tenho também que lhe
falar na alegria da mãe ao ver:
- O riso descontrolado do bebé ao tocar no
pêlo de um cão pela primeira vez;
- Ao ver o bebé aprender a dar os primeiros
passos;
- A observar o filho a aprender a jogar à
bola…
Absorta
nos meus pensamentos só o olhar irónico da minha amiga me faz perceber que
tenho os olhos rasos de água.
- É a melhor decisão da tua vida. Nunca te arrependerás! – digo-lhe, com a voz embargada. E não
acrescento mais nada.
Depois
seguro-lhe na mão e, juntas, erguemos uma prece por ela e por todas as mulheres
que respondem ou algum dia responderam à «Chamada para a vida».
PS - ESCLARECIMENTO, PARA QUE NÃO SURJAM CONFUSÕES:
ESTE TEXTO É FICCIONADO, FRUTO DA IMAGINAÇÃO DA AUTORA DO BLOG - MARIAZITA
ESTE TEXTO É FICCIONADO, FRUTO DA IMAGINAÇÃO DA AUTORA DO BLOG - MARIAZITA