ANITA – EPISÓDIO XXIII
(Ficção baseada em factos reais)
…
O Amor nunca pode ser um erro. E eu amo-te muito, Anita; tanto que, ainda que tu não sentisses nada por mim, só o meu Amor chegaria para nós dois.
EPISÓDIO XXIII
E com estas palavras o Amor de ambos foi consumado.
Como Tiaguinho estava em casa dos avós, Anita não se preocupou em ir para sua casa, o que fez apenas no dia seguinte.
Durante o trajecto estranhou que tudo estivesse exactamente igual, que nada tivesse mudado; e ao entrar em sua casa, encontrou-a arrumada da mesma maneira de sempre.
Isto causou-lhe uma certa estranheza. Parecia-lhe que tudo deveria ter mudado, mas afinal nada de estranho acontecera. A mudança ocorrera apenas dentro de si. Sentia que era uma outra mulher.
O dia decorreu normalmente, apenas com a diferença da ausência de Tiaguinho, que lhe custou a suportar. À tarde resolveu ir a casa da mãe, onde encontrou avós e neto felizes e contentes, à mesa de um apetitoso lanche. Conservou-se ali até ao anoitecer; nessa altura regressou a sua casa, sozinha, já que tinha prometido ao filho deixá-lo passar na casa dos avós o fim-de-semana completo.
Ao entrar em casa sentiu o peso da solidão.
Como era já habitual, Vicente não se encontrava em casa.
Teve que fazer um esforço grande para não ceder à tentação de ir ao encontro do padre João.
Sentiu uma saudade muito viva de Humberto, e lamentou, mais do que nunca, não ter o amigo junto de si. Quando terminou de jantar resolveu escrever-lhe.
A vontade de contar ao enteado tudo o que lhe acontecera era enorme. Mas, por maior à vontade que tivesse com ele, hesitou muitas vezes, sem encontrar a melhor forma de relatar o sucedido.
Por fim respirou fundo, soltou um suspiro, e, com determinação, começou a escrever. A partir desse momento as palavras fluíam sem dificuldade, e nada ficou esquecido. Terminava dizendo:
- Só te peço que não me condenes, nem a mim nem ao João, pois o que fizemos não foi uma acção leviana; é apenas a sequência lógica do nosso amor. Eu amo-o, Humberto, tenho a certeza, e sei que ele também me ama. Sei que vais considerar o que nos une como “amor impossível”, mas até isso vai ser ultrapassado, porque nós conversamos, e o João considera a hipótese de abandonar o sacerdócio. E a partir daí tudo será fácil. Divorcio-me do teu Pai e irei viver com o João, casados ou não, não importa. Diz que me apoias, meu querido Humberto; que me compreendes, que queres que eu seja feliz, e que estarás sempre do meu lado. Tu fazes parte da minha felicidade, sabes isso…
E terminava com as despedidas habituais.
Quando Humberto leu esta carta sentiu o mundo desmoronar-se à sua volta. Leu-a e releu-a vezes sem conta, na esperança de que não tivesse entendido bem o que lá estava escrito.
Quando se convenceu de que era mesmo verdade o que os seus olhos lhe mostravam, grossas lágrimas rolaram pelo seu rosto. Nada fez para as reprimir; ao contrário, deixou-as deslizar, pensando que ajudariam a lavar o seu enorme desgosto.
Entretanto, na ilha tudo decorria dentro da calma habitual.
Anita continuava a ir todos os dias para a creche, onde cumpria as suas obrigações, como se nada se tivesse alterado na sua vida.
O padre João aparecia à hora do almoço e à tarde, pontualmente; sempre que podia, trocava olhares apaixonados com Anita. Quando havia papeis a entregar, arranjavam maneira de as suas mãos se tocarem, o que lhes provocava arrepios de prazer.
Ansiavam por se encontrar de novo, mas as oportunidades não eram muitas.
Tiaguinho, que tinha adorado o fim-de-semana que passara com os avós, todos os dias pedia à mãe que o deixasse ir novamente dormir lá.
Anita viu aí a oportunidade que faltava ao seu amor.
A meio da semana, à saída da creche, em vez de ir para sua casa foi visitar a mãe. Como era de esperar, Tiaguinho dependurou-se no pescoço da avó, a pedir-lhe para dormir lá em casa.
Anita fingiu-se contrariada, e, para não levantar suspeitas respondeu que só no fim-de-semana, se entretanto ele se portasse bem.
E foi assim que Tiaguinho passou a ir à sexta-feira dormir a casa dos avós, e Anita pôde alimentar o seu amor.
Finalmente chegou a tão esperada carta de Humberto.
(Ficção baseada em factos reais)
…
O Amor nunca pode ser um erro. E eu amo-te muito, Anita; tanto que, ainda que tu não sentisses nada por mim, só o meu Amor chegaria para nós dois.
FIM DO.EPISÓDIO XXII
EPISÓDIO XXIII
E com estas palavras o Amor de ambos foi consumado.
Como Tiaguinho estava em casa dos avós, Anita não se preocupou em ir para sua casa, o que fez apenas no dia seguinte.
Durante o trajecto estranhou que tudo estivesse exactamente igual, que nada tivesse mudado; e ao entrar em sua casa, encontrou-a arrumada da mesma maneira de sempre.
Isto causou-lhe uma certa estranheza. Parecia-lhe que tudo deveria ter mudado, mas afinal nada de estranho acontecera. A mudança ocorrera apenas dentro de si. Sentia que era uma outra mulher.
O dia decorreu normalmente, apenas com a diferença da ausência de Tiaguinho, que lhe custou a suportar. À tarde resolveu ir a casa da mãe, onde encontrou avós e neto felizes e contentes, à mesa de um apetitoso lanche. Conservou-se ali até ao anoitecer; nessa altura regressou a sua casa, sozinha, já que tinha prometido ao filho deixá-lo passar na casa dos avós o fim-de-semana completo.
Ao entrar em casa sentiu o peso da solidão.
Como era já habitual, Vicente não se encontrava em casa.
Teve que fazer um esforço grande para não ceder à tentação de ir ao encontro do padre João.
Sentiu uma saudade muito viva de Humberto, e lamentou, mais do que nunca, não ter o amigo junto de si. Quando terminou de jantar resolveu escrever-lhe.
A vontade de contar ao enteado tudo o que lhe acontecera era enorme. Mas, por maior à vontade que tivesse com ele, hesitou muitas vezes, sem encontrar a melhor forma de relatar o sucedido.
Por fim respirou fundo, soltou um suspiro, e, com determinação, começou a escrever. A partir desse momento as palavras fluíam sem dificuldade, e nada ficou esquecido. Terminava dizendo:
- Só te peço que não me condenes, nem a mim nem ao João, pois o que fizemos não foi uma acção leviana; é apenas a sequência lógica do nosso amor. Eu amo-o, Humberto, tenho a certeza, e sei que ele também me ama. Sei que vais considerar o que nos une como “amor impossível”, mas até isso vai ser ultrapassado, porque nós conversamos, e o João considera a hipótese de abandonar o sacerdócio. E a partir daí tudo será fácil. Divorcio-me do teu Pai e irei viver com o João, casados ou não, não importa. Diz que me apoias, meu querido Humberto; que me compreendes, que queres que eu seja feliz, e que estarás sempre do meu lado. Tu fazes parte da minha felicidade, sabes isso…
E terminava com as despedidas habituais.
Quando Humberto leu esta carta sentiu o mundo desmoronar-se à sua volta. Leu-a e releu-a vezes sem conta, na esperança de que não tivesse entendido bem o que lá estava escrito.
Quando se convenceu de que era mesmo verdade o que os seus olhos lhe mostravam, grossas lágrimas rolaram pelo seu rosto. Nada fez para as reprimir; ao contrário, deixou-as deslizar, pensando que ajudariam a lavar o seu enorme desgosto.
Entretanto, na ilha tudo decorria dentro da calma habitual.
Anita continuava a ir todos os dias para a creche, onde cumpria as suas obrigações, como se nada se tivesse alterado na sua vida.
O padre João aparecia à hora do almoço e à tarde, pontualmente; sempre que podia, trocava olhares apaixonados com Anita. Quando havia papeis a entregar, arranjavam maneira de as suas mãos se tocarem, o que lhes provocava arrepios de prazer.
Ansiavam por se encontrar de novo, mas as oportunidades não eram muitas.
Tiaguinho, que tinha adorado o fim-de-semana que passara com os avós, todos os dias pedia à mãe que o deixasse ir novamente dormir lá.
Anita viu aí a oportunidade que faltava ao seu amor.
A meio da semana, à saída da creche, em vez de ir para sua casa foi visitar a mãe. Como era de esperar, Tiaguinho dependurou-se no pescoço da avó, a pedir-lhe para dormir lá em casa.
Anita fingiu-se contrariada, e, para não levantar suspeitas respondeu que só no fim-de-semana, se entretanto ele se portasse bem.
E foi assim que Tiaguinho passou a ir à sexta-feira dormir a casa dos avós, e Anita pôde alimentar o seu amor.
Finalmente chegou a tão esperada carta de Humberto.
FIM DO EPISÓDIO XXIII
Continuo a gostar da história, muito embora me pareça que a Anita está a entrar por um caminho perigoso, mas enfim quando o amor é grande, a cabeça não pensa. Porque se o marido descobre, e para se vingar lhe tira o Tiaguinho? Sabemos que antigamente a mulher que traía o marido, deixava de ter qualquer direito perante a justiça.
ResponderEliminarFico aguardando com interesse a continuação
Um abraço
Querida Mariazita
ResponderEliminarQue a razão e a paixão raramente andam de mãos dadas, é uma verdade!
Para quem acompanha esta história, é inevitável sentir receio por Anita...
É tão real esta história, amiga...
quantas Anitas, quantos Vicentes, quantos Humbertos, quantos Padres, quantos avós, quantos netos...
E a eterna paixão que não anda de mão dada com a razão!
Um beijinho do tamanho do mundo
Mariazita,
ResponderEliminarAnita está finalmente a viver um grande e verdadeiro amor. Esperemos que tudo se desenrole como ela deseja.
Beijinhos,
Ana Martins
Mariazita:
ResponderEliminarA coisa está esquetando, do jeito que eu gosto. Só quero ler a carta do Humberto, pobre Humberto, tão apaixonado por Anita...
Vc está cada vez melhorar, Mariazita.
Beijos,
Renata
Cadê os MEUS SELOS na sua coleção de selos?
ResponderEliminarRenata
Olá Mariazita
ResponderEliminarTenho vindo a acompanhar estes
episódios de Anita e estou a gostar muito desta história,
apesar de entender que o caminho
no qual Anita está a entrar, é
caminho digamos que sinuoso, muito
perigoso e que poderá trazer-lhe
grandes problemas. Mas aguardemos
o desenvolvimento e fecho.
Um abraço
Alvaro Oliveira
Bela esta história de vida! Beijos.
ResponderEliminarMariazita,
ResponderEliminarE assim se consumou um amor que só sobreviverá se conseguirem ultrapassar todas as barreiras que a sociedade, as famílias e o preconceito lhes irá impôr.
Mas, como o amor, quando é verdadeiro, não se submete às razões da razão, Anita, apesar de tudo, acabará por ver concretizados os seus sonhos.
Isto sou eu a antecipar-me ao desfecho desta história que não tem assim tanto de estranha.
Ela acontece com frequência, mas creio que a maior parte delas permanece na clandestinidade.
O preconceito é muito forte, Mariazita.
E mais uma vez, te dou os parabéns pela forma como escreves.
Um beijo
A historia de Anita, irá acabar, como quase todas as historias de Amor.
ResponderEliminarUmas lágrimas, uns desesperos, uma solidão ocasional e a vida vai continuar com o sol a brilhar, as flores a crescer e o padre a dar missa noutra freguesia.
Bj.
(Oxalá que não seja bem como digo, já tenho simpatia pela Anita)
Ai..Tadinho do Humberto...Ele perdeu a chance de se declarar...Mamos ver se João cumprirá a promessa. E fiquei preocupada....Elvira está certa! Ai... tenho até temor de pensar no sofrimento de Anita se perder a guarda do filho. E estou ansiosa pra saber a carta de Humberto! Aff, Mariaaaaaaaaaaaaaa!!!
ResponderEliminarBeijão amiga!
Minha Querida,
ResponderEliminarAh, eu compreendo a Anita! Ela está a viver o amor da sua vida, um grande amor. Porquê não tentar ser feliz? Talvez ela saiba que só existe o presente...e é nele que tem que ser feliz. Aconteça o que acontecer ela neste momento está feliz…
Poderá ou não vir a sofrer…veremos o que vai acontecer no próximo episódio!
Mil beijinhos com muito amor
Tua manita
Querida Maria,
ResponderEliminarÉ de se imaginar a reação do enteado depois de receber a carta. Tinha, talvez, a esperança de o amor entre ele e Anita um dia se concretizar e vê essa esperança morrer com o amor de Anita por um outro homem, que, ainda por cima, é ministro de Deus aqui na terra. Coitadinho! Beijinhos.
Bem..., parece que me enganei a respeito do padre João e..., ainda bem!
ResponderEliminarJá temia por Anita.
O pobre Humberto é que ficou agora de coração despedaçado. Atrasou-se..., devia ter-se declarado antes. Talvez Anita o tivesse visto "com outros olhos"..., o pudesse ver como mais que amigo.
Agora é tarde...
Beijinhos
Fico à espera
PS: Tens lá um coração a bater por e para ti.
:-)))
Tem selinho la no blog presentes para vc.
ResponderEliminarbeijooo.
Boa noite Mariazita!
ResponderEliminarNão, não vou comentar esta brilhante reconstituição, penso!, dos Invernos e das Primaveras que a tua árvore genealógica suportou/vivenciou. Vim à tua casa pq, sinceramente, às vezes tenho saudades! Vá, dá-lhe com força e publica. Eu compro e leio... em papel.
Bjs
Caro Carlitos
ResponderEliminarEmbora tenha deixado de responder aos comentários aqui, neste espaço, (salvo no caso em que os comentadores não têm blog), abro aqui uma excepção para dar uma explicação, suscitada pelo teu comentário, que penso deva ser do conhecimento de todos os meus leitores de Anita.
A história não tem nada a ver com a minha árvore genealógica.
Como já tive ocasião de referir trata-se da história da vida de alguém que uma amiga minha conheceu, e que ma transmitiu.
Não se trata de uma biografia.
Obviamente, os nomes das pessoas são fictícios, os locais não são nomeados, propositadamente, embora eu os conheça; as datas referidas não são exactas, mas muito aproximadas. Tudo se passou no século XX; a história termina em finais dos anos 80.
Quanto à tua futura compra :) digo-te o mesmo que, no capítulo anterior, disse ao João Paulo:
é melhor esperares sentado...
Obrigada por teres vindo.
Um beijo
Mariazita
Amiga Mariazita
ResponderEliminarAmor, paixão e um sobressalto de outros sentimentos que com eles surgem.
A Anita percebeu que para viver teria que arriscar, que a vida vai ficando mais curta a cada e dia e que as oportunidades de ser feliz não surgem todos os dias, e vêm muitas vezes das formas mais inesperadas que se poderia imaginar.
Fico a aguardar a continuação desta saga belíssima.
Anita e o Humberto já vão fazendo parte da família... Sente-se a falta deles nos intervalos desta narrativa!
Um beijinho amigo.
Olá minha querida amiga!
ResponderEliminarEssa história fica melhor a cada episódio.
Estou trocendo pra que seu filho a apoie e que os dois sejam felizes, que esse amor não se acabe.
Sabe estou revivendo um amor assim, tive o apoio do meu filho.
Tanto que passou a chamar o pai das minhas filhas de pai, eu achava isso gratificante pois o pai dele era ausente e ele sentia muito a falta dele.
Pena que o meu amor que parecia eterno com a convivência se acabou... Pena mesmo, sou uma mulher etermnamente apaixonada.
Desejo um final feliz aos dois amantes!
Lindo fim de semana pra você em família minha q
Amiga...???Mariaziiiitaaaa???
ResponderEliminarrsss não sei o que houve, o comentario seguiu sem que eu o tivesse terminado....
Meu desejo de um fim de semana alegre em família.
Carinhoso abraço da Jady.
Mariazinha
ResponderEliminarParece que a Anita vai mandar tudo às malvas e ficar com pároco, ou será que o Humberto que o Humberto vai reagir?
E como ficará o legítimo, e família, quando souber?
Postei mais um capítulo da guerra do Onofre - "O Amor e a Guerra."
Publiquei no "Jornal da Amadora" e editei no primitivo muilagre. Estava a tentar reaprender a escrever.
Estou a dar uma grande volta e republicar o que foi "Esquadrão 297 em Angola".
Convidei-te para a abertura, apenas. Não tinha ideia de editar a chamada.
Daniel
Ai que o patife do padre teve sorte, e ela é, bem portuguesa, foi logo contar. Sem os outros saberem o sexo não faz sentido para os portugueses, têm que contar para satisfação completa.
ResponderEliminar