quarta-feira, 6 de junho de 2018

"IN MEMORIAM"

Esta postagem constitui uma espécie de “memorial” em homenagem a quem partiu, faz hoje, DIA 6 DE JUNHO, seis anos, mas permanece vivo na minha memória e no meu coração – o meu Marido.


ENCONTRO MEDIÚNICO

Despidos de roupas e preconceitos, frente a frente, olhamo-nos em silêncio.
Vejo nos teus olhos, envolto numa enorme ternura, um desejo sem fim.
Lentamente dirijo-me para ti.
Colocando-me a teu lado, pressiono o meu corpo, seios e ventre, contra o teu lado esquerdo.
Não te moves. Apenas um ligeiro arrepio denuncia que notaste a minha presença, o meu contacto.
Avanço a mão esquerda em direcção ao teu peito. Suavemente acaricio-te, primeiro do lado esquerdo e de seguida do lado direito, lenta e demoradamente, como quem tem todo o tempo do mundo.
Ao mesmo tempo a minha mão direita, colocada na parte de trás do teu pescoço, faz uma ligeira pressão desde a base dos teus cabelos, deslizando pelas costas, ao longo da coluna.
Com as pontas dos dedos contorno, suavemente, cada uma das tuas vértebras.
Sem pressas, as minhas mãos vão descendo, divagando, ao longo do teu corpo.
Alcançado o baixo-ventre dirigem-se, lentamente, para a parte interna da tua coxa esquerda, desviando-se da tua fonte da vida, que tocam, muito ao de leve, com a sua parte exterior. Um frémito percorre todo o teu corpo.
Docemente coloco-me à tua frente, elevando as minhas mãos até aos teus quadris. Uno o meu corpo ao teu e deslizo para o lado direito.
Os meus movimentos são lentos, suaves, quase diáfanos, como se nos encontrássemos em "slow motion".

Não me deixas prosseguir.
Levantas o braço, passa-lo por cima do meu ombro, bem junto ao meu pescoço, e comprimes o meu corpo contra o teu flanco.
Inclinas-te para o meu lado e, profundamente conhecedor, beijas-me o pescoço.
Sinto o desejo irromper dentro de ti como um vulcão subitamente desperto do seu sono.
A lava incandescente do teu corpo invade-me; no meu ventre surgem labaredas, qual sarça-ardente.
Murmuro-te ao ouvido palavras meigas e sensuais:
- Não resistas, meu amor; deixa-te invadir por estas ondas de fogo que ateiam o nosso desejo.
Procurando, como só eu sei, os teus pontos mais sensíveis, levanto a minha mão direita e acaricio a tua orelha, continuando a murmurar palavras inflamadas, que te provocam arrepios:
- Quero fundir o meu corpo no teu, em comunhão total.
- Quero ser tua, para toda a eternidade…
Correspondes com ansiedade redobrada:
- Quero receber o teu corpo como num altar do Amor.
- Quero que os nossos corpos se unam para sempre.
Prosseguimos com frases que só os amantes conhecem e entendem.

Passou-se um minuto, um ano, um século… O tempo não conta. Pararam todos os relógios do Universo.
Agora sabemos que a dança da sedução está prestes a terminar. Lentamente, caminhamos para um final sem retorno.

Abraçamos o céu com as mãos. Somos únicos à face da Terra.
No clímax que nos atinge, inesperadamente violento, miríades de fogos-fátuos enfeitam os nossos corpos.


Exaustos, olhamo-nos ainda: tu, lá tão longe… eu aqui, tão longe! Separa-nos a distância de um profundo céu negro, polvilhado de estrelas brilhantes.
Ao meu lado, a cama vazia. No ar, o perfume da tua presença.

A morte não é um impedimento intransponível para a comunicação entre aqueles que se amam verdadeiramente.
Texto de Mariazita

sexta-feira, 1 de junho de 2018

NA NOITE ESCURA

NA NOITE ESCURA




NA NOITE ESCURA

Noite escura, hora misteriosa,
No tempo impreciso,
Entre este mundo e o dos espíritos,
Desvanece-se o véu,
E chega, por fim,
O visitante tão esperado.

Entra sem ruído,
E assim permanece,
Calado, em adoração.
E no meio do silêncio ensurdecedor
Ouço a sua voz murmurar baixinho:
Amo-te!

Fito-o, em silêncio,
Como se o visse pela primeira vez.
De súbito,
Numa atracção descontrolada,
Abraçamo-nos,
Como se fosse a última vez.
Sem uma só palavra,
Olhamo-nos, em êxtase,
Temendo que não haja uma próxima vez.

Depois da sua partida
O ar continua
Imbuído da sua presença.
Por companhia tenho apenas o luar.
Acordo, deixo de ouvir o silêncio,
E a sua voz esvai-se na distância,
Lembrando o choro repentino da saudade,
Que em meu peito fez lugar.

Mariazita
Maio, 2018

PRÓXIMA POSTAGEM DE HOMENAGEM - DIA 6/6