Ontem olhei para ela de soslaio e pensei: está na hora de dar aqui uma volta, antes que isto transborde…
No meio de vários papéis a aguardarem arquivo, encontrei umas fotografias para intercalar no álbum de fotos dum passeio que dei à Noruega. Ao vê-las “revi” aquela maravilhosa viagem, e várias peripécias que aconteceram.
Há sempre inúmeras histórias para contar, das viagens. Esta que vou partilhar convosco parece-me bastante interessante. Eu chamar-lhe-ia “uma história de contrastes”.
Há três ou quatro anos fui visitar a Noruega na companhia de um grupo de bons amigos.
Saímos de Lisboa em meados de Julho, rumo a Oslo, a capita. Aí premanecemos dois dias, visitando a cidade e seus monumentos, e, como não podia deixar de ser, o famoso Parque Frogner.
Dentro deste parque existe uma exposição permanente de cerca de 200 estátuas e outras obras de arte do escultor norueguês Gustav Vigeland. (por isso é também conhecido por Parque Vigeland)
Este escultor dedicou a maior parte da sua obra ao culto Homem/Mulher, inspirando-se muitas vezes na mitologia grega e também na Bíblia.
A entrada do Parque é ladeada por grande quantidade de esculturas, todas subordinadas aos temas “Homem/Mulher, “Fertilidade”, e “Natureza”
Não vou alongar-me muito em pormenores. Descrever um passeio de duas semanas daria para escrever um livro…e não é neste espaço que pretendo fazê-lo.
Continuamos viagem para norte. A Noruega é um país lindíssimo, com paisagens maravilhosas, muito diferentes do que vemos habitualmente.
Chegamos a um ponto do nosso percurso que incluía um passeio, a pé, com duração prevista de 4 horas, a uma formação rochosa chamada “Preikestolen”.
Antes de iniciarmos a caminhada o guia forneceu-nos um folheto que dizia:
Os organizadores do passeio “esqueceram-se” de informar que:
- Parte do trajecto é feito caminhando de lado, agarrados a correntes de ferro presas nas rochas.
- Há uma inclinação, no sentido descendente, de tal modo íngreme e escorregadia que temos que deslizar acocorados em cima dos calcanhares, agarrados a lianas.
- Quase todo o percurso é feito sobre pedras soltas, como se pode ver na foto seguinte.
Não há quaisquer indicações ou mapas, excepto essas marcas vermelhas (como a que se vê na foto), que nos “dizem” qual é a rocha seguinte…
Mas todo o esforço se dá por bem empregue quando se atinge o topo.
A sensação é a de que se está mesmo no topo do mundo!
(As fotos seguintes não foram feitas por mim, é claro. São reproduções de cartões postais)
Agora no sentido descendente, muito mais fácil do que a subida, alguns metros decorridos, inexplicavelmente caí, fiz uma entorse tíbio-társica no pé direito, que me impossibilitou de caminhar.
Num piscar de olhos o tornozelo começou a inchar e as dores a tornarem-se insuportáveis.
Amavelmente, os meus companheiros de viagem tentaram ajudar. Tarefa inglória! Naquele trecho do caminho só cabiam os pés de uma pessoa de cada vez.
Depois de várias tentativas, - um à minha frente dando-me um braço para eu me apoiar, outro atrás de mim fazendo a mesma coisa - acabamos por desistir.
Começamos a pensar em qual seria a melhor forma de me retirarem daquele local.
Para se sair dali, sem poder andar pelo seu pé…só com asas. É impossível qualquer tipo de socorro por terra
Eu já me imaginava a passar a noite, que se aproximava, naquele local desabrigado. Comecei a ficar seriamente preocupada.
Mas…os deuses estavam por mim!
Cruzou-se connosco um jovem casal de noruegueses, que ia a subir, e, ao ver-me amparada e parada, com um pé no ar, perguntaram se precisávamos ajuda.
Contamos o que tinha acontecido, e como estávamos aflitos sem saber como resolver aquela situação.
Foi quando soubemos, por eles, que existe um serviço de assistência de helicóptero para casos semelhantes, quer se esteja no Preikestolen quer em qualquer outro local de difícil acesso, em qualquer ponto da Noruega.
De posse do número de telemóvel que eles nos forneceram, chamou-se um helicóptero que me transportou ao hospital – ambos os serviços, transporte e assistência hospitalar completamente grátis !!!
(Ao fundo, o helicóptero que me evacuou. Ninguém me pôde acompanhar; no heli só havia espaço para mim, ( nesta altura já estava lá dentro) além dos paramédicos. A imagem não é muito boa; foi retirada do filme que um amigo fez de toda a viagem).
No hospital recebi assistência médica, e de lá regressei em cadeira de rodas que, ao fim de 2 ou 3 dias, foi substituída por canadianas.
Com elas fiz o resto da viagem pela Noruega, e com elas regressei a Lisboa.
Apanhamos o avião de regresso a Lisboa em Estocolmo, Suécia, fazendo escala, com mudança de avião, em Frankfurt, Alemanha.
Pelo facto de vir de canadianas tive tratamento VIP nestes 2 aeroportos, de Estocolmo e da Alemanha.
Quem conhece o aeroporto de Frankfurt sabe que as suas dimensões são impressionantes.
Quem tiver que fazer transbordo tem que percorrer uma distância enorme!
Como eu estava lesionada, transportaram-me num carrinho eléctrico (o marido aproveitou a boleia…)
Viajei em 1ª.classe, (para grande inveja dos meus amigos companheiros de viagem…) e a bordo encheram-me de mimos! Até nos ofereceram champanhe! E, depois de nos fornecerem ementa para escolhermos o almoço, e termos almoçado, serviram-nos um belo café acompanhado de bombons de chocolate!
Claro que à chegada ao aeroporto de Lisboa nem uma cadeira tive para me sentar!!! A solução foi aguardar a saída das bagagens apoiada às canadianas.
Aí caímos na realidade… do 3º.mundo !!!
Há sempre inúmeras histórias para contar, das viagens. Esta que vou partilhar convosco parece-me bastante interessante. Eu chamar-lhe-ia “uma história de contrastes”.
Há três ou quatro anos fui visitar a Noruega na companhia de um grupo de bons amigos.
Saímos de Lisboa em meados de Julho, rumo a Oslo, a capita. Aí premanecemos dois dias, visitando a cidade e seus monumentos, e, como não podia deixar de ser, o famoso Parque Frogner.
Dentro deste parque existe uma exposição permanente de cerca de 200 estátuas e outras obras de arte do escultor norueguês Gustav Vigeland. (por isso é também conhecido por Parque Vigeland)
Este escultor dedicou a maior parte da sua obra ao culto Homem/Mulher, inspirando-se muitas vezes na mitologia grega e também na Bíblia.
A entrada do Parque é ladeada por grande quantidade de esculturas, todas subordinadas aos temas “Homem/Mulher, “Fertilidade”, e “Natureza”
Não vou alongar-me muito em pormenores. Descrever um passeio de duas semanas daria para escrever um livro…e não é neste espaço que pretendo fazê-lo.
Continuamos viagem para norte. A Noruega é um país lindíssimo, com paisagens maravilhosas, muito diferentes do que vemos habitualmente.
Chegamos a um ponto do nosso percurso que incluía um passeio, a pé, com duração prevista de 4 horas, a uma formação rochosa chamada “Preikestolen”.
Antes de iniciarmos a caminhada o guia forneceu-nos um folheto que dizia:
Visita ao PREIKESTOLEN
Visita a uma curiosidade natural única, considerada como o observatório mais famoso de toda a Escandinávia. A enorme coluna rochosa PREIKESTOLEN cai vertiginosamente a pique, 600 metros, nas águas do Lysefiord. Não tem qualquer acesso por estrada, logo, só é possível realizar esta visita a pé. É necessário levar calçado adequado, pois a caminhada dura cerca de 4 horas, por caminho bastante irregular. Os organizadores do passeio “esqueceram-se” de informar que:
- Parte do trajecto é feito caminhando de lado, agarrados a correntes de ferro presas nas rochas.
- Há uma inclinação, no sentido descendente, de tal modo íngreme e escorregadia que temos que deslizar acocorados em cima dos calcanhares, agarrados a lianas.
- Quase todo o percurso é feito sobre pedras soltas, como se pode ver na foto seguinte.
Não há quaisquer indicações ou mapas, excepto essas marcas vermelhas (como a que se vê na foto), que nos “dizem” qual é a rocha seguinte…
Mas todo o esforço se dá por bem empregue quando se atinge o topo.
A sensação é a de que se está mesmo no topo do mundo!
(As fotos seguintes não foram feitas por mim, é claro. São reproduções de cartões postais)
Depois de apreciar a maravilhosa paisagem que se desfruta lá de cima, de encher os pulmões daquele ar puríssimo e de tirar imensas fotografias, iniciamos o regresso.
Num piscar de olhos o tornozelo começou a inchar e as dores a tornarem-se insuportáveis.
Amavelmente, os meus companheiros de viagem tentaram ajudar. Tarefa inglória! Naquele trecho do caminho só cabiam os pés de uma pessoa de cada vez.
Depois de várias tentativas, - um à minha frente dando-me um braço para eu me apoiar, outro atrás de mim fazendo a mesma coisa - acabamos por desistir.
Começamos a pensar em qual seria a melhor forma de me retirarem daquele local.
Para se sair dali, sem poder andar pelo seu pé…só com asas. É impossível qualquer tipo de socorro por terra
Eu já me imaginava a passar a noite, que se aproximava, naquele local desabrigado. Comecei a ficar seriamente preocupada.
Mas…os deuses estavam por mim!
Cruzou-se connosco um jovem casal de noruegueses, que ia a subir, e, ao ver-me amparada e parada, com um pé no ar, perguntaram se precisávamos ajuda.
Contamos o que tinha acontecido, e como estávamos aflitos sem saber como resolver aquela situação.
Foi quando soubemos, por eles, que existe um serviço de assistência de helicóptero para casos semelhantes, quer se esteja no Preikestolen quer em qualquer outro local de difícil acesso, em qualquer ponto da Noruega.
De posse do número de telemóvel que eles nos forneceram, chamou-se um helicóptero que me transportou ao hospital – ambos os serviços, transporte e assistência hospitalar completamente grátis !!!
No hospital recebi assistência médica, e de lá regressei em cadeira de rodas que, ao fim de 2 ou 3 dias, foi substituída por canadianas.
Com elas fiz o resto da viagem pela Noruega, e com elas regressei a Lisboa.
Apanhamos o avião de regresso a Lisboa em Estocolmo, Suécia, fazendo escala, com mudança de avião, em Frankfurt, Alemanha.
Pelo facto de vir de canadianas tive tratamento VIP nestes 2 aeroportos, de Estocolmo e da Alemanha.
Quem conhece o aeroporto de Frankfurt sabe que as suas dimensões são impressionantes.
Quem tiver que fazer transbordo tem que percorrer uma distância enorme!
Como eu estava lesionada, transportaram-me num carrinho eléctrico (o marido aproveitou a boleia…)
Viajei em 1ª.classe, (para grande inveja dos meus amigos companheiros de viagem…) e a bordo encheram-me de mimos! Até nos ofereceram champanhe! E, depois de nos fornecerem ementa para escolhermos o almoço, e termos almoçado, serviram-nos um belo café acompanhado de bombons de chocolate!
Claro que à chegada ao aeroporto de Lisboa nem uma cadeira tive para me sentar!!! A solução foi aguardar a saída das bagagens apoiada às canadianas.
Aí caímos na realidade… do 3º.mundo !!!
Também tenho coisas de infância dentro de um baú, mas tenho medo de vasculhá-la e me recordar de coisas ruins.
ResponderEliminarAmiga, você melhorou? Espero que sim.
Fiz nova postagem sobre um filme policial, há poemas meus, outro traduzido, imagens novas e outras do post antecessor, flores, etc.
Estou à sua espera.
Um abraço,
Renata
Minha querida amiga Mariazita,
ResponderEliminarParabéns por tudo isso ter acontecido num País no outro extremo da escala, no oposto ao 3º mundo como bem refere no fim.
É nessas situações de acidente que acaba bem que nos enriquecemos. Não lhe falarei daquele acidente que me enrijou a força interior. O Eurico poderá falar-lhe disso.
Beijos
João
Grande aventura e grande susto. Mas assistência competente e humanizada a que por estes lados não estamos infelizmente habituados.
ResponderEliminarAinda bem que tudo acabou bem.
A chegada é uma daquelas para esquecer, que remédio!Ainda bem que não foi escala, mas chegada, enfim!
Um abraço
Foram os portugueses que fizeram o terceiro mundo é lógico que beneficiem dele (sendo subdesenvolvidos).
ResponderEliminarUma viagem inesquecível, em mais de um aspecto, que daria, se não um livro, pelo menos um conto longo. E você teve um tratamento VIP,pelo menos até chegar ao seu país. Olhe, sobre a sua pergunta lá no Luzes da Cidade sobre aquele conto: é estritamente ficção. *Um beijo afetuoso e um excelente fim de semana.
ResponderEliminarAi, se eu fosse minimamente arrumado!...
ResponderEliminarMas vivo no caos e do caos...
Beijinhos
e
Bom fim de semana
Querida Renata
ResponderEliminarHá sempre uma coisinha ou outra que se guarda, não é mesmo???
Eu melhorei, sim, obrigada.
Mais logo passo lá, ok?
Beijinhos
Mariazita
Querido amio João
ResponderEliminarPor contraste...cá tive que fazer tratamentos - a enrorse foi bem forte - fisioterapia, mesoterapia, etc., mas aí tive que abrir os cordões à bolsa...
São os contrastes entre 1º.mundo e 3º.!!!
Conheço a história do seu acidente. Também o meu amigo teve os deuses por seu lado...que lhe salvaram a vida.
Beijinhos
Mariazita
Olá, Meg
ResponderEliminarFoi uma das tais situações em que eu estava a ficar com mmedo...
Pois...se Lisboa fosse escala e não "fim de linha"..lá teria que ir a coxinha só num pé, saltitando por ali fora!
Agora até pode ter graça; na altura eu estava piursa!!!
Beijinhos
Mariazita
Olá, Táxi
ResponderEliminarJá lá dizia o "outro":
Cada povo tem o governo que merece!
Abraço
Mariazita
Caro Francisco
ResponderEliminarÉ, de facto, inesquecível, mas principalmente pelas coisa boas.
São recordações que ficam para sempre.
Mais logo vou ver as suas novidades, e bater um papinho...
Até logo.
Beijinhos com amizade
Mariazita
Olá, Vieira Calado
ResponderEliminarHá pessoas que só conseguem viver desorganizadas. Conheço várias assim. E se tentamos ajudar, arrumando, estragamos tudo!!!
Eu não sou assim. Gosto de tudo muito arrumadinho...então crio espaços para a desarrumação...a que chamo "hotel da barafunda".
Mas sei o que está lá (des)arrumado!
Beijinhos
Mariazita
É a nossa triste realidade! Só nos apercebemos deste terceiro mundismo quando nos vemos confrontados com estas situações. Tudo, felizmente, acabou bem mas o susto foi grande.
ResponderEliminarBoas fotografias, excelente descrição do passeio.
Bem-hajas!
Beijinhos
Olá, Isabel
ResponderEliminarÉ isso mesmo. Já nos habituámos...
Só em situações destas nos apercebemos de como estamos na cauda da Europa.
Obrigada.
Beijinhos
Mariazita
Querida amiga,
ResponderEliminarinfelizmente o tratamento Vip em Portugal não é para todos...
Ainda à dias foi noticia de telejornal um senhor que com sintomas de enfarte teve que se deslocar no seu próprio carro, conduzindo até ao Hospital de Santarém. E isto porque a médica de serviço do centro de saude da sua área de residência, entendeu que ele o poderia fazer perfeitamente.
O que é certo é que o senhor em questão ficou internado no Hospital de Santarém cerca de 8 dias, fruto da negligência da médica... E até lhe poderia ter custado a vida.
Enfim esta é a SAÚDE EM PORTUGAL!!!
Beijinhos
Deve ter sido uma viagem hilariante e mesmo inesquecível!
ResponderEliminarBeijo grande
Querida Ana
ResponderEliminarPois não, minha amiga, o tratamento VIP é só para quem o merece...
Casos como o desse senhor, infelizmente, há muitos (nem todos noticiados...)
É o que temos. Veremos até quando.
Um resto de bom domingo.
Beijinhos
Mariazita
Olá, Maria João
ResponderEliminarFoi, de facto, uma viagem maravilhosa, e que recordarei para sempre.
Um óptimo domingo
Beijinhos
Mariazita
Querida Mariazita,
ResponderEliminarObrigada pela história duma viagem tão difícil. Provavelmente, eu, num sítio tão íngreme teria tido um piripaque"´. Esse local nunca visitarei, juro.
Obrigada pelo aviso
Beijinhos
Marygayo
ResponderEliminarEsta viagem teve as suas dificuldades, é certo, mas o saldo final foi francamente positivo.
A Noruega é um país com paisagens lindíssimas, diferentes.
Agradeço a visita, que não poderei retribuir na medida em que o blog tem acesso restrito...Lamento!
Obrigada.
Beijinhos
Mariazita
Querida Mariazita,
ResponderEliminarAndei com mudanças e experiências nos meus blogs. Como não sei tudo, alguns pormenores não saíram bem. Por isso não conseguiste saber quem eu era.
Vamos a ver se desta vez consegues
Beijinhos
Querida Mara
ResponderEliminarAgora sim, consegui entrar na tua casa!
Só fui espreitar, para ver quem tu eras...e fiquei surpreendida!
Não fazia a mínima ideia.
Não sei se ainda hoje...mas pelo menos amanhã vou visitar-te, ver todas as coisas bonitas que apenas vislumbrei.
Beijinhos
Mariazita