João Luís Alves César das Neves, Professor Universitário, nascido em Lisboa em 1957, é pai de quatro filhos.
Doutorado e licenciado em Economia pela Universidade Católica Portuguesa,
Mestre em Economia pela Universidade Nova de Lisboa,
Doutorado e licenciado em Economia pela Universidade Católica Portuguesa,
Mestre em Economia pela Universidade Nova de Lisboa,
Mestre em Investigação Operacional e Engenharia de Sistemas pela Universidade Técnica de Lisboa,
com mais de uma dezena de livros e vários artigos científicos publicados, é, actualmente, Professor Extraordinário com Agregação da UCP (Universidade Católica Portuguesa) e Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da UCP
Após esta breve introdução partilho convosco um texto do professor doutor João César das Neves que, com muito humor e ironia, chama a atenção para graves problemas dos jovens, através da conversa de duas mães preocupadas.
- Dona Fernanda, então por aqui?
Agora me lembro, ainda não lhe dei os parabéns pelo seu homem. Vi-o no concurso da televisão. Que honra! Muitos parabéns! Fiquei orgulhosa como se fosse meu!
- É verdade, dona Cátia. Estamos muito contentes. Foi muito bom, até para compensar a desgraça da minha irmã.
Não sabe?
Imagine que o marido dela é administrador de um banco.
- Não me diga!
Que vergonha!
Mas qual? Daquele criminoso, o BCP?
- Olhe, nem sei bem. Mas aquilo é tudo a mesma gente.
Coitada da minha irmã, anda muito ralada!
Felizmente que o amante está muito bem. Era segurança num bar, mas agora conseguiu ficar dado como deficiente por causa de uma sova que levou, e o subsídio é excelente.
- Ainda bem! Que sorte!
Olhe, essa sorte não tenho eu. Ando muito preocupada com o meu sobrinho.
Não, não é com o homossexual. Não, esse está óptimo. Foi ao estrangeiro casar com o amigo e agora até estão a pensar adoptar uma criança por lá.
O que me preocupa é o outro, o Zé. Tem um restaurante, imagine. Um restaurante de luxo.
- Ai, coitado! Em que se havia de meter!
E tem tido muitas queixas?
- Pois. Calcule que nem sequer usava sabão líquido nas casas de banho e os exaustores são de baixa extracção.
Estou com medo que mais cedo ou mais tarde acabe na cadeia, pobrezinho!
- Compreendo, compreendo.
As ralações que temos!
E então o que é que a traz por cá?
Eu vou agora ali à direcção da escola queixar-me. Veja lá que a minha filha me disse que lá na escola não há máquinas de distribuição de preservativos na casa de banho das raparigas. Só na dos rapazes.
Não é uma vergonha?
- Um escândalo.
Depois se há problemas a culpa é dos pequenos!
Eu também tenho de lá ir mas, infelizmente, é derivado ao comportamento do meu Ronaldinho.
- Não me diga que ainda é por causa da gravidez?
- Não, que ideia. Isso está tudo resolvido.
Eles os dois trataram a questão com muito bom senso.
Nem pareciam ter 13 anos!
O aborto correu muito bem e o meu rapaz até já arranjou outra namorada bastante mais velha.
Não, o que me preocupa é aquele grupo com que ele anda.
- Qual? A banda de rock satânico? Oh, minha amiga não se apoquente com isso. Nós lá em casa até dissemos ao nosso rapaz para criar uma.
Antes isso que andar pelos ATL (Actividades dos tempos livres) da paróquia com aqueles beatos a meter patranhas na cabeça dos miúdos.
Na banda é muito mais seguro e saudável. Não só é artístico, como abre horizontes e um dia, quem sabe...
Olhe, não me preocuparia nada com isso.
- Não, não é isso.
Nós também estamos muito satisfeitos por ele andar com a banda. É um excelente meio de educação.
Ao princípio ainda me chocava um bocado as letras das canções, a falar de suicídio e sangue, mas agora até acho graça.
Rapazes são rapazes, não é?
Não, é muito pior.
Ele também anda metido em coisas mesmo graves com aquele outro grupo clandestino. Já ouviu falar, não? Aquele grupo de fumadores que no outro dia até apareceu no jornal por um deles fumar dentro do metro.
- Que horror!
O seu filho fuma?
Mas isso faz imenso mal à saúde e polui o ambiente.
Então ele não pensa no aquecimento global?
Esta juventude está perdida!
- Eu sei, eu sei!
Tentámos tudo para o afastar do vício, mas nada.
O meu marido até quis ver se o interessava em blogs pornográficos, chats neonazis e outras coisas que fossem também um bocadinho subversivas e clandestinas, mas não fizessem tanto mal.
Mas nada!
Ele não larga o cigarro!
A culpa é do meu homem e eu já lhe disse. Imagine que quando o miúdo era pequeno lhe dava pistolas e outros brinquedos de violência.
Claro que tinha de ter esta consequência, não era?
- Que horror!
Imagino como anda apoquentada.
E nos estudos, que tal anda ele?
Os meus, antigamente, era um castigo. Davam muitos erros de ortografia mas isso agora, com este novo programa para o insucesso escolar, deixou de criar problemas, porque já não conta. E, mesmo na Matemática, o que interessa é a criatividade dos miúdos.
Se os professores explicam mal que culpa têm os pequenos?
- Eu digo o mesmo.
Se eles depois acabam todos no desemprego, ao menos gozem a juventude...
com mais de uma dezena de livros e vários artigos científicos publicados, é, actualmente, Professor Extraordinário com Agregação da UCP (Universidade Católica Portuguesa) e Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da UCP
Após esta breve introdução partilho convosco um texto do professor doutor João César das Neves que, com muito humor e ironia, chama a atenção para graves problemas dos jovens, através da conversa de duas mães preocupadas.
- Dona Fernanda, então por aqui?
Agora me lembro, ainda não lhe dei os parabéns pelo seu homem. Vi-o no concurso da televisão. Que honra! Muitos parabéns! Fiquei orgulhosa como se fosse meu!
- É verdade, dona Cátia. Estamos muito contentes. Foi muito bom, até para compensar a desgraça da minha irmã.
Não sabe?
Imagine que o marido dela é administrador de um banco.
- Não me diga!
Que vergonha!
Mas qual? Daquele criminoso, o BCP?
- Olhe, nem sei bem. Mas aquilo é tudo a mesma gente.
Coitada da minha irmã, anda muito ralada!
Felizmente que o amante está muito bem. Era segurança num bar, mas agora conseguiu ficar dado como deficiente por causa de uma sova que levou, e o subsídio é excelente.
- Ainda bem! Que sorte!
Olhe, essa sorte não tenho eu. Ando muito preocupada com o meu sobrinho.
Não, não é com o homossexual. Não, esse está óptimo. Foi ao estrangeiro casar com o amigo e agora até estão a pensar adoptar uma criança por lá.
O que me preocupa é o outro, o Zé. Tem um restaurante, imagine. Um restaurante de luxo.
- Ai, coitado! Em que se havia de meter!
E tem tido muitas queixas?
- Pois. Calcule que nem sequer usava sabão líquido nas casas de banho e os exaustores são de baixa extracção.
Estou com medo que mais cedo ou mais tarde acabe na cadeia, pobrezinho!
- Compreendo, compreendo.
As ralações que temos!
E então o que é que a traz por cá?
Eu vou agora ali à direcção da escola queixar-me. Veja lá que a minha filha me disse que lá na escola não há máquinas de distribuição de preservativos na casa de banho das raparigas. Só na dos rapazes.
Não é uma vergonha?
- Um escândalo.
Depois se há problemas a culpa é dos pequenos!
Eu também tenho de lá ir mas, infelizmente, é derivado ao comportamento do meu Ronaldinho.
- Não me diga que ainda é por causa da gravidez?
- Não, que ideia. Isso está tudo resolvido.
Eles os dois trataram a questão com muito bom senso.
Nem pareciam ter 13 anos!
O aborto correu muito bem e o meu rapaz até já arranjou outra namorada bastante mais velha.
Não, o que me preocupa é aquele grupo com que ele anda.
- Qual? A banda de rock satânico? Oh, minha amiga não se apoquente com isso. Nós lá em casa até dissemos ao nosso rapaz para criar uma.
Antes isso que andar pelos ATL (Actividades dos tempos livres) da paróquia com aqueles beatos a meter patranhas na cabeça dos miúdos.
Na banda é muito mais seguro e saudável. Não só é artístico, como abre horizontes e um dia, quem sabe...
Olhe, não me preocuparia nada com isso.
- Não, não é isso.
Nós também estamos muito satisfeitos por ele andar com a banda. É um excelente meio de educação.
Ao princípio ainda me chocava um bocado as letras das canções, a falar de suicídio e sangue, mas agora até acho graça.
Rapazes são rapazes, não é?
Não, é muito pior.
Ele também anda metido em coisas mesmo graves com aquele outro grupo clandestino. Já ouviu falar, não? Aquele grupo de fumadores que no outro dia até apareceu no jornal por um deles fumar dentro do metro.
- Que horror!
O seu filho fuma?
Mas isso faz imenso mal à saúde e polui o ambiente.
Então ele não pensa no aquecimento global?
Esta juventude está perdida!
- Eu sei, eu sei!
Tentámos tudo para o afastar do vício, mas nada.
O meu marido até quis ver se o interessava em blogs pornográficos, chats neonazis e outras coisas que fossem também um bocadinho subversivas e clandestinas, mas não fizessem tanto mal.
Mas nada!
Ele não larga o cigarro!
A culpa é do meu homem e eu já lhe disse. Imagine que quando o miúdo era pequeno lhe dava pistolas e outros brinquedos de violência.
Claro que tinha de ter esta consequência, não era?
- Que horror!
Imagino como anda apoquentada.
E nos estudos, que tal anda ele?
Os meus, antigamente, era um castigo. Davam muitos erros de ortografia mas isso agora, com este novo programa para o insucesso escolar, deixou de criar problemas, porque já não conta. E, mesmo na Matemática, o que interessa é a criatividade dos miúdos.
Se os professores explicam mal que culpa têm os pequenos?
- Eu digo o mesmo.
Se eles depois acabam todos no desemprego, ao menos gozem a juventude...
Tenho muita consideração pelo Prof João César das Neves que teve a amabilidade de me enviar com muita oportunidade o discurso que fez no 10 de Junho para publicar no Do Miradouro. Mas nunca pensei que andasse a escutar estas conversas de vizinhas!!!
ResponderEliminarA conversa é uma anedota do princípio o fim, mas muito realista e que corresponde aos pontos de vista dos governantes. O estado em que o País se encontra é consequência de uma acção de demolição lenta mas persistente levada a cabo pelos sucessivos governos.
Não percebo a noção que os políticos têm do que é Governar. Creio que não será, certamente, encher os bolsos dos parasitas do clã, em prejuízo da generalidade dos contribuintes.
Os textos do Prof devem ser lidos devagarinho para serem bem digeridos e assimilados.
Beijos
João
Meu caro João
ResponderEliminarOs desígnios dos governantes estão, com certeza, no segredo dos deuses!
Claro que não querem prejudicar os contribuintes. Que ideia!!!
Não querem, mas fazem!
Beijinhos
Mariazita
Mariazita,
ResponderEliminarAfinal são casos da vida real.
Mais estranho o facto de João César das Neves ser o autor deste artigo. Mas não duvido, de maneira nenhuma.
Um abraço
Mariazita, querida!
ResponderEliminarNada de "tampar o sol com a peneira", não é mesmo? Este texto é ótimo. Mostra que viver de aparências não resolve. E a felicidade está mesmo no fim da hipocrisia. Cômico. Muito bom.
Beijos.
Ana
Obrigado pelas palavras produzidas no meu blog.
ResponderEliminarBem haja!
Querida Mariazinha,
ResponderEliminarTenho andado ocupadíssima com as minhas pintura, tentando subir um degrausinho de cada vez. Tenho no entanto visitado o teu blog e gosto muito de tudo o que escreves. Parabéns por seres uma avó tão jóvem e com tão boa cabeça.
Beijinhos desta tua amiga
Querida Mariazita
ResponderEliminarLeio-te sempre com muito prazer. Contudo, hoje venho aqui para te deixar um beijinho de muitas felicidades. Mais logo, na Oficina, terás uma flor especialmente para ti.
Beijinhos.
Mariazita
ResponderEliminarDa facto, o Professor César das Neves descreve a realidade.
Pode parecer ter muito de ficção. Na verdade, a realidade está à vista. Até mesmo no que diz respeito aos pais.
Não deixando de ter em conta, que sempre foi preciso haver sorte com os filhos.
Beijos,
Daniel
Olá, Meg
ResponderEliminarEsquisito, não é?
Na verdade bem fiferente dos seus "conceitos" habituais.
"A mais bela criatura de Deus é a liberdade humana, e é essa que gera mais problemas. Deus criou a liberdade da forma mais radical, recuando para deixar outros fazer. Se a liberdade humana avançar para Deus consegue realizar obras espantosas. Menos perfeitas que as Deus faria sozinho, mas muito mais valiosas por serem feitas por quem não é capaz." - DN 22.09.2008
O texto que publiquei recebi-o de um meu contacto, muito próximo do Professor, como sendo de sua autoria.
Será mesmo? Ignoro. Arrisquei...
Um abraço
Mariazita
Querida Ana
ResponderEliminarÉ isso aí. Muita vezes as pessoas preocupam-se com coisas de somenos importância, e as coisas graves passam ao lado...
Assim vai o mundo!
Beijinhos, querida.
Mariazita
Querida Milai
ResponderEliminarObrigada pelas tuas palavras de carinho.
Sei que tens andado muito ocupada. É bom poderes fazer aquilo de que realmente gostas - a pintura
Estou a pensar numa coisa que depois te direi, por email.
Beijinhos, amiga
Mariazita
Caro Víctor
ResponderEliminarUm grande bem hajas!
Lembraste-te !!!
Mais logo passarei por lá para colher a minha flor.
Muito obrigada!
Beijinhos
Mariazita
Olá, Daniel
ResponderEliminarA situação humorística descrita pelo Professor retrata bem a maneira de pensar de algumas pessoas.
Tem razão quando diz "que sempre foi preciso haver sorte com os filhos."
É uma grande verdade. Por vezes, apesar de toda a educação que os pais lhes dão, deixam-se levar por más companhias.
Todo o cuidado é pouco.
Beijinhos
Mariazita
Oi, Mariazita!
ResponderEliminarEssas questões educacionais envolvendo filhos são sempre polêmicas. O que me bato sempre em relação ao trato com eles e os pais e educadores, família em geral, é que haja Diálogo franco, construtivo. Há um exemplo que vou relatar rapidamente: certa vez, vi uma amiga dar um conselho terrível ao filho, um conselho de egoísmo, dele ignorar o outro, de querer tudo só para si. Quase trinta anos se passaram, essa mãe hoje está muito enferma, com câncer cerebral e o tal filho querido, mal a visita...Ele assimilou o mal conselho, infelizmente!
Boa noite, amiga!Bjs
Mariazita:
ResponderEliminarEstou muito triste e preciso de vc. Por favor, vá ao meu Blog e veja o meu novo post, é sobre um filme muito tocante. Meu irmão está hospitalizado e fiz esse post para ele. Espero por você.
Um beijo,
Renata
wwwrenatacordeiro.blogspot.com
Novos tempos ou "nem tudo o que parece, é".
ResponderEliminarBeijos e votos de que este blogue continue eternamente jovem.
Para mim, é um autêntico boião de cultura onde vou continuar a molhar os dedinhos.
Oi, Vanuza
ResponderEliminarHá um velho ditado, em Portugal (provavelmente também no Brasil) que diz: "Casa de Pais, escola de filhos".
As crianças aprendem copiando o que vêm nos adultos.
Se os pais dão maus exemplos...não podem exigir dos filhos comportamento diferente.
É exactamente o caso que referes.
O diálogo é fundamental, sim.
Não o monólogo, mas ouvir o que a criança tem para dizer.
Até amanhã, amiga.
Beijinhos
Mariazita
Oi, Renata
ResponderEliminarConta comigo.
Logo passo lá.
Beijinhos
Mariazita
Olá, João Paulo
ResponderEliminarObrigada pelas tuas palavras tão simpáticas.
Oxalá o boião continue a ter qualquer coisinha para te oferecer...
Até amanhã.
Bjs
Mariazita
Querida Mariazita,
ResponderEliminarObrigada pela tua simpatia. Fico à espera.
Beijinhos
Milai
A história deveria ser escrita por todos e não só pelos vencedores, como alguém já disse.
ResponderEliminarÉ que muitos com grandes responsabilidades na governação deste país, desbarataram os milhões de milhões de contos, os brasileiros chamam-lhes "bilhões", (termo que também utilizamos, mas mais vagamente), que receberam na época áurea da CEE.
Alguém miou ou ... ás suas pernas?
NÃO !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E até chegou a presidente da República.
O que poderia ter mudado o rumo da actual situação ...
Ainda bem que temos brandos costumes e as armas são proibidas ...
Aqui, neste ninho de interesses só se é promovido, conforme as incompetências.
Podem contrariar-me que não tenho o dom ...
Nem quero saber mais de políticos, ladrões e outras profissões parecidas!