ANITA – EPISÓDIO XIII
(Ficção baseada em factos reais)
Duas semanas depois do baptizado de Tiago, Humberto partiu para Inglaterra.
(Ficção baseada em factos reais)
Duas semanas depois do baptizado de Tiago, Humberto partiu para Inglaterra.
FIM DO.EPISÓDIO XII
EPISÓDIO XIII
A despedida foi dolorosa para ambos.
Anita não se preocupou em ocultar as lágrimas, deixando-as deslizar livremente pelo rosto.
Havia bastante tempo que deixara de se preocupar com o que Vicente poderia pensar da sua amizade com Humberto.
Sentia uma grande mágoa pela partida do enteado, e manifestava-a abertamente.
Os dias seguintes foram difíceis de passar, pois sentia-se muito sozinha.
Vicente continuava a sair todas as noites, não se incomodando por saber que agora Anita nem tinha a companhia do enteado.
Depois de jantar sozinha, apenas com Tiago por companhia, deitado no seu carrinho, Anita escrevia a Humberto. Era uma espécie de diário, onde ela descrevia como passara o dia, os seus pensamentos, as preocupações, as “gracinhas” de Tiago…
Uma vez por semana fazia a carta seguir para o correio, e recebia uma de Humberto, do mesmo género das que ela escrevia.
Lentamente foi criando novas rotinas.
Saía de casa empurrando o carrinho de Tiago, e ia a casa da mãe, que morava a uma certa distância; aproveitava, assim, para fazer um pouco de exercício, agora que se sentia completamente recuperada.
No regresso passava pela Igreja. Ajoelhava-se, rezava as suas orações, e saía com a alma mais tranquila e fortalecida.
Algumas vezes cruzava-se com o pároco, demorando-se um pouco em amena conversa.
Os meses sucederam-se rapidamente; chegou o tempo de férias escolares, e com ele o regresso de Humberto.
Anita não cabia em si de contente ao receber o enteado num forte abraço.
Humberto maravilhou-se com o desenvolvimento do seu afilhado, que já ensaiava os primeiros passos.
Recomeçaram as longas conversas ao serão. Humberto falava dos seus estudos, do dia a dia em Inglaterra, das amizades que por lá fizera…
Ao ouvi-lo, Anita sentia uma ligeira ponta de ciúme. Sentia que Humberto vivia uma vida em pleno, longe dela; e se, por um lado, isso a alegrava, por outro não podia deixar de comparar o que ele, entusiasticamente lhe descrevia, com a sua própria existência. Começava a sentir um grande vazio.
Um dia desabafou com o enteado.
- Sabes, Humberto, sinto que estou a viver uma vida sem sentido. Não saio nunca desta rotina, de fazer todos os dias a mesma coisa…
- Mas nas cartas que trocamos nunca mo deste a entender…Parecias feliz, tratando do Tiaguinho, visitando a tua mãe, conversando com o novo padre…Pareceu-me, até, que estava a despontar uma certa amizade entre ti e o pároco…
O que se passa, “mãezinha”? E acrescentou com ar brincalhão – alguma crise existencial?
- Tu não me levas a sério, nunca ninguém me levou a sério…- e uma lagrimita começou a bailar-lhe nos olhos.
Humberto apercebeu-se de que o assunto era mesmo sério. Abandonou o seu ar brincalhão, pegou-lhe nas mãos, e dando-lhe um beijo rápido na face, disse:
- Não quero voltar a ver esse ar triste no teu rosto. Vamos lá conversar calmamente. Quero que me digas tudo o que te preocupa. Não te esqueças que sou o teu melhor amigo, que podes confiar em mim inteiramente. Não sei eu todos os teus segredos?
Abre o teu coraçãozinho – acrescentou com um sorriso, tentando não parecer demasiado solene.
Anita respirou fundo, e, após uma ligeira pausa, desabafou:
- Sinto-me muito mal, Humberto. Uma verdadeira inútil. Ainda agora, ouvindo-te falar na vida que levas em Inglaterra, lembrei-me dos meus tempos de estudante.
Humberto franziu levemente o sobrolho, ao pensar: ainda gosta dele…
Indiferente aos pensamentos de Humberto, Anita continuou:
- Afinal, andei tantos anos a estudar, para quê?
Para orientar uma casa, onde o marido raramente põe os pés, e tratar duma criança?
Eu adoro o meu filho, e nada me dá mais prazer do que tratar dele, tu sabes…
Mas para isso não é necessário um curso, a própria vida o ensina…
Achas que tenho razão para me sentir vazia, ou isto é puro egoísmo?
FIM DO EPISÓDIO XIII
Bom dia amiga.
ResponderEliminarObrigada pela sua presença.
Anita e seus segredos,rotina.
beijooo.
Estou muito interessada em ler esta história linda que nos vais contando...muitos beijos.
ResponderEliminarMariazita ...
ResponderEliminarai ai será quee ssa história vai terminar bem? rs...
Mal vejo a hora de ler o próximo capítulo, a melhor novela blogal, rs...
Beijos e lindo dia
Amiga Mariazita!
ResponderEliminarComo eu entendo a Anita!
Ser mãe e a ocupação de criar e cuidar de uma criança é extremamente gratitficante a nível emocional, mas necessitamos de continuar a sentir-nos úteis também a nível intelectual.
Continuo a seguir a história.
Beijinhos
São
Olá Manita,
ResponderEliminarMais um episódio de uma história linda e tão bem contada.
És maravilhosa a escrever!
Prometo que volto breve e que vou seguir os próximos episódios. Sabes bem das mil tarefas que tenho e do pouco tempo de que disponho.
Quando não se sabe dizer que NÃO o tempo escapa-se entre os dedos.
Tenho de aprender a fechar a mão!
Já fui ver o Botinhas....e dei uma boa gargalhada.
Beijo grande e cheio de luz
Parece-me que Anita continua a suportar os sofrimentos de uma vida sem sentido, que a impede de caminhar com o vento, atribuindo o certo ao certo, à procura do caminho que sonhou, esbarrando em valores e conceitos da sociedade de então, já sufragados pelo tempo que os ditou.
ResponderEliminarGostei imenso, um abraço!
Ai, Mariazita, justo quando a coisa está esquentando você pára! isso não é justo! Ficar nesse suspense até quando? Publica logo o restante.
ResponderEliminarAmiga:
Venho convidá-la a conhecer o meu novo Blog destinado à publicação de produções que falem da(s) mulher(es) ou que sejam escritas por mulheres ou homens. Aceito contribuições.
Um abraço,
Renata
http://blogrenatafeminina.blogspot.com
Querida Maria,
ResponderEliminarConcordo com o que disse a sua amiga Renata. Aliás, não sei se você se lembra de que, num e-mail que lhe enviei, disse que você acabaria matando todos nós de ansiedade. Imagino que, ao ler este comentário, você vai cair na gargalhada. Menina má (risos). Um beijo carinhoso.
Amiga Mariazita,
ResponderEliminarAnita tem toda a razão, para quê estudar tanto, e ficar confinada só aos afazeres do lar, vivendo ainda por cima um casamento sem amor, e onde nem a amizade se cultiva?
Ter um filho, criá-lo e vê-lo crescer alegre e saudável, é algo verdadeiramente maravilhoso, mas não se justifica que para isso se tenha que abdicar de uma vida profissional que nos torne independentes e nos faça sentir mais úteis e nos ajude a crescer sempre mais e mais como Seres Humanos.
Beijinhos,
Ana Martins
Já ca tinha vindo ler o episódio mas por qualquer razão não consegui abrir os comentários.
ResponderEliminarContinuo a seguir a história com muito interesse.
Era de prever que uma mulher jovem, inteligente e instruída não ia aguentar muito tempo essa vida rotineira, sem começar a sentir-se frustrada.
Um abraço
À margem:
Obrigada pelo reparo. É claro que não levo a mal, mt pelo contrário. Aliás está lá no blog um selo que diz que se aceitam correções no português. Apesar de aquele ser uma gralha, não quer dizer que não possam aparecer erros, afinal os meus estudos ficaram-se apenas pela 4ª classe tirada há uns bons 50 anos.
Um abraço
Mariazita
ResponderEliminarO Humberto ganhou pontos, a vida não vai fácil para Anita, mas prevejo que irá galardoar o enteado, com subida de posto.
Parece, embora tímidamente, começa a insinuar-se.
Porém, temos de esperar pelo epílogo.
Beijinho,
Daniel
Está a precisar de entrar para um clube de leitura... ;)
ResponderEliminarBeijoca!
Caro Darwin
ResponderEliminarNão podemos alhear-nos do tempo em que as cenas decorrem. E o local também tem relativa importância; sem esquecer o tipo de educação.
- Estamos nos fins da década de 50, inícios de 60, do século passado;
- Anita vive numa ilha relativamente pequena, onde nasceu e viveu a maior parte da sua vida;
(excepção feita aos anos de estudo na “capital”) ;
- Recebeu uma educação bastante austera - ainda que acompanhada de todo o carinho por parte dos pais – com uma forte carga religiosa.
Começa agora a libertar-se, qual borboleta iniciando o rompimento do casulo.
Chegará a voar???
É o que veremos mais adiante.
Obrigada pela sua participação.
Beijinhos
Mariazita
Querida Mariazita...
ResponderEliminarAcrescentaria ao teu comentário, que ainda hoje, decorridas já várias décadas, existem muitas mulheres que fruto da educação austera e castradora que tiveram, continuam a ser borboletas sem vôo, incapazes de desprender amarras e partir em busca da concretização de sonhos ou ideais ou simplesmente do que é humanamente justo.
Ainda existem neste século, mulheres que vivem em abnegação total da sua própria existencia em prol da felicidade ou da existência de outros.
O mundo tem mudado, é verdade e com ele o respeito e a consciência das coisas, mas essas mudanças não são ainda globais.
Longe disso!
Apesar do tempo ter passado, a história que contas, é ainda bem real na vida de algumas mulheres!
Um beijinho
Continuo a agradeçer-te a atenção que me dedicas..
Que escrita sublime, parabéns!!! Valeu a pena levantar-me do meu Sofá Amarelo para vir aqui...
ResponderEliminarOlá, menina senhora Mariazita!
ResponderEliminarEntão a Anita é senhora de talentos e competências abastadas mas remetida ao degredo da casa?! LOL
Bem, a verdade é k se fosse comigo - eu o marido dela -, era em casa a cuidar da criança k ela ficava mesmo! K é isso de arranjar emprego fora?! Teletrabalho ainda vá!... E depois, está provado - senão estiver eu provo - k foi desde a entrada da mulher no mercado de trabalho que a delinquência juvenil aumentou... com toda a carga de trabalhos implícita.
He pá, tou a bincar rsrsrs!
Gosto de bincar com estas coisas... mas olha k não sei se não haverá aí uma pontinha de verdade eheheh!
Bjs
Adoro as historias.
ResponderEliminarObrigada pela visita ao meu blog.
Adoro visitar este blog en particular.
Beijinhos
Amiga Mariazita!
ResponderEliminarTrago-te uma lembrança para o Dia da Mulher
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Beijinhos
São
Também sou da opinião que os estudos têm uma importância relativa e não são essa salvação (com ou sem Magalhães) que pra aí apregoam.
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