(Ficção baseada em factos reais)
…
- Porquê nos afastamos precipitadamente, como se o contacto mútuo pudesse queimar-nos?
- Porquê? Porquê? Porquê?
FIM DO.EPISÓDIO XVIII
EPISÓDIO IXX
Como uma luz que, de repente, se acende na escuridão, Anita lembrou-se de Arnaldo.
- Não, não pode ser! Eu não estou a apaixonar-me pelo padre João!
Pôs rapidamente no chão a criança que tinha no colo, e levantando-se precipitadamente, gritou: NÃO!
Todas as cabeças se voltaram para ela.
Balbuciou um rápido “desculpem, preciso ir já a casa, não me demoro”, - e saiu quase a correr para a rua.
Por cerca de meia hora caminhou sem destino, tentando acalmar aquela verdade que lhe martelava o cérebro: estou apaixonada!
Não queria acreditar, mas a sensação que tinha era exactamente igual à dos tempos em que amara Arnaldo.
Sentiu-se horrorizada.
Encaminhou-se para a Igreja, que não distava muito da creche, ajoelhou-se e, com os olhos fechados e as mãos apertadas convulsivamente, apenas conseguiu murmurar:
- Meu Deus, por favor! Faz com que isto não seja verdade. Isto não pode acontecer. Ajuda-me, Senhor!
Silenciosamente engoliu as lágrimas que teimavam em assomar aos seus olhos. Manteve-se assim uns minutos.
Mais calma dirigiu-se à creche, onde se notava uma ligeira agitação, motivada pela sua saída intempestiva.
À hora da saída não esperou a habitual chegada do padre. Pediu a dona Teresinha que a desculpasse junto dele por não lhe fazer o habitual relatório do dia, mas tinha urgência em sair.
- Amanhã falarei com ele - rematou.
Em casa voltou a sentir-se muito angustiada, e lamentou não ter Humberto junto de si, para poder desabafar e aconselhar-se.
Depois de jantar resolveu escrever-lhe.
Contou-lhe o sucedido nessa manhã; falou da desconfiança acerca dos seus próprios sentimentos, ao mesmo tempo que os repudiava; jurava que não queria apaixonar-se, e muito menos por um padre.
Toda a carta era um grito, um pedido de socorro!
Nos dias que se seguiram, Anita tentou proceder com naturalidade.
Com grande esforço conseguia, todas as tarde, esperar pelo padre, a quem fazia, como sempre, o relatório do dia. Mas agora tinha o cuidado de conservar Tiaguinho junto de si, ao contrário do que acontecia anteriormente. O menino começara por refilar mas, habituado a obedecer às ordens da mãe, rapidamente se aquietara.
Uma semana mais tarde Eulália apareceu na creche. Precisava falar com o padre – na realidade ia apenas entregar-lhe uma contribuição para as suas obras – e lembrara-se de passar por ali para ver a filha e o netinho.
Tiaguinho adorava a avó, que lhe fazia todas as vontades.
Logo que a viu atirou-se-lhe ao pescoço, beijocando-a, e pedindo: vovó, quero ir jantar contigo e com o vô.
Eulália olhou interrogativamente para Anita que, sorrindo, aquiesceu.
À hora habitual apareceu o padre João que se dirigiu a Eulália com o melhor dos sorrisos.
Chamando-o um pouco à parte, entregou-lhe o envelope que o marido mandara.
Dirigindo-se a Tiaguinho, segurou a sua mãozinha e encaminhou-se para a saída. Rapidamente Anita disse:
- Minha mãe, espere um pouco. Vou só apresentar o relatório ao padre João, e saio já convosco.
- Não, minha filha. Tenho que ir já para ultimar o jantar. Com o Tiaguinho lá preciso fazer aquela sobremesa que ele adora…
Anita foi, assim, forçada a aceitar a resposta da mãe.
Todos tinham saído. Anita encontrava-se, pela primeira vez desde há uma semana, a sós com o padre João.
Este sentia-se tão pouco à vontade e contraído quanto Anita que, falando precipitadamente, começou a contar-lhe como tinha decorrido o dia, ao mesmo tempo que lhe mostrava as facturas das contas para pagar, que o carteiro havia trazido naquele dia.
As suas mãos tremiam de tal modo que deixou cair ao chão parte dos papéis. Ambos se baixaram ao mesmo tempo para os apanhar, e, nesse movimento, ficaram muito próximos um do outro, quase a tocarem-se, e as mãos tão próximas que sentiam o calor dumas nas outras.
Mantiveram-se assim por um momento, em suspenso, olhando-se nos olhos, sem saberem que atitude tomar.
Como uma luz que, de repente, se acende na escuridão, Anita lembrou-se de Arnaldo.
- Não, não pode ser! Eu não estou a apaixonar-me pelo padre João!
Pôs rapidamente no chão a criança que tinha no colo, e levantando-se precipitadamente, gritou: NÃO!
Todas as cabeças se voltaram para ela.
Balbuciou um rápido “desculpem, preciso ir já a casa, não me demoro”, - e saiu quase a correr para a rua.
Por cerca de meia hora caminhou sem destino, tentando acalmar aquela verdade que lhe martelava o cérebro: estou apaixonada!
Não queria acreditar, mas a sensação que tinha era exactamente igual à dos tempos em que amara Arnaldo.
Sentiu-se horrorizada.
Encaminhou-se para a Igreja, que não distava muito da creche, ajoelhou-se e, com os olhos fechados e as mãos apertadas convulsivamente, apenas conseguiu murmurar:
- Meu Deus, por favor! Faz com que isto não seja verdade. Isto não pode acontecer. Ajuda-me, Senhor!
Silenciosamente engoliu as lágrimas que teimavam em assomar aos seus olhos. Manteve-se assim uns minutos.
Mais calma dirigiu-se à creche, onde se notava uma ligeira agitação, motivada pela sua saída intempestiva.
À hora da saída não esperou a habitual chegada do padre. Pediu a dona Teresinha que a desculpasse junto dele por não lhe fazer o habitual relatório do dia, mas tinha urgência em sair.
- Amanhã falarei com ele - rematou.
Em casa voltou a sentir-se muito angustiada, e lamentou não ter Humberto junto de si, para poder desabafar e aconselhar-se.
Depois de jantar resolveu escrever-lhe.
Contou-lhe o sucedido nessa manhã; falou da desconfiança acerca dos seus próprios sentimentos, ao mesmo tempo que os repudiava; jurava que não queria apaixonar-se, e muito menos por um padre.
Toda a carta era um grito, um pedido de socorro!
Nos dias que se seguiram, Anita tentou proceder com naturalidade.
Com grande esforço conseguia, todas as tarde, esperar pelo padre, a quem fazia, como sempre, o relatório do dia. Mas agora tinha o cuidado de conservar Tiaguinho junto de si, ao contrário do que acontecia anteriormente. O menino começara por refilar mas, habituado a obedecer às ordens da mãe, rapidamente se aquietara.
Uma semana mais tarde Eulália apareceu na creche. Precisava falar com o padre – na realidade ia apenas entregar-lhe uma contribuição para as suas obras – e lembrara-se de passar por ali para ver a filha e o netinho.
Tiaguinho adorava a avó, que lhe fazia todas as vontades.
Logo que a viu atirou-se-lhe ao pescoço, beijocando-a, e pedindo: vovó, quero ir jantar contigo e com o vô.
Eulália olhou interrogativamente para Anita que, sorrindo, aquiesceu.
À hora habitual apareceu o padre João que se dirigiu a Eulália com o melhor dos sorrisos.
Chamando-o um pouco à parte, entregou-lhe o envelope que o marido mandara.
Dirigindo-se a Tiaguinho, segurou a sua mãozinha e encaminhou-se para a saída. Rapidamente Anita disse:
- Minha mãe, espere um pouco. Vou só apresentar o relatório ao padre João, e saio já convosco.
- Não, minha filha. Tenho que ir já para ultimar o jantar. Com o Tiaguinho lá preciso fazer aquela sobremesa que ele adora…
Anita foi, assim, forçada a aceitar a resposta da mãe.
Todos tinham saído. Anita encontrava-se, pela primeira vez desde há uma semana, a sós com o padre João.
Este sentia-se tão pouco à vontade e contraído quanto Anita que, falando precipitadamente, começou a contar-lhe como tinha decorrido o dia, ao mesmo tempo que lhe mostrava as facturas das contas para pagar, que o carteiro havia trazido naquele dia.
As suas mãos tremiam de tal modo que deixou cair ao chão parte dos papéis. Ambos se baixaram ao mesmo tempo para os apanhar, e, nesse movimento, ficaram muito próximos um do outro, quase a tocarem-se, e as mãos tão próximas que sentiam o calor dumas nas outras.
Mantiveram-se assim por um momento, em suspenso, olhando-se nos olhos, sem saberem que atitude tomar.
FIM DO EPISÓDIO IXX
Querida amiga Mariazita,
ResponderEliminara vida pregou-lhes uma partida, aguardo ansiosa o desfecho desta história verdadeira.
Beijinhos,
Ana Martins
Má, minha querida,
ResponderEliminarai ai, e agora?
Menina como ela vai fazer apaixonada pelo padre?
Estou louca pelo próximo capítulo, rs...
Beijo grande e agora vou dormir, rs...
Amiga Mariazita
ResponderEliminarUma Anita à beira de um ataque de nervos, por ver que o coração não quer dar ouvidos à razão.
Quantas Anitas e quantos Padres João não existem neste mundo? Uns sufocam os seus sentimentos, outros... deixam a natureza falar mais alto e depois é um problema...
Que venha o proximo capitulo rapidamente!
Um beijinho com amizade
Ooops...
ResponderEliminarO coração tem cada coisa!
Incontrolável...
Estou curiosa para ver a continuação, mas temo que venha aí mais sofrimento para Anita.
Beijinhos
São
Ai, meu Deus! Que enrascada! Gostar do padre e, pelo visto, ser correspondida! Que situação a da Anita, Não queria estar na sua pele. Não vejo a hora de a Mariazita publicar mais, estou curiosa.
ResponderEliminarQuerida:
Publiquei no Galeria hj, não deixe de ir.
Beijos,
Renata
Coitado do Tiaguinho, deve apanhar cá com cada seca...
ResponderEliminarBeijocas!
Olá menina Maria, adoro seu blog e fico ansioso com suas histórias.
ResponderEliminarMuito bom o comentário de Humberto Poeta no post anterior.
Desejo um dia lindo para ti...
Beijos do ZC
Abraços significam amor para alguém
ResponderEliminarcom quem realmente nos importamos.....
para nossos avós ou nossos vizinhos,
ou até mesmo para um ursinho amigo......
Um abraço é algo espantoso...
é a forma perfeita de mostrar
o amor que sentimos,
mas que palavras não podem dizer.
É engraçado como um simples abraço
faz-nos sentir bem...
em qualquer lugar ou língua...
É sempre compreendido...
E abraços não precisam de equipamentos,
pilhas ou baterias especiais...
É só abrir os braços e o coração...
Guarde este abraço !
beijooo.
Boa Tarde Mariazita,
ResponderEliminarAquí ainda é Bom Dia...mas, tudo é dia!...
Ainda me perco pelos labirintos dos Blogs onde me aventuro a ir, o seu ainda é um terreno a ser pesquisado passo a passo e não contentando em chegar quase no final da história, devo ir lá no começo para conhecer melhor sua casa!...
"É uma casa Portuguesa com certeza... É com certeza uma casa Portuguesa!"
Mas, o bom mesmo é que falamos a mesma língua e assim escrita, sem sotaques! Não é um bom começo?
Fica com Deus...
Rita.
Vim ler o conto, e aproveito para responder ao seu comentário. Eu não fiquei escandalizada por a Anita se apaixonar pelo padre. Afinal eles são homens como os outros. O que lamentei, é que depois de um primeiro amor frustrado, ser obrigada a casar com um homem sem amor, e que nada fez para conquistar esse amor, ir logo apaixonar-se por um padre, é mt sofrimento junto. E é claro que eu sei que isso acontece com frequência. Aqui na minha paróquia há uns anos o Padre Fernando abandonou o sacerdócio para se casar. Mas até que se decidiu muito sofreu a minha amiga.E aqueles que optam por Deus? Como não fica o coração de quem por eles se apaixona?
ResponderEliminarFoi nessa perspectiva o meu comentário.
Um abraço e continuo a acompanhar a história.
Eu estou a ficar apaixonada por esta história lindíssima!! Beijos.
ResponderEliminarQuerida Maria,
ResponderEliminarMuito bom você finalizar o capítulo com o padre e Anita naquela situação. Pode a memória me enganar, mas acho que é até agora o final de um capítulo com mais "suspense". Um beijo carinhoso.
Nossa amiga...Que situação! Que saia justa Anita se meteu! Mas quem manda no coração....Ele voa para paragens que sequer imaginamos.... Tá é boa a história!!! Demaissssssssssssss!
ResponderEliminar* Amigaque trova linda recebemos do Humberto Poeta! Pedi permissão a ele para postar naquele cantinho do poesis comments do Desnuda. Ele deixou! Vou colocar! Beijão.
Amiga
ResponderEliminarPágina a página, vais revelando a história, bonita, da vida de Anita!
Tenho que te dizer que muitas vezes tenho vontade de ter o livro todo na mão, para o ler de uma só vez até ao fim.
O mérico é todo teu que prendes o leitor em cada parágrafo que escreves!
Boa noite para ti também!
Beijinhos
PS - Contacta-me por mail, quando e se quiseres, claro!
Minha amiga, mas porque eu devia ter ficado aborrecida? Nada disso.
ResponderEliminarSimplesmente eu entendi que como ainda não tinha respondido ao seu comentário, devia fazê-lo agora. E eu sei que o que você disse é verdade. Por isso não havia qualquer razão para ter ficado aborrecida.
Deixo um abraço e votos de bom fim de semana
Oi, Rita
ResponderEliminarAqui eu respondo apenas aos comentadores que não possuem blog (que é o seu caso).
A todos os outros prefiro fazê-lo no seu própro espaço.
Senti-me um pouco encabolada com as suas palavras no post anterior.
Para mim a amizade é um sentimento muito importante. Se uma amiga (ou um amigo) está triste, preocupada, doente...enfim, se tem algum motivo para andar apreensivo, eu fico preocupada, e procuro mostrar a minha solidariedade.
Se as amigas e amigos procedem assim comigo, eu tenho mais é que retribuir...você não acha?
Não vejo qualquer razão para você sentir pouco à vontade para comentar.
Os seus comentários (e tenho lido vários...não só os que deixa na minha "Casa") são muito bons, muito bem escritos e perfeitamente claros. Portanto...vá em frente!
Ficando esperando por você, viu?
E não me esquecerei do seu pedido, para avisar...
Até amanhã.
Beijinhos
Mariazita
Mariazita
ResponderEliminarAnita deve saber que os padres te de fazer votos de celibato. Por vezes pensa-se que o preferido chama-se Humberto, entretanto apareceu o senhor prior, que dizer?
Há casos, em que um homem, não passa de um amigo, para aprovar o que o pensamento de uma mulher maquina!
O leitor tenta entender, mas tem de esperar.
Em livro, entusiasmo-me e antes dos PC, não raro, só adormecia, quando soubesse o epílogo.
Beijinhos,
Daniel
A felicidade não é algo que se adie para o futuro, é algo que se desenha para o presente.
ResponderEliminarFim de semana cheio de felicidade para vc.
beijooo.
Hoje não tenho tempo para ler, volto cá amanhã, mas quero desejar bom fim-de-semana. E..."It was a Dark and Silly night" do cartonista do New Yorker. Ele também tem este, creio que inspirado no atendimento público português por telefone.
ResponderEliminarMariazita,
ResponderEliminarEste "percalço" na vida sentimental da Anita não tem que ser considerado uma "preversão".
Acontece muitas vezes... sabes que o padre que me causou é hoje um respeitado marido e pai de família?
É verdade... a vida tem destas situações que devemos encarar com naturalidade.
Cá fico à espera do desfecho.
Bom fim de semana
Beijos