domingo, 29 de março de 2009

CARTA DE CAMINHA



Paul d’Angelo, de seu verdadeiro nome Paul Murphy, advogado, exerceu, durante 10 anos, a sua profissão como advogado de defesa criminal em tribunais dos arredores de Boston.
Ao mesmo tempo, sob o pseudónimo de Paul d’Angelo, trabalhou como comediante.
Durante 6 meses actuou em diversos clubes, fazendo a apresentação e introdução de vários actores/comediantes; após este período de tempo passou a ter o seu próprio programa.
Viveu algum tempo em Hollywood, onde actuou em diversos clubes, com reconhecidos comediantes como Jay Leno, Ray Romano, Howie Mandel, entre outros.
É considerado “um grande talento” entre actores de comédia, e todos os seus shows são sempre excelentes, provocando fortes gargalhadas entre a assistência.
O jornal “Los Angeles Time” apelidou-o de “o actor mais cómico que já se viu e ouviu”.

É autor da “Carta de Caminha” onde é satirizada “A carta, de Pêro Vaz de Caminha”.

Pêro Vaz de Caminha começa assim:

Senhor,
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!

Veja, agora, como Paul d’Angelo a (re)escreveu:

Olá meu amado Rei, aqui quem fala é o Pêro Vaz. Está me ouvindo bem? Peguei emprestado o celular de um nativo aqui da nova terra. Tudo bem, o Capitão Pedro está lhe mandando um abraço. Chegamos na terça, 21 de Abril, mas deixei para ligar no Domingo porque a ligação é mais barata. É aqui tem dessas coisas.

E continua:

Os nativos ficaram espantados com a nossa chegada por mar, não achavam que éramos Deuses, Majestade. Acharam que éramos loucos de pisar em um mar tão sujo. A ligação está boa? Pois é, essa terra é engraçada. Tem telefonia celular digital, automóveis importados, acesso gratuito à Internet mas ainda tem gente que morre de malária e está cheia de criança barriguda de tanto verme. É meio complicado explicar.

Se já encontrámos o chefe?
Olha Rei, tá meio complicado. Aqui tem muito cacique para pouco índio. Logo que chegamos a Porto Seguro tinha um cacique lá que dizia que fazia chover, que mandava prender e soltar quem ele quisesse. É, um cacique bravo mesmo... Mais para o Sul encontramos outra tribo, uma aldeia maravilhosa e muito festiva, com lindas nativas quase nuas. Seguindo em direcção ao Sul, saímos do litoral e adentramos-nos ao planalto.

Lá encontramos uma tribo muito grande. A dos índios Sampa. Conhecemos o seu cacique, que tinha apito mas que não apitava nada, coitado. Dizem até que ele apanha da mulher. O senhor está rindo, Majestade? Juro que é verdadeiro o meu relato. Como vossa Majestade pode perceber, é uma terra fácil de se colonizar, pois os nativos não falam a mesma língua.

Sim, são pacíficos sim. É só verem um coco no chão para eles começarem a chutá-lo e esquecerem da vida. Sabem, sabem ler, mas não todos. A maioria lê muito mal e acredita em tudo que é escrito. Vai ser moleza, fica frio. Parece que há um "Cacicão Geral", mas ele quase não é visto. O homem viaja muito. Dizem que se a intenção for evitar encontrá-lo, é só
ficar sentado no trono dele.

Engraçado mesmo é que a "indiaiada" trabalha a troco de banana. É banana!!! Todo mês eles recebem no mínimo 151 bananas. Não é piada, Majestade!! É sério!! Só vindo aqui p’ra ver. Olha, preciso desligar. O rapaz que me emprestou o telefone celular precisa fazer uma ligação. Ele é comerciante. Disse que precisa avisar ao povo que chegou um novo carregamento de farinha. Engraçado... eles ficam tão contentes em trabalhar... A cada mercadoria que chega, eles sobem o morro e soltam rojões.

É uma terra muito rica, Majestade. Acho que desta vez acertamos em cheio. Isso aqui ainda vai ser o país do futuro...

Paul D'Angelo


Autor: Paul D'Angelo, publicitário, reescreveu a Carta de Caminha e ganhou o concurso "Crónica do Ouvinte" promovido pela Rádio Bandeirantes.

quinta-feira, 26 de março de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XVI

(Ficção baseada em factos reais)
...
- Padre, o senhor já esteve noutras paróquias onde havia creches. Deve ter uma ideia de quantas pessoas são precisas para pôr a funcionar esta que vai abrir…

FIM DO.EPISÓDIO XV

EPISÓDIO XVI

- É verdade, Dona Anita, todas as paróquias por onde passei tinham creches. E posso dizer-lhe que o ideal é que uma senhora não fique com mais de dez crianças a seu cargo.
Sabe que algumas ainda são bebés, é preciso dar o biberão, trocar as fraldas…
- Eu sei, padre João, ainda há pouco tempo passei por isso, com o Tiaguinho.
Mas eu estava aqui a pensar que talvez eu mesma pudesse dar uma ajuda…
Deixe-me pensar melhor no assunto, e talvez amanhã já possa dizer-lhe alguma coisa.
- Isso seria bom demais, Dona Anita. Todas as ajudas que recebermos serão bem vindas.

Despediram-se do padre e, em vez de se dirigir na direcção do colégio, Anita voltou-se para regressar a casa.
Eulália, estranhando, perguntou:
- Então, minha filha, já não queres ir hoje ao colégio?
- Não, minha mãe. Enquanto ouvia o padre João surgiu-me uma ideia que me parece muito boa, mas preciso amadurecê-la…
- Sim? E posso saber que ideia é essa?
- Claro que pode, minha mãe, mas só depois de eu decidir se vou pô-la em prática.
Esboçando um sorriso, fez uma ligeira festa no rosto da mãe, e não acrescentou mais nada.

Eulália, conhecendo Anita, sabia que ela não adiantaria mais nada sobre o assunto.
Propôs-lhe irem até ao parque, onde respirariam ar fresco.
Tiaguinho aproveitou para exercitar as pernitas ainda pouco habituadas a andar.

Nesse mesmo dia, ao jantar, Anita disse a Humberto:
- Tenho uma coisa para te contar…
- É relacionada com a tua ida ao colégio?
- É e não é…Eu não fui ao colégio.
- Não??? E porquê? Desististe da ideia de dar aulas?
- Não, de modo algum! Apenas alterei um pouco as minhas intenções. Ora escuta:

O padre João vai abrir uma creche, mas está lutando com grandes dificuldades. O número de crianças previsto deve rondar as trinta, e ele tem apenas uma pessoa para tomar conta delas.
Pela experiência que ele tem, sabe que precisa de três pessoas.
O problema que se levanta é que a paróquia não tem recursos para pagar a três pessoas; com esforço, poderá pagar a duas. Mas, nessas condições, ficariam muito sobrecarregadas de trabalho, o que se iria reflectir no tratamento e atenção a dar às crianças.
Então eu pensei assim:

Em vez de ir dar aulas para o colégio – o que poderia não acontecer, pelo menos este ano – vou para a creche.
Como sabes, o meu interesse em arranjar emprego não é para ganhar dinheiro, que não preciso, mas sim para estar ocupada.

Trabalhando na creche, sem receber ordenado, ficam todos a ganhar.
Em primeiro lugar as mães, que mais depressa podem lá pôr os seus filhos; depois o padre, que pode concretizar mais rapidamente o seu sonho; e finalmente eu – a principal beneficiada – porque não vou ter que me separar do Tiaguinho.
Embora fosse só uma parte do dia, enquanto estivesse a dar aulas no colégio, sei que me ia custar bastante, até me habituar. E o Tiaguinho também ia sofrer ao ver-se afastado de mim…

Humberto não a interrompeu. Limitou-se a ouvi-la, em silêncio, apreciando, deliciado, o calor com que ela falava à medida que explanava a sua ideia. E sentiu crescer, dentro de si, o amor e admiração que sentia pela madrasta.
Tentando disfarçar a comoção, falou, finalmente, em tom meio brincalhão:
- Tu és única, mãezinha. Não há ninguém igual a ti!

E dando-lhe um pequeno piparote no nariz, voltou-se para a janela, parecendo muito interessado na escuridão que estava lá fora. Disse:
- Vou sair por uns minutos. Prometi ao meu amigo Joaquim levar-lhe uns panfletos que trouxe da Inglaterra.
Mas não me demoro, prometo.

Passou pelo seu quarto a buscar uns papéis e saiu.
Lá fora respirou fundo. Sentia o coração a transbordar de amor por Anita, e não queria que ela se apercebesse.
Pouco tempo depois regressou, já calmo, para passar o serão com a madrasta.

FIM DO EPISÓDIO XVI

quarta-feira, 25 de março de 2009

PRÉMIO ROXIE

A título excepcional estou dando seguimento a um pedido da amiga Sam.
É mesmo a título excepcional; por norma costumo declinar estes "convites". Mas...é preciso experimentar de tudo, pelo menos uma vez na vida...

A Amiga SAM (http://samdesnuda.blogspot.com/) ofereceu a “A Casa da Mariquinhas” o prêmio Roxie, que consiste em escrever 5 coisas que são Roxie e exibir a imagem do selo "Seu blog é ROXIE".

1- Sobre música – uma das coisas muito boas da vida
2 - Televisão – vejo muito pouco: noticiários, debates, entrevistas…
3 - Três Países que sonha conhecer – Tailândia, Austrália, Japão
4 - Três cores favoritas – branco, vermelho e azul
5 - Hobbies – coleccionar (especialmente mochos)

Indico os blogs:

AS MINHAS ROMÃS

BLOG DA GI

DANIEL MILAGRE

UM MUNDO COLORIDO

PEQUENOS DETALHES

Obs. A minha escolha dos blogs obedeceu apenas a um critério – aqueles que me pareceram com mais possibilidades de dar continuidade ao “jogo”

Repasso o Premio também oferecido pela amiga SAM a todos os blogs citados e amigos da Casa da Mariquinhas


domingo, 22 de março de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XV

(Ficção baseada em factos reais)

- Ele acaba por se habituar…e olhe que para mim também não vai ser fácil estar sem ele umas horas. Sei que ao princípio me vai custar, mas tem que ser! – acrescentou Anita, resolutamente.

FIM DO.EPISÓDIO XIV
EPISÓDIO XV

E continuou:
-O que eu pretendo é ir dar aulas no colégio. A mãe podia vir comigo falar com a directora…que acha? Ou parece-lhe melhor eu ir com o pai?
- Não me importo de ir contigo, e não vejo interesse em que seja o teu pai a acompanhar-te. Afinal, num primeiro contacto, apenas vais informar-te da possibilidade de lá dares aulas, não é? Pode não haver vaga…sei lá!

Anita sentiu-se invadir por um certo desânimo. No meio de todo o seu entusiasmo nem se lembrara da hipótese de não haver vaga no colégio.
Ao ver o seu ar decepcionado, Eulália acrescentou, rapidamente:

- Mas de qualquer modo vamos lá. Não se perde nada por isso. E, se não houver vaga, podes lá deixar a indicação de que pretendes leccionar, e no próximo ano lectivo talvez já consigas…
Deixa-me ir calçar uns sapatos, e vamos lá já. Até porque quero passar primeiro pela Igreja, para entregar umas roupas ao padre. Amanhã é dia de distribuição aos pobres, e ele, coitado, nunca tem que chegue para as necessidades…

Alguns minutos depois estavam a caminho da igreja.
O padre recebeu-as com um sorriso, cumprimentou-as, e logo se voltou para a cadeirinha de Tiago, ao qual fez uma festa no rosto.
- Como este menino é bonito! E como cresceu desde o baptizado!...
- É verdade, padre. Tem-se desenvolvido muito bem, e felizmente é muito saudável…- respondeu Anita.
Eulália, olhando enternecida para o neto, acrescentou:
- Com a graça de Deus, este meu netinho não tem dado preocupações à mãe. Tem tido sempre saúde, sempre comeu muito bem, e tem sempre um sorrisinho nesta carinha bonita…
Mas, padre, falemos doutra coisa. Trouxe aqui estas roupas para os seus pobrezinhos, e deixei separadas, em casa, umas mercearias, que mais logo a empregada vem cá trazer.
Mas diga-me: como vai o projecto da sua creche?
- Vai devagarinho, dona Eulália, vai devagarinho. As dificuldades são muitas…O espaço eu já consegui arranjar, e material também já tenho prometida uma grande parte. Estou a contar com a boa vontade de muitas paroquianas para fornecerem o leite, o pão, umas bolachas…enfim, o que for necessário para alimentar as crianças enquanto cá estiverem.
O senhor António, da mercearia, prometeu dar uma ajuda diária, e o senhor Francisco, da pastelaria, também...logo que a creche comece a funcionar.
- Então, padre, o que lhe falta para abrir essa bendita creche? Olhe que é uma grande melhoria para a cidade, e as mães não vêem a hora de trazerem para cá os seus meninos…
- O que falta, dona Eulália? Falta quem prepare o espaço, porque precisa ser tudo pintado, madeiras arranjadas, alguns vidros estão partidos…
- Ora, padre, isso não vai custar nenhuma fortuna. Vou falar com o meu marido, a Anita fala com o marido dela, e com mais algumas ajudas depressa se junta o dinheiro para fazer esses arranjos.
- Ó dona Eulália, eu nem sei como lhe agradecer.
Sendo assim, depois só fica a faltar arranjar alguém que queira vir tomar conta das crianças. É porque a dona Teresinha, que é a única que pode vir para cá, não consegue, sozinha, tomar conta de tantas crianças.
- Mas são assim tantas, padre?
- As mães que se mostraram interessadas, já passam de vinte, é capaz até de chegar às trinta. Para elas a creche é uma coisa muito boa, podem ir trabalhar descansadas…Há muitas senhoras que não gostam que elas levem as crianças para o trabalho…
Já vê, uma pessoa só, não dá…e o problema para arranjar mais pessoas é que o ordenado não poder ser muito grande…a paróquia tem poucos recursos…

Anita assistia à conversa, em silêncio, com um ar pensativo.
Imaginava uma sala bem arejada, limpa, com muita luz e cores bem alegres, cheia de crianças de tenra idade, algumas ainda bebés, outras gatinhando, outras ainda, cambaleantes, ensaiando os primeiros passos…
Era uma visão enternecedora.
Voltando-se para o padre, disse:
- Padre, o senhor já esteve noutras paróquias onde havia creches. Deve ter uma ideia de quantas pessoas são precisas para pôr a funcionar esta que vai abrir…

FIM DO EPISÓDIO XV

quinta-feira, 19 de março de 2009

A ORIGEM DO DIA DO PAI




Não se sabe bem ao certo o que terá originado o aparecimento do “Dia do Pai”, mas tudo leva a crer que, tal como acontece com o “Dia da Mãe”, o mesmo tenha sido criado com o intuito de fortalecer os laços familiares e o respeito pelos nossos progenitores, que nos deram a vida.

Conta-se que em 1909, em Washington, USA, Sonora Louise, filha dum veterano da guerra civil, John Bruce Dodd, ao ouvir um sermão dedicado às Mães, teve a ideia de celebrar o Dia do Pai.
A sua mãe falecera ao dar à luz o sexto filho, em 1898.
O seu pai teve que criar o recém-nascido, assim como os outros cinco filhos, sozinho.

Já adulta, Sonora sentia um grande orgulho no Pai ao vê-lo superar todas as dificuldades, sem a ajuda de ninguém.
Em 1910 Sonora dirigiu uma petição à Associação Ministerial de Spokane, cidade localizada em Washington, USA. Pediu também auxílio a uma Entidade de Jovens Cristãos da cidade.

O primeiro Dia do Pai americano foi comemorado em 19 de Junho daquele ano (1910), aniversário do pai de Sonora.
Como símbolo foi escolhida a rosa, sendo que as vermelhas eram oferecidas aos Pais vivos e as brancas dedicadas aos Pais já falecidos.
A partir dessa data a comemoração estendeu-se a todo o estado de Washington, e em 1924 o Presidente apoiou a ideia da criação de um Dia do Pai nacional; mas só em 1966 o presidente Lyndon Johnson assinou uma proclamação presidencial declarando o terceiro Domingo de Junho como o Dia do Pai.

No Brasil a ideia de comemorar o Dia do Pai partiu do publicitário Sylvio Bhering, o que ocorreu, pela primeira vez, em 14 de Agosto de 1953, dia de S. Joaquim, patriarca da família. Esta data foi depois alterada para o 2º.Domingo de Agosto, ficando diferente da americana e europeia.
Pelo menos onze países também comemoram o Dia do Pai à sua maneira e tradição.
Em Portugal e na Itália, por exemplo, a festividade acontece no dia de São José, 19 de Março. Apesar da sua ligação católica, em breve essa data ganhou destaque comercial, como, aliás, acontece com todas as datas festivas.
No Reino Unido, o Dia do Pai é comemorado no terceiro domingo de Junho, sem muita festividade. Os ingleses não costumam reunir-se em família, como noutros países. É comum os filhos oferecerem aos pais cartões, e não presentes.
Na Alemanha não existe um Dia do Pai oficial. Os Pais alemães comemoram o seu dia no Dia da Ascensão de Jesus (data variável conforme a Páscoa). Eles costumam sair às ruas para andar de bicicleta e fazer piqueniques.
Independentemente do aspecto comercial que sempre se dá a esta, como a qualquer outra comemoração, é uma data que merece ser muito festejada – por quem tem Pai ainda vivo – nem que seja para dizer um simples “Obrigado Pai”.
Àqueles cujos Pais já fizeram a grande viagem, que é o meu caso, aconselho um momento de recolhimento. Em pensamento diga também “Obrigada(o) , Pai”!
Lá, onde se encontra, o seu Pai vai ouvir o seu pensamento, e vai sentir-se muito feliz.

E agora convido-vos a ver e ouvir este vídeo, onde Vicente Fernandez, cantor e actor mexicano, considerado o expoente máximo da música rancheira, canta uma belíssima canção que compôs em honra de seu pai - "Viejo, mi querido viejo" - (para quem não sabe, a expressão "viejo" referindo-se ao Pai, é, para os mexicanos, sinónimo de enorme amor e carinho).

É uma interpretação maravilhosa de Vicente Fernandez, que, em palco, todas as vezes que canta esta canção, vertes lágrimas verdadeiras, de emoção.

Abaixo encontra a letra e a tradução que fiz, para o caso de querer acompanhar a canção.



Vicente Fernandez...Viejo mi querido viejo





Es un gran tipo mi viejo
É um grande homem, o meu velho
Que anda solo y esperando
Que anda só e esperando.
Tiene la tristeza larga
Tem a enorme tristeza
De tanto venir andando
De tanto vir, sempre andando.

Yo lo miro desde lejos
Eu olho-o desde longe
Pero somos tan distantes
Mas somos tão diferentes
Es que el creció con el siglo
É que ele cresceu com o século
Con tranvía e vino tinto
Com carro eléctrico e vinho tinto.

Viejo mi querido viejo
Velho, meu querido velho
Ahora ya caminas lento
Agora já caminhas lento
Como perdonando al viento
Como perdoando ao vento

Yo soy tu sangre mi viejo
Eu sou teu sangue, meu velho
Soy tu silencio y tu tiempo
Sou teu silêncio e o teu tempo.
Yo soy tu sangre mi viejo
Eu sou teu sangue, meu velho

El tenia los ojos buenos
Ele tinha os olhos bondosos
Y una figura pesada
E uma figura pesada
La edad se le vino encima
A idade caiu-lhe em cima
Sin carnaval ni comparsa
Sem Carnaval nem comparsa.

Yo tenia los años nuevos
Eu tinha os novos anos
Mi padre los años viejos
Meu pai os anos passados
El dolor lo llevaba dentro
A dor, ele levava-a dentro
Y tuvo historias sin tiempo
E teve histórias sem tempo

Viejo mi querido viejo
Velho, meu querido velho
Ahora ya caminas lento
Agora já caminhas lento
Como perdonando al viento.
Como perdoando ao vento.
Yo soy tu sangre mi viejo
Eu sou teu sangue, meu velho
Soy tu silencio y tu tiempo
Sou teu silêncio e teu tempo
Yo soy tu sangre mi viejo
Eu sou o teu sangue, meu velho.

domingo, 15 de março de 2009

UMA GRANDE MULHER

Há uma semana atrás festejou-se o Dia Internacional da Mulher.
Houve trocas de emails entre amigas e amigos, toda(o)s a(o)s bloguistas publicaram posts alusivos à efeméride, todos parabenizaram a Mulher.

Quem se debruçou ou apenas referiu as conquistas da Mulher que, ao longo de vários anos lutou pelos seus direitos, não esqueceu a preciosa ajuda e participação do Homem nessas mesmas lutas.

Estamos, assim, todos de acordo em que muitos homens foram e são a favor da igualdade Homem/Mulher.
Mas…ainda há muitos que o não são.
Não vou aqui, por agora, debruçar-me sobre este tema. Não faltarão oportunidades para o desenvolvermos.
Mas…não resisto a partilhar convosco este texto que recebi, sem indicação de autoria, e que considero como uma adenda à celebração do Dia Internacional da Mulher.



Thomas Weller, alto executivo de uma multinacional, viajava com sua mulher por uma estrada interestadual, quando notou que o carro estava com pouca gasolina.

Parou num posto muito simples, com apenas uma bomba de combustível.
Pediu ao único atendente que enchesse o tanque e verificasse o óleo, enquanto ele dava uma volta para esticar as pernas.

Voltando ao carro percebeu que sua mulher e o frentista estavam num papo animado.
A conversa parou enquanto Weller pagava a conta da gasolina.

Mas, ao retornar ao carro, ele viu o rapaz acenar e dizer:
- Foi óptimo falar com você!

Ao sair do posto o marido perguntou à mulher se ela conhecia o atendente.
Imediatamente ela admitiu que sim. Tinham frequentado a mesma escola e ela o namorara por cerca de um ano.

- Puxa! Você teve sorte em eu ter aparecido – vangloriou-se Weller.
Se tivesse casado com ele, seria agora a esposa de um frentista de posto de gasolina, em vez de ser esposa de um alto executivo.

- Meu querido – respondeu a mulher. Se eu tivesse me casado com ele, ele seria o alto executivo, e você o frentista do posto de gasolina.


“Atrás de todo o homem, existe uma grande mulher…exausta!”

quinta-feira, 12 de março de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XIV

(Ficção baseada em factos reais)

Mas para isso não é necessário um curso, a própria vida o ensina…
Achas que tenho razão para me sentir vazia, ou isto é puro egoísmo?

FIM DO.EPISÓDIO XIII
EPISÓDIO XIV

Humberto envolveu-a num terno abraço, respondendo:
- Claro que não é egoísmo, Anita. Eu entendo-te muito melhor do que possas imaginar. Já atravessei um período em que me sentia exactamente assim.

Curiosamente, depois que te casaste com o meu pai e vieste viver para esta casa, esse mau estar foi desaparecendo, até deixar de existir.

Quando penso no percurso que fiz, desde o teu casamento até hoje…Agora já sorrio interiormente. Quando formos os dois bem velhinhos havemos de voltar a falar nisto. Por agora vamos apenas pensar em ti, e tentar levantar esse teu moral.

Vejamos, tu já pensaste em leccionar? Tens o curso de professora, podes dedicar-te ao ensino. Ou não gostavas?...

- Claro que gostava, e muito! Tirei exactamente o curso que queria tirar, com a finalidade de ensinar as crianças. Sabes como gosto delas. Mas essa hipótese só seria viável daqui por mais de um ano, pois já não estou a tempo de concorrer à escola, para este ano lectivo.
E como hei-de aguentar mais um ano?

- Estás a esquecer-te do colégio. Para lá não precisas concorrer. O meu pai pode dar uma ajuda, falando com a directora. Como sabes, ele tem dado para lá subsídios; certamente atendem um pedido que ele faça…

-Preferia não meter o teu pai nisto. Vou antes falar com os meus pais. A directora certamente também atenderá um pedido do meu pai.

- Sim, talvez seja uma boa ideia…

- Ai, Humberto, nem sabes o alívio que sinto! Para te dizer a verdade, eu já tinha pensado nisso, mas achei que era um disparate.
Agora, a ideia partindo de ti, já me parece muito mais razoável.
Amanhã mesmo vou falar com a minha mãe.

- Calma! Tens quase dois meses à tua frente. Para quê essa pressa toda?

- Pois tu não entendes, Humberto? Eu sinto-me leve, quase a voar!
Não quero que nada possa impedir este plano que acabamos de idealizar. Quanto mais depressa se falar com a directora do colégio, mais hipóteses tenho de ser aceite.

- Tens razão, como sempre.
Amanhã, enquanto vais falar com os teus pais, vou encontrar-me com uns amigos, e depois, se quiseres, podemos ir almoçar juntos. Que te parece?

- Parece-me uma ideia excelente! Aliás, da maneira como me sinto, tudo o que possas dizer só pode ser excelente.
E, lançando os braços à volta do pescoço de Humberto deu-lhe dois sonoros beijos.

Nessa noite Anita mal conseguiu conciliar o sono, tão grande era a sua excitação.
Levantou-se ao raiar do dia, e quando se apresentou na sala para tomar o pequeno-almoço, já estava pronta para sair de casa.

Empurrando a cadeirinha de Tiago dirigiu-se a casa dos pais. O pai já tinha saído para o escritório, por isso expôs à mãe os seus planos.
A mãe ouviu-a atentamente, e no fim, observou:

- Eu compreendo-te muito bem, minha filha. Também comigo aconteceu, algumas vezes, desejar não ser apenas mãe e dona de casa.
Mas nunca pude passar disso, não tinha habilitações para mais.
Tu tens o teu curso, podes fazer uso dele. Mas, não podes esquecer uma coisa. O Tiaguinho ainda é muito pequenino, precisa de ti.
Vais ter que esperar que ele cresça um pouco, e depois poderás, então, pensar em dar aulas.

- Não, minha mãe, não vou esperar que o Tiaguinho cresça. Ele já não é assim tão pequenino. Já fez um ano, já dá uns passinhos, já não o amamento…portanto posso dispor de algumas horas longe dele.

- E achas que ele não vai sentir a tua falta? Ele está muito agarrado a ti. Não vês que até para ficar comigo, se precisas ir a algum lado sem ele, começa sempre por fazer beicinho?

- Ele acaba por se habituar…e olhe que para mim também não vai ser fácil estar sem ele umas horas. Sei que ao princípio me vai custar, mas tem que ser! – acrescentou Anita, resolutamente.

FIM DO EPISÓDIO XIV

domingo, 8 de março de 2009

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher escolhi, para partilhar convosco, um texto que considero muito bonito, da autoria de Lúcia Helena dos Santos, e também um texto do grande Pablo Neruda.

As flores irradiam a glória e a beleza de Deus–Mãe, pois ela caminha sobre a Terra em cada mulher.
Mulher! Todos os grandes senhores te reverenciam no dia de hoje, pois eles nasceram do teu ventre. Mulher! Além de todos os poderes cósmicos, levas dentro de ti a semente sagrada que provê a vida. Tu és o mais belo pensamento de Deus. Teu coração é manancial de sabedoria. De teu íntimo brota a força amorosa que nutre, regenera e ressuscita.
Homem! Neste dia internacional da mulher, lembra-te que podes divinizar-te pela admiração da mulher.
• Estás aflito? Recorre à mulher. Ela é o consolo dos aflitos.
• Estás enfermo? O toque da mulher é curativo.
• Queres descobrir os mistérios da Divindade? Busca compreender o coração da mulher.
Porque quem não reverencia a mulher, fecha as portas à graça e à beleza.
Mulher! Ao olhar-te no espelho, reconhece ali a Mãe Divina! Mira-te nela! Encarna com dignidade os dons femininos de amor, fidelidade, pureza, sensibilidade, compreensão, delicadeza, generosidade, doçura, abnegação, serenidade e o dom de tudo embelezar.
Mulher! Não te deixes corromper pela futilidade e mediocridade do mundo. Aumenta ainda mais tua força, apreendendo as virtudes dos homens, mas nunca os vícios. A regeneração do mundo depende de ti, pois tens o poder de moldar o caráter de um ser, desde o teu ventre e por toda a sua vida.
Podes transformar teu lar num templo da Divina Missão de Amor. Quando defendes tua dignidade, defendes a dignidade de cada ser humano .
Mulher! Rejeita qualquer pensamento ou sentimento de rivalidade, pois isto destrói a unidade das mulheres. Caminha graciosamente, olhando sempre com admiração o teu eterno companheiro, o homem.
Mulher! Neste Dia Internacional da Mulher, dedicado a ti, todos te proclamam como a Senhora da criação e da beleza e admiram a dádiva que é ser mulher!
Lúcia Helena dos Santos


MULHERES

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo em que acreditam.
Elas levantam-se contra a injustiça.
Elas não levam “não” como resposta quando acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para as suas crianças poderem tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando as suas crianças adoecem, e alegram-se quando as suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem falar sobre um aniversariante ou um casamento.

Pablo Neruda

quinta-feira, 5 de março de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XIII

(Ficção baseada em factos reais)

Duas semanas depois do baptizado de Tiago, Humberto partiu para Inglaterra.

FIM DO.EPISÓDIO XII
EPISÓDIO XIII



A despedida foi dolorosa para ambos.
Anita não se preocupou em ocultar as lágrimas, deixando-as deslizar livremente pelo rosto.

Havia bastante tempo que deixara de se preocupar com o que Vicente poderia pensar da sua amizade com Humberto.
Sentia uma grande mágoa pela partida do enteado, e manifestava-a abertamente.

Os dias seguintes foram difíceis de passar, pois sentia-se muito sozinha.
Vicente continuava a sair todas as noites, não se incomodando por saber que agora Anita nem tinha a companhia do enteado.

Depois de jantar sozinha, apenas com Tiago por companhia, deitado no seu carrinho, Anita escrevia a Humberto. Era uma espécie de diário, onde ela descrevia como passara o dia, os seus pensamentos, as preocupações, as “gracinhas” de Tiago…

Uma vez por semana fazia a carta seguir para o correio, e recebia uma de Humberto, do mesmo género das que ela escrevia.

Lentamente foi criando novas rotinas.
Saía de casa empurrando o carrinho de Tiago, e ia a casa da mãe, que morava a uma certa distância; aproveitava, assim, para fazer um pouco de exercício, agora que se sentia completamente recuperada.
No regresso passava pela Igreja. Ajoelhava-se, rezava as suas orações, e saía com a alma mais tranquila e fortalecida.
Algumas vezes cruzava-se com o pároco, demorando-se um pouco em amena conversa.

Os meses sucederam-se rapidamente; chegou o tempo de férias escolares, e com ele o regresso de Humberto.
Anita não cabia em si de contente ao receber o enteado num forte abraço.

Humberto maravilhou-se com o desenvolvimento do seu afilhado, que já ensaiava os primeiros passos.
Recomeçaram as longas conversas ao serão. Humberto falava dos seus estudos, do dia a dia em Inglaterra, das amizades que por lá fizera…

Ao ouvi-lo, Anita sentia uma ligeira ponta de ciúme. Sentia que Humberto vivia uma vida em pleno, longe dela; e se, por um lado, isso a alegrava, por outro não podia deixar de comparar o que ele, entusiasticamente lhe descrevia, com a sua própria existência. Começava a sentir um grande vazio.
Um dia desabafou com o enteado.
- Sabes, Humberto, sinto que estou a viver uma vida sem sentido. Não saio nunca desta rotina, de fazer todos os dias a mesma coisa…
- Mas nas cartas que trocamos nunca mo deste a entender…Parecias feliz, tratando do Tiaguinho, visitando a tua mãe, conversando com o novo padre…Pareceu-me, até, que estava a despontar uma certa amizade entre ti e o pároco…
O que se passa, “mãezinha”? E acrescentou com ar brincalhão – alguma crise existencial?
- Tu não me levas a sério, nunca ninguém me levou a sério…- e uma lagrimita começou a bailar-lhe nos olhos.

Humberto apercebeu-se de que o assunto era mesmo sério. Abandonou o seu ar brincalhão, pegou-lhe nas mãos, e dando-lhe um beijo rápido na face, disse:
- Não quero voltar a ver esse ar triste no teu rosto. Vamos lá conversar calmamente. Quero que me digas tudo o que te preocupa. Não te esqueças que sou o teu melhor amigo, que podes confiar em mim inteiramente. Não sei eu todos os teus segredos?
Abre o teu coraçãozinho – acrescentou com um sorriso, tentando não parecer demasiado solene.

Anita respirou fundo, e, após uma ligeira pausa, desabafou:
- Sinto-me muito mal, Humberto. Uma verdadeira inútil. Ainda agora, ouvindo-te falar na vida que levas em Inglaterra, lembrei-me dos meus tempos de estudante.
Humberto franziu levemente o sobrolho, ao pensar: ainda gosta dele…

Indiferente aos pensamentos de Humberto, Anita continuou:
- Afinal, andei tantos anos a estudar, para quê?
Para orientar uma casa, onde o marido raramente põe os pés, e tratar duma criança?
Eu adoro o meu filho, e nada me dá mais prazer do que tratar dele, tu sabes…
Mas para isso não é necessário um curso, a própria vida o ensina…
Achas que tenho razão para me sentir vazia, ou isto é puro egoísmo?

FIM DO EPISÓDIO XIII

segunda-feira, 2 de março de 2009

MUNDO PARALELO

Está uma manhã linda, de sol brilhante.
Entro na auto-estrada. O tráfego é intenso, mas flui normalmente, o que me permite manter o conta-quilómetros nos 120Km - velocidade de cruzeiro - sem sobressaltos.
Vou ouvindo a quinta sinfonia de Beethoven, naquele tom suave que me permite ouvir perfeitamente a música, sem, contudo, me isolar do mundo que me rodeia.
O brilho do sol por vezes reflecte-se nos cromados dos outros carros, provocando faíscas brilhantes.
De súbito, começo a ver, lá bem longe, uma sombra que ainda não consigo identificar. Será fumo? - Não faz tanto calor que justifique um qualquer incêndio espontâneo.
Nevoeiro? - Está um sol tão claro, um céu azul sem nuvens…
Á medida que me aproximo a mancha começa a tomar todo o aspecto de névoa.
Estranho, num dia tão bonito! - É, talvez, um banco de nevoeiro.
Não parece muito lógico, mas…é isso mesmo, é nevoeiro que, quanto mais me aproximo, mais se adensa.

Os carros ligam os faróis de nevoeiro e começam a abrandar a marcha.
Em breve o nevoeiro torna-se tão cerrado que dificilmente vejo o carro à minha frente.
O trânsito avança muito lentamente.
Apercebo-me, com apreensão, que a traseira do carro que me precede começa a esfumar-se, e logo em seguida deixo de ver os próprios faróis de nevoeiro.
Pelo espelho retrovisor não vejo absolutamente nada. Estou totalmente rodeada de nevoeiro.
Travo e paro completamente, esperando, dentro de poucos segundos, sentir bater, no meu carro, o que vinha atrás de mim.
Uns segundos, um minuto, dois…e nada acontece.
Intrigada, abro a janela do carro, sinto uma ligeira aragem. Espreitando lá para trás nada vislumbro. O nevoeiro entra pela janela.
Decido abrir a porta do carro e sair. O nevoeiro envolve-me completamente. O silêncio é total, absoluto. Agora não corre a mais leve aragem. E a claridade começa a diminuir… Mas ainda não é meio-dia!
Sinto-me completamente só, isolada do resto do mundo, suspensa no tempo e no espaço.
Lentamente começa a invadir-me uma sensação de medo, que em breve se transforma em pânico.
Onde estou?
Onde estão todos que me acompanhavam na estrada?
Onde está a estrada?
Para onde vim?
Que mundo será este onde me encontro?
Levanto o olhar ao céu, esperançada em conseguir encontrar aí algum sinal que possa orientar-me.
É então que compreendo o porquê da ausência de claridade: milhares e milhares de pássaros, enormes, negros, planam, em silêncio, a cerca de dois metros acima da minha cabeça.
Fico paralisada, de espanto e de medo. Para qualquer lado que lance o olhar, só vejo pássaros, enormes, negros, ameaçadores.
Dou um passo em direcção ao carro, com a intenção de entrar, pô-lo a trabalhar e fugir dali a toda a velocidade.
Estaco, ao sentir uma súbita aragem e ouvir um ruído de bater de asas, que vem de cima.
Olho, e o meu assombro redobra, se tal ainda é possível.
Os pássaros começaram a afastar-se em duas direcções opostas, formando uma grande abertura, donde surge uma luz intensa.
Ouço um bater de asas mais forte, e, com enorme assombro, vejo surgir um ser alado, duma beleza resplandecente, brilhando mais que mil sóis.

Ofuscada, e não querendo acreditar no que estou vendo, esfrego os olhos com força.

Com o coração batendo fortemente, verifico que estou deitada na minha cama, e acabo de ter um terrível pesadelo.

Mariazita, 20 Fevereiro 2009 - Algures no Norte de Portugal