O Dia do Trabalhador assinala e comemora as lutas dos trabalhadores por melhores condições laborais.
Nenhum texto a esse respeito refere as lutas das trabalhadoras (para isso existe o Dia Internacional da Mulher), mas todos sabemos que as mulheres sempre estiveram ao lado dos homens, apoiando as suas lutas, ajudando-os a vencer.
Sabemos também que muitos homens deram o seu apoio às mulheres quando elas reivindicaram os seus direitos.
Veja como algumas mulheres encaram agora o resultado desses direitos adquiridos.
Desabafo de uma mulher moderna – Crónica
São 6Hs. O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede.
Estou tão cansada! Não queria ter que trabalhar hoje.
Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até.
Se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas.
Aquário? Olhando os peixinhos nadarem.
Espaço? Fazendo alongamento.
Leite condensado? Brigadeiro…
Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro para funcionar.
Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz ideia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela.
Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós! Elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas, dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, frequentando saraus...a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
Aí, vem uma fulaninha qualquer, que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contamina as várias outras rebeldes inconsequentes com ideias mirabolantes sobre “vamos conquistar o nosso espaço”.
Que espaço, minha filha???!!! Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo a seus pés.
Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos…que raio de direitos requerer?
Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como diabo da cruz.
Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda.
Antigamente, os casamentos duravam para sempre; tripla jornada era coisa do Bernard de vòlei – e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard do vólei.
Por quê, me digam por quê, um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo?
Olha o tamanho dos bíceps deles, e olha o tamanho dos nossos.
Tava na cara que não ia dar certo!!!
Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos, acessórios a usar, que perfume combina com meu humor, nem ter que sair correndo.
Ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia inteiro na frente do computdor, resolvendo problemas.
Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, pós-doutorados e especializações (ufffffff !!!!!!!!!!!!!)…
Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles, lavar, passar a ferro, cozinhar e cuidar dos filhos da mesma forma. E ainda temos que dividir as despesas da casa.
Não era melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?
Chega! Eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela (ai, meu Deus, já são 6,30h, tenho que levantar!), e tem mais, que chegue do trabalho, sente no meu sofá, e diga “meu bem, me traz uma dose de café, por favor?”.
Descobri que nasci para servir. Vocês pensam que eu tô ironizando???
Tô falando sério!!!
Estou abdicando do meu posto de mulher moderna…
Alguém se habilita?
Autora desconhecida
Nenhum texto a esse respeito refere as lutas das trabalhadoras (para isso existe o Dia Internacional da Mulher), mas todos sabemos que as mulheres sempre estiveram ao lado dos homens, apoiando as suas lutas, ajudando-os a vencer.
Sabemos também que muitos homens deram o seu apoio às mulheres quando elas reivindicaram os seus direitos.
Veja como algumas mulheres encaram agora o resultado desses direitos adquiridos.
Desabafo de uma mulher moderna – Crónica
São 6Hs. O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede.
Estou tão cansada! Não queria ter que trabalhar hoje.
Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até.
Se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas.
Aquário? Olhando os peixinhos nadarem.
Espaço? Fazendo alongamento.
Leite condensado? Brigadeiro…
Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro para funcionar.
Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz ideia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela.
Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós! Elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas, dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, frequentando saraus...a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
Aí, vem uma fulaninha qualquer, que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contamina as várias outras rebeldes inconsequentes com ideias mirabolantes sobre “vamos conquistar o nosso espaço”.
Que espaço, minha filha???!!! Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo a seus pés.
Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos…que raio de direitos requerer?
Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como diabo da cruz.
Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda.
Antigamente, os casamentos duravam para sempre; tripla jornada era coisa do Bernard de vòlei – e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard do vólei.
Por quê, me digam por quê, um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo?
Olha o tamanho dos bíceps deles, e olha o tamanho dos nossos.
Tava na cara que não ia dar certo!!!
Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos, acessórios a usar, que perfume combina com meu humor, nem ter que sair correndo.
Ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia inteiro na frente do computdor, resolvendo problemas.
Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, pós-doutorados e especializações (ufffffff !!!!!!!!!!!!!)…
Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles, lavar, passar a ferro, cozinhar e cuidar dos filhos da mesma forma. E ainda temos que dividir as despesas da casa.
Não era melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?
Chega! Eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela (ai, meu Deus, já são 6,30h, tenho que levantar!), e tem mais, que chegue do trabalho, sente no meu sofá, e diga “meu bem, me traz uma dose de café, por favor?”.
Descobri que nasci para servir. Vocês pensam que eu tô ironizando???
Tô falando sério!!!
Estou abdicando do meu posto de mulher moderna…
Alguém se habilita?
Autora desconhecida
Em Portugal temos uma Trabalhadora que foi exemplo de coragem e de luta pelos seu direitos, a grande Catarina Eufémia ,que caiu atingida por uma bala da GNR.
ResponderEliminarVeja neste sítio ... http://ogintonico.weblog.com.pt/arquivo/2004/05/catarina_eufemi.html.
«Catarina Eufémia Baleizão, mãe de 3 filhos, analfabeta como a maioria das mulheres trabalhadoras de então, assalariada rural do alentejo latifundiário de trabalho sanzonal, é assassinada a tiro a 19 de Maio de 1954 na aldeia de Baleizão, na sequência de uma greve dos trabalhadores agrícolas que, de entre outras reivindicações, exigiam um aumento da "jorna" das mulheres na campanha da ceifa. Catarina Eufémia tinha 29 anos, transportava ao colo o seu filho de oito meses e, diz-se, estava grávida.
Logo em Maio de 1974, um dos médicos autopsiantes à data da sua morte, Henriques Fernandes, revelou que Catarina não estava grávida e que Catarina tinha sido abatida à queima-roupa pelas costas (diz-se que quando estava caída no chão com o seu filho).
Mais oito mulheres e três homens foram presos neste processo e levados a julgamento, acusados de terem perturbado o trabalho de outros trabalhadores e de desobediência à GNR. Quatro foram absolvidos, os restantes levaram pena suspensa, mas todos eles ficaram de prisão preventiva até à realização do julgamento duas semanas depois.
Discutir se Catarina Eufémia era uma camponesa pobre, analfabeta e sem consciência política e social, ou se era militante de qualquer dos partidos que insistem em a reivindicar, é um verdadeiro absurdo.
Catarina simboliza não só a heroicidade de um povo que luta contra as difíceis condições de vida debaixo de uma ditadura fascita, mas também é o rosto simbólico da participação activa das mulheres nesta luta.
Como qualquer figura simbólica com trajectória semelhante, a (re)construção da sua imagem é retocada e fabulizada, mas tentar denegri-la ou menosprezar o seu valor simbólico é, no mínimo, um insulto a todos os que lutaram contra o fascismo.
Catarina Eufémia ficará, para os que de nós sabem o que é viver dob uma ditadura fascista, e em particular para as mulheres, como um símbolo da revolta de um povo contra essa opressão. Como um símbolo de cidadania, de luta pela liberdade ...»
As mulheres não sabem o que querem.
ResponderEliminarSerá saudosismo ou será brincadeirinha?
Beijos
Vilma
Meu caro António
ResponderEliminarMuito triste e trágica a história de Catarina Eufémia, que conheço há muitos, muitos anos!
Foram tempos difíceis, esses.
Conheço algumas pessoas que foram vítimas do antigo regime, que chegaram a estar presas em Caxias, transitando depois para Peniche.
Uma das coisas boas do 25 de Abril foi acabar com os presos políticos.
Que haja, pelo menos, liberdade de pensamento.
Obrigada por teres vindo.
Um abraço
Mariazita
Claro que é brincadeira, minha querida!
ResponderEliminarRecebi, com pedido para publicar, sem revelar a autoria.
Mas tenho a certeza que quem escreveu estava a gozar com o facto de as mulheres, ao adquirirem determinados direitos, acabarem sobrecarregadas de trabalho.
Nenhuma mulher, em seu perfeito juízo, gostaria de voltar aos tempos de antigamente...
Beijinhos
Mariazita
Querida Mariazita
ResponderEliminarEssa Crónica está o máximo! Porém, apesar de ter de me levantar anos a fio, cedíssimo,(agora é igual) às vezes fazendo dezenas de quilómetros diários, tendo uma vida de casa paralela à profissional, eu não trocaria estes direitos adquiridos por nada deste Mundo.
Fazer tricot ou crochet, tocar piano, dançar, receber amigos e família, e ao mesmo tempo ser dona do meu próprio vencimento, etc., etc., etc., é óptimo.
Gostei imenso desse texto, que tem um humor muito peculiar. A minha amiga descobre sempre escritos maravilhosos. Bem haja.
Bom domingo.
Um beijinho
Beatriz