Ontem os professores foram de novo para a rua. O número de pessoas a manifestar-se não foi significativo, se comparado com a última manifestação, que envolveu cerca de 100 mil.
Serviu, no entanto, para chamar a atenção do público em geral para o facto de os seus problemas continuarem sem solução.
Os próprios sindicatos reconhecem que o Acordo assinada entre eles e o ministério foi apenas uma pequenina gota de água no oceano.
Os menos atentos ou “menos bem” informados poderão pensar que o que está em causa é apenas a questão da Avaliação.
Após a “grande manifestação” ouvi várias opiniões de que a mesma se deveria ter realizado quando saiu o novo Estatuto da Carreira Docente.
E aí é que está, de facto, a razão das verdadeiras reivindicações.
Mas por agora vamos deixar de parte estes considerandos, e limitar-nos a apreciar o que, a respeito da Avaliação, pensa alguém que quis manter o anonimato.
Recebi por email, com pedido de publicação.
Segundo notícias que ontem mesmo ouvi na TV, esperam-se novas acções dos profissionais da Educação. Convém analisar o assunto sob todas as vertentes.
Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não tenham pensado aplicá-lo também a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc.).
Se é suposto compreenderem o que está em causa e as outras virtualidades deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão: os médicos.
A carreira seria dividida em duas: médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia aspirar) e médico.
A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços. Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.
O médico teria de estabelecer, anualmente, os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc. A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética.
Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos “especialistas” na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim.
A questão é saber se consideram aceitável o modelo.
Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões?
Sem autoria atribuída
Veja, a seguir, a opinião de Fernanda Velez
E porque é Domingo, terminemos com uma bela canção
Serviu, no entanto, para chamar a atenção do público em geral para o facto de os seus problemas continuarem sem solução.
Os próprios sindicatos reconhecem que o Acordo assinada entre eles e o ministério foi apenas uma pequenina gota de água no oceano.
Os menos atentos ou “menos bem” informados poderão pensar que o que está em causa é apenas a questão da Avaliação.
Após a “grande manifestação” ouvi várias opiniões de que a mesma se deveria ter realizado quando saiu o novo Estatuto da Carreira Docente.
E aí é que está, de facto, a razão das verdadeiras reivindicações.
Mas por agora vamos deixar de parte estes considerandos, e limitar-nos a apreciar o que, a respeito da Avaliação, pensa alguém que quis manter o anonimato.
Recebi por email, com pedido de publicação.
GENERALIZAR A AVALIAÇÃO
Segundo notícias que ontem mesmo ouvi na TV, esperam-se novas acções dos profissionais da Educação. Convém analisar o assunto sob todas as vertentes.
Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não tenham pensado aplicá-lo também a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc.).
Se é suposto compreenderem o que está em causa e as outras virtualidades deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão: os médicos.
A carreira seria dividida em duas: médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia aspirar) e médico.
A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços. Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.
O médico teria de estabelecer, anualmente, os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc. A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética.
Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos “especialistas” na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim.
A questão é saber se consideram aceitável o modelo.
Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões?
Sem autoria atribuída
Veja, a seguir, a opinião de Fernanda Velez
E porque é Domingo, terminemos com uma bela canção
Cara Mariazita
ResponderEliminarAchei o texto apresentado magnífico.
No inicio da minha vida profissional estive inscrito no ministério para dar aulas. Acabou por não acontecer, com grande pena minha, pois considero que os pedagogos têm a mais nobre das funções da nossa sociedade.
A vida levou-me para outras actividades e por isso, estou como a maioria dos portugueses, um pouco confuso com as questões concretas relativas aos problemas em causa.
O seu post veio ajudar a aclarar as minhas ideias sobre o assunto e infelizmente vou ficando cada vez mais pessimista, pois a somar-se a uma política de conteúdos mediocre e insuficiente, de facilitismo despudorado, de estatuto disciplinar antipedagógico e anti-formativo, veio agora juntar-se um conjunto de acções desmotivadoras dirigidas a quem tem que estar na frente de "combate": os professores.
Bem-haja pelo seu texto.
Obrigado.
A mais essencial das profissões. No entanto, nem sempre devidamente valorizada, tanto pela população em geral, e, especialmente pelas autoridades da educação.
ResponderEliminarLonga vida aos professores!
Um beijo!
P.S.: Obrigado pela visita e as palavras gentis deixadas lá no condado.
Caro Com Senso
ResponderEliminarNão sou professora, mas estou intimamente ligada à classe por laços familiares (alguns) e de amizade (muitos).
Estou bem identificada com os problemas existentes neste meio, e possuo vasta documentação, inclusive o Estatuto da Carreira Docente, propostas de alteração, contra propostas...etc.
Tenho dedicado alguns posts neste blog ao tema Educação, às vezes com algum receio de "estar a abusar"...Mas o que fazer, se os problemas persistem e nada aponta no sentido de soluções???
Continuar a lutar, cada um com os meios de que dispõe.
Obrigada pelas suas generosas palavras.
Beijos
Mariazita
Caro Oliver
ResponderEliminar"Longa vida" e sobretudo longa paciência!...-:)))
Quem detém o poder para solucionar esta crise que se arrasta por tempo indeterminado já deixou de estudar há muito tempo. E, pelos vistos, esquece-se que aos professores deve, em grande parte, estar no lugar que ocupa.
Os pais dos alunos também não se lembram que os professores contribuem para o que os seus filhos serão no futuro.
Têm todos a memória muito curta!
Obrigda por ter vindo.
Beijos
Mariazita
Oi Mariazita, tudo bem? Sou sim filha da Teresa. Estou morando aqui em Barcelona. Obrigada pelo seu post. Começarei a ler seu blog. beijo
ResponderEliminarMari
Oi, Mari
ResponderEliminarGostei de vê-la aqui no país vizinho daquele em que se encontra.
Estive em Barcelona há relativamente pouco tempo.
É uma cidade maravilhosa, por isso renovo o conselho que lhe dei: aproveite TUDO!
Certamente sabe, mas ainda assim vou lhe dizer. A cerca de 100 quilómetros tem um sítio que vale a pena visitar. É Monserrat. É um mosteiro, no meio de rochas, com uma paisagem deslumbrante. Vale a pena visitar.
Beijos
Mariazita
Querida Mariazita
ResponderEliminarEmbora tenham passado 12 anos, gostei muito de ler o seu texto e apreciei imenso o que apresentou de autor anónimo. É pena que, de facto, tais medidas não tenham sido implementadas a todos os profissionais em geral. Muita pena mesmo, até porque, cada vez mais nos damos conta de que a Medicina se transformou num comércio, o que é profundamente lamentável! Felizmente para nós que, ainda há excelentes profissionais, preocupados com o ser humano, o paciente que lhes aparece: e são muitos!
Quanto à entrevista dada por Fernanda Velez,concordo em absoluto com tudo o que disse e só lastimo pelo tempo em que aquela Ministra esteve como titular de uma pasta tão exigente. Subscrevo todas as palavras de Fernanda Velez.
Sem entender o motivo, não consegui ouvir a canção que nos reservava, no final, mas imagino que seria uma espécie de bálsamo para as nossas almas. O meu computador tem destas performances!!!
Obrigada, amiga, pelos assuntos tão assertivos que coloca no seu blog.
Quero, finalmente, agradecer a visita que fez à minha «Vida» e Pensamentos.
Bom fim de semana, com muitos cuidados.
Muita saúde.
Um beijinho
Beatriz