quinta-feira, 12 de março de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XIV

(Ficção baseada em factos reais)

Mas para isso não é necessário um curso, a própria vida o ensina…
Achas que tenho razão para me sentir vazia, ou isto é puro egoísmo?

FIM DO.EPISÓDIO XIII
EPISÓDIO XIV

Humberto envolveu-a num terno abraço, respondendo:
- Claro que não é egoísmo, Anita. Eu entendo-te muito melhor do que possas imaginar. Já atravessei um período em que me sentia exactamente assim.

Curiosamente, depois que te casaste com o meu pai e vieste viver para esta casa, esse mau estar foi desaparecendo, até deixar de existir.

Quando penso no percurso que fiz, desde o teu casamento até hoje…Agora já sorrio interiormente. Quando formos os dois bem velhinhos havemos de voltar a falar nisto. Por agora vamos apenas pensar em ti, e tentar levantar esse teu moral.

Vejamos, tu já pensaste em leccionar? Tens o curso de professora, podes dedicar-te ao ensino. Ou não gostavas?...

- Claro que gostava, e muito! Tirei exactamente o curso que queria tirar, com a finalidade de ensinar as crianças. Sabes como gosto delas. Mas essa hipótese só seria viável daqui por mais de um ano, pois já não estou a tempo de concorrer à escola, para este ano lectivo.
E como hei-de aguentar mais um ano?

- Estás a esquecer-te do colégio. Para lá não precisas concorrer. O meu pai pode dar uma ajuda, falando com a directora. Como sabes, ele tem dado para lá subsídios; certamente atendem um pedido que ele faça…

-Preferia não meter o teu pai nisto. Vou antes falar com os meus pais. A directora certamente também atenderá um pedido do meu pai.

- Sim, talvez seja uma boa ideia…

- Ai, Humberto, nem sabes o alívio que sinto! Para te dizer a verdade, eu já tinha pensado nisso, mas achei que era um disparate.
Agora, a ideia partindo de ti, já me parece muito mais razoável.
Amanhã mesmo vou falar com a minha mãe.

- Calma! Tens quase dois meses à tua frente. Para quê essa pressa toda?

- Pois tu não entendes, Humberto? Eu sinto-me leve, quase a voar!
Não quero que nada possa impedir este plano que acabamos de idealizar. Quanto mais depressa se falar com a directora do colégio, mais hipóteses tenho de ser aceite.

- Tens razão, como sempre.
Amanhã, enquanto vais falar com os teus pais, vou encontrar-me com uns amigos, e depois, se quiseres, podemos ir almoçar juntos. Que te parece?

- Parece-me uma ideia excelente! Aliás, da maneira como me sinto, tudo o que possas dizer só pode ser excelente.
E, lançando os braços à volta do pescoço de Humberto deu-lhe dois sonoros beijos.

Nessa noite Anita mal conseguiu conciliar o sono, tão grande era a sua excitação.
Levantou-se ao raiar do dia, e quando se apresentou na sala para tomar o pequeno-almoço, já estava pronta para sair de casa.

Empurrando a cadeirinha de Tiago dirigiu-se a casa dos pais. O pai já tinha saído para o escritório, por isso expôs à mãe os seus planos.
A mãe ouviu-a atentamente, e no fim, observou:

- Eu compreendo-te muito bem, minha filha. Também comigo aconteceu, algumas vezes, desejar não ser apenas mãe e dona de casa.
Mas nunca pude passar disso, não tinha habilitações para mais.
Tu tens o teu curso, podes fazer uso dele. Mas, não podes esquecer uma coisa. O Tiaguinho ainda é muito pequenino, precisa de ti.
Vais ter que esperar que ele cresça um pouco, e depois poderás, então, pensar em dar aulas.

- Não, minha mãe, não vou esperar que o Tiaguinho cresça. Ele já não é assim tão pequenino. Já fez um ano, já dá uns passinhos, já não o amamento…portanto posso dispor de algumas horas longe dele.

- E achas que ele não vai sentir a tua falta? Ele está muito agarrado a ti. Não vês que até para ficar comigo, se precisas ir a algum lado sem ele, começa sempre por fazer beicinho?

- Ele acaba por se habituar…e olhe que para mim também não vai ser fácil estar sem ele umas horas. Sei que ao princípio me vai custar, mas tem que ser! – acrescentou Anita, resolutamente.

FIM DO EPISÓDIO XIV

19 comentários:

  1. Querida amiga,
    esperemos qe o sonho de Anita se realize, mas parece-me pouco provavel, o meu sexto sentido diz-me que o marido não vai gostar da ideia.

    Beijinhos,
    Ana Martins

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  2. CARTA A ANITA


    Olá, Anita! Sou o Alberto. Até há uns tempos também eu habitava este mundo onde estoicamente te encontras. Tinha uma família, amigos, todo um cenário ideal para se viver: uma tela repleta de manchas e borrões! Tudo partilhávamos, melhor, tudo nos era permitido partilhar, em intermitências - que em dois mundos errávamos - por um tirânico, ou talvez não, narrador/criador. Era – e serei, se alguém ousar aproveitar, modéstia à parte, o meu virtuosismo – um eminente sociólogo. O meu maior amigo, também conviva do narrado narrador, era o Albino, alguém que dominava – e em aberto também se encontra o seu futuro – como poucos a Ciência Política… O nosso “criador”, como adivinhasse a já instalada mas escondida crise financeira mundial, e, portanto, prospectivando uma inevitável, porque inerente, crise económica também global, “despediu-nos”…, assim mesmo, sem mais nem menos!... Bem, também nem tanto assim. Sei que, não fácil se mostrou a tarefa de nos remeter para o éter, que mágoa lhe vi nos olhos, embora o tentasse disfarçar, que disso também dei conta. Daí que, de então a esta parte, é aqui que, em depuradíssima energia, vivemos… Erro de cálculo ou pura negligência, aquele ou esta caracterizam, não duvido, aquela terrível decisão… foi negligência, só pode! Como é possível que, sendo tão do seu saber que as duas supra mencionadas crises levam sempre a outras duas não menos nefastas, a social e a política, tenha remetido para as calendas dois técnicos de gabarito mundialmente reconhecido, ok, ainda não chegara a tal amplitude geográfica a nossa influência, mas lá chegaríamos a breve trecho, acredita, Anita!, como é possível, dizia, ter ele prescindido de duas pessoas tão idóneas, tão capazes de um contributo de substancial importância no debelar das mesmas?!... Enfim!
    Bem, mas o que me leva a dirigir-me a ti nada de familiar com as badaladas crises tem. Com outra crise me tenho ocupado estes dias. É que, donde me encontro, tudo posso ver, tudo posso ouvir. Como tal, apercebera-me eu de um ligeiro mas não inocente desaguisado entre aquele cujo nome não me apetece proferir e a tua senhoria. Não sei se o local que habitas é dotado de bons acessos, se, por exemplo, consegues aceder ao que sobre ti se escreve… Não sei! Penso, porém, que não. Se só com este pensar me contentasse, terminaria aqui a missiva, mas como ponho sempre outra ou outras hipóteses, quero mostrar-te a minha solidariedade… Pois, se soubeste da apologia ao não aproveitamento das vossas, mulheres, competências que o fulano fez em comentário a registos de alguns dos teus “agoras”, magoada te deves sentir! Como sociólogo, em Tratado posso provar que a relação que ele faz entre a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da delinquência juvenil não passa de mera especulação, fantasia mesmo. Para tanto, apenas terás que saber resgatar-me, devolver-me a materialidade. Consegues?... Se de tal proeza fores obreira, conta comigo!

    Alberto

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  3. Tomara que a Anita consiga lecionar. Mas não sei não se o marido não vai encrespar. Estou curiosa...
    Beijos, Mariazita,
    Renata

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  4. Mariazita

    Bom, com a vida mais solta, de novo a história promete. Humberto, parece desmarcar-se, talvez seja apenas, cavalheirismo, no fundo adora a madrasta.
    Mas ficam interrogações, como: o pai do Tiaguinho vai aceitar, novo viver da mulher?
    Paciencência!... Há que esperar por nvos capítulos!
    Beijinhos,
    Daniel

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  5. Olá menina querida, fico feliz quando vens à minha casinha, tomar um café brasileiro comigo.
    Eu adoro tudo o que fazes Mariazita, é tudo feito com a alma e sempre com muita classe.
    Qto à sua pergunta, também estou preocupado com a Jady, desapareceu e eu achava que era comigo mas pelo jeito foi com o mundo!!!
    Palpite: Deve estar amando. Quando amam algumas pessoas se enclausuram!!!
    Beijão do Zé Carlos

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  6. E depois querem que o ensino avance em Portugal, a quantidade de cunhas que aqui andam só para a jove poder dar aulas! ;)

    Beijocas!

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  7. Muito bem!
    É assim mesmo!
    Anita tem um Amigo, Humberto, tem o seu filho e acima de tudo tem-se a si própria e à sua força de vontade.
    Custa um bocadinho a ambos, mãe e filho, mas ambos precisam de ir "cortando amarras". Afinal chegará o dia em que o filho partirá mesmo e construirá a sua própria família e a mãe continua a viver..., não pode ficar vazia.

    Gostei muito!
    Fico à espera da continuação.

    Beijinhos
    São

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  8. Má,
    como sempre mal espero a hora de ler o próximo capítulo ...
    Amo e estou amando a história de Anita ...
    Beijos querida ...

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  9. Mariazita,

    Peguei nesta Anita "em andamento" e, sem ter ainda lido os textos anteriores, parece-me que ela está tentar dar a volta à situação.
    Seguirei daqui para a frente com toda a atenção. Prometido.

    Um beijo

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  10. E eis que o casulo, lentamente se rompe!
    Grande mulher a tomar rédeas da sua vida... como é esperado, claro!
    Que futuro a espera, que surpresas... sim, porque estou à espera de surpresas, nada na vida é exactamente como se espera e com a Anita não foi, com toda a certeza, diferente.
    Aguardemos...

    Um beijinho Mariazita

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  11. Mariazita:
    Postei no Galeria. Peço que vá ver, pois talvez fique muito tempo sem postar.
    Um abraço,
    Renata
    Aproveite e vá aos outros Blogs, pois se acontecer num, acontecerá nos outros.

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  12. Querida Maria,
    Essa amizade entre madrasta e enteado, hum... Ele já começa a influenciá-la. Estou na expectativa de ver confirmado, ou não, o que estou prevendo. Mas aguardemos o final, que, espero, não esteja longe. Um beijo carinhoso.

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  13. Querida Mariazita
    Nas palavras tão singelas com que adornas os teus textos nos vais conduzindo na leitura da vida. A vida, essa sim, que tão complexa é... porque o ser humano assim a transforma.
    Adoro ler-te.
    Beijinhos.

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  14. Anita está dando um novo sentido a vida...Vamos ver se o marido deixará que ela saia do casulo...


    Um beijo, amiga!

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  15. Hoje vim só deixar meu abraço a esta criatura maravilhosa que é você. Sempre amiga e sempre incentivando. Obrigado.
    beijo e bom final de semana

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  16. Por vezes temos de ia atrás dos sonhos.Mas nem todos o entendem

    beijos

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  17. Muito bela esta história...a Anita vai dar aulas, tenho a certeza. Beijos.

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  18. Continuo muito interessada neste conto. E ansiosa por saber o desfecho.
    Um abraço e uma boa semana.

    À margem:
    Voltando à conversa, devo dizer-lhe que aos 14 anos quando trabalhava na Seca do Bacalhau, me inscrevi na Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva, pensando tirar o Curso Comercial. Mas tive que desistir a seguir ao Natal, à beira de um esgotamento. O trabalho era muito duro e muitas horas. Daí que não aguentei, e depois disso não se proporcionou. Há dois anos voltei a inscrever-me na Secundária de Santo André, mas a situação da minha mãe, na altura muito mal, não me permitiu sequer começar.
    Mas tenho esperança de um dia conseguir estudar, e espero seja ainda nesta reencarnação.
    Um abraço

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  19. Ó diabo já estou atrasado na leitura dos capítulos...

    Para levantar o moral ir trabalhar? Nunca! As senhoras do "Dallas", grande tele-escola, diziam que para levantar o moral: ir às compras.

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A SI, QUE VEIO VISITAR-ME, UM GRANDE
BEM HAJA!

BEIJINHOS
MARIAZITA