Como todos sabem, o envelhecimento provoca certas alterações no organismo, as quais podem ser minimizadas, retardadas, mas acabam por acontecer, inevitavelmente.
Uma das capacidades mais afectadas é a memória. Com o passar do tempo verificamos que nos lembramos menos das coisas, esquecendo até, às vezes, compromissos assumidos.
Passaram-se quatro meses, apenas. Acho que envelheci muito neste curto espaço de tempo! Ou terei ficado apenas “menos jovem”???
Seja o que for que aconteceu, a minha memória começa a atraiçoar-me…O prometido texto, na íntegra, ficou no rol do esquecimento.
Penitencio-me, publicando-o hoje, esperando que não seja uma “penitência” para quem o lê!
Plena de emoções, por vezes angustiante, ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.
Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor. Um sorriso é capaz de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem.
Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.
O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem. Envelhecemos. E então algo começa a mudar.
Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes. Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância, e isso é uma dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebem as mínimas faíscas no olho de um filho.
É quando pais, idosos, dizem para si mesmos: Que fiz eu? Por que o encanto acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular?
Apenas se passaram alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente. Praticamente não ouvem mais os conselhos.
A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas. E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber. Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas, médicos – tudo passa a ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente. Porquê então desrespeitá-los?
Porquê tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que a maioria dos filhos faz. Dá ordens aos pais, trata-os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor. Naquelas mãos trémulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia.
A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação. Um dia, o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente. As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos num canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, afecto...
Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.
Desconheço a autoria
Passaram-se quatro meses, apenas. Acho que envelheci muito neste curto espaço de tempo! Ou terei ficado apenas “menos jovem”???
Seja o que for que aconteceu, a minha memória começa a atraiçoar-me…O prometido texto, na íntegra, ficou no rol do esquecimento.
Penitencio-me, publicando-o hoje, esperando que não seja uma “penitência” para quem o lê!
OS PAIS ENVELHECEM
Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho.Plena de emoções, por vezes angustiante, ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.
Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor. Um sorriso é capaz de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem.
Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.
O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem. Envelhecemos. E então algo começa a mudar.
Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes. Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância, e isso é uma dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebem as mínimas faíscas no olho de um filho.
É quando pais, idosos, dizem para si mesmos: Que fiz eu? Por que o encanto acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular?
Apenas se passaram alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente. Praticamente não ouvem mais os conselhos.
A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas. E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber. Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas, médicos – tudo passa a ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente. Porquê então desrespeitá-los?
Porquê tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que a maioria dos filhos faz. Dá ordens aos pais, trata-os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor. Naquelas mãos trémulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia.
A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação. Um dia, o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente. As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos num canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, afecto...
Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.
Desconheço a autoria
No fim de ler este texto, tinha pensado num comentário fantástico, mas esqueci-me dele... ;)
ResponderEliminarBeijocas!
Cara Mariazita,
ResponderEliminarConte aí ao meu ouvido, se teve muitas reclamações devidas ao atraso.
Se bm se recorda, antes de iniciar este maravilhoso blog, fiz-lhe uma confidências ditadas pela minha experiência, mas às quais não me subordino:
-publicar poucos posts por semana para dar tempo a serem lidos e comentados, A Mariazita segue essa norma, mas eu continuo a ignorar.
-fazer textos curtos porque as pessoas não gostam de ler muito, preferem ver bonecos! Parece que nem a Mariazita nem eu estamos a seguir este conselho!
E assim damos aos nossos espaços a individualidade que contraria a massificação. Parabéns pelo bom blog e pelo muito que foi feito nestes ainda menos de 4 meses.
Beijos
João
...-:))) é isso aí, amigo Rafeiro: a idade não perdoa!
ResponderEliminarLi que um famoso médico terá dito, +/- isto "as pessoas (menos jovens...) sabem que a vontade de viver, a atitude positiva, a acividade regular, a vida sexual activa e o espírito jovem são essenciais para uma melhor qualidade de vida".
Eu não sou de intrigas...mas aconselho uma auto-análise... -:)))
Beijocas
Mariazita
Então vou deixar o meu veneno.
ResponderEliminarLeio todos os posts até ao fim, mesmo em blogues que não me dizem nada.
Mas a vida agora é rápida ... tudo tem que sair já "feito", não há tempo para nada.
Foi por isso que criei o "ucometa", para dar aso ao que me apetece e sem compromissos, nem comigo, nem com ninguém.
Mas não me revejo no texto, porque só se estiver esporadicamente num leito, impossibilitado de andar, é que me dominam.
O problema das criancinhas que todos falam e apregoam é um minorca, comparado com o da 3ª ou 4ª idade.
Sou um acérrimo defensor da eutanásia, só se não conseguir ... e ninguém tem mais apego à vida do que eu.
Xistosa,
ResponderEliminarAté que enfim que encontro quem concorde comigo. Não a aplico aos outros mas para mim, já disse: quando estiver em más condições mentais do género de não reconhecer os familiares e de não raciocinar direito, senão houver legislação que permita fazerem-me «dormir» para sempre, não me dêem nada que prolongue a vida, nem sequer comida, apenas não deixem de dar medicamentos para tirar o sofrimento.
Se o mal for físico e não psíquico, eu tratarei de dizer o que quero.
Mas cuidado; se o Xistosa deixar uma boa herança, os herdeiros poderão antecipar a eutanásia para tomarem posse dos bens mais cedo!!!
Nada é perfeito na humanidade!!!
Um abraço
A. João Soares
Cara Mariazita
ResponderEliminarLeio este post num momento particularmente dificil da minha família, em que a minha mãe começa a dar obvios sinais de esclorese cerebral.
Sinto muitas vezes que aquela mulher activa, forte e cheia de vida já não existe mais...
No pouco que o seu raciocínio vai articulando com alguma lucidez, estão os afectos... Continua a manter intacto o amor que sempre a moveu... Mas ela já não está lá toda... Já começou a partir...
E eu, infelizmente nem sempre consigo manter a tranquilidade para poder encarar essa partida sem horário e sem controle, com o sorriso que ela merece...
Tento, pelo menos, e textos como este acabam por vir no momento certo, constituindo uma ajuda importante para a minha própria autoavaliação...
Obrigado o ter partilhado.
Um beijinho com muita amizade.
Querido amigo João
ResponderEliminarAté agora ninguém reclamou. Será que alguém notou? -:)))
"Fazer textos curtos" é um problema daqueles!!!
Eu tento, juro! Mas falo, falo, falo... e no fim não digo nada!
Numa outra encarnação devo ter sido política...
Obrigada pelas suas palavras, sempre generosas. São, forçosamente, influenciadas pela amizade. Mesmo assim sabem muito bem.
Beijinhos
Mariazita
PS - Já limpei a casa, como pode ver.
Caro Xistosa
ResponderEliminarO seu veneno não é muito venenoso...pode deixá-lo à vontade.
No que respeita à 3ªidade concordo inteiramente consigo.
Não há estruturas de apoio,e se essas pessoas não têm família que lhes possa valer, ficam abandonadas à sua sorte (normalmente falta de sorte!)
O meu amigo João, no comentário que dirije a si, expressa muito bem o que sinto em relação à eutanásia.
Legalizá-la pode ser muito perigoso, pelos motivos que ele aponta.
Não sei como se processam cá essas coisas, mas nos Estados Unidos as pessoas podem fazer uma declaração dizendo que não querem ser ligadas a máquinas se essa for a única forma de sobreviver.
As minhas duas irmãs que vivem lá têm essas declarações feitas.
Um abraço
Mariazita
Bom visitar esse cantinho.
ResponderEliminarBeijos.
É um texto bonito e muito verdadeiro! Sim, devemos ter paciência com nossos idosos, pois, se tivermos sorte...Também chegaremos lá, com todas as limitações que a idade impõe!
ResponderEliminarBeijos de luz, querida amiga e muita alegria para o seu coração...
Não falo em armazém de velharias ...
ResponderEliminarFalo em qualidade de vida do idoso.
para que quero viver até aos 80 ou 90, se não me posso deslocar e estou dependente de tudo.
Não posso obrigar os filhos a cuidarem de quem não podem.
Trabalham.
Aliás um está em Inglaterra, mas mesmo cá, têm a sua vida. Como resolver o problema ???
Haver ajuda diária aos idosos?
Não sei. Só quero ter forças para poder fazer o que penso, na altura certa.
Independentemente dos deuses e leis que só têm obrigações ...
Só desejo ter lucidez para poder decidir livremente.
Só tenho medo de morrer à fome ...
Neste séc. talvez tal não suceda.
Para:
a. joão soares
Tive uma quase mãe. A minha morreu , tinha eu 5 anos e o meu pai casou com uma irmã dela. Tia, portanto.
Morreu com Alzheimer.
Mas cerca de 6 anos antes, em pleno consultório médico disse ao clínico que ela tinha Alzheimer.
Não desejo a ninguém o que passei e o meu pai, com a m/mulher e os meus filhos, que neste caso, foram impecáveis.
Só quem passa pelos problemas lhes dá valor.
Eu não dei ... mas dei o m/valor.
Por isso não consegui interiorizar, viver a vegetar ...
Ligado a oxigénio?
Prefiro o quente calor da cremação!
Sou eu, que trato da saúde ...
Depois de partir, que façam o que quizerem do que houver.
Felizmente que deverá haver luar!
Caro Com Senso
ResponderEliminarPosso imaginar a situação delicada que está atravessando.
Os meus pais já faleceram há uns anos, mas ainda os recordo com muita saudade.
O meu pai viveu os dois últimos meses preso a uma cama, na fase terminal da doença que lhe causou enorme sofrimento.
Manteve-se lúcido até ao fim, com excepção da última semana, em que tinha visões devido à morfina que, finalmente, o médico resolveu administrar, para aliiar as dores terríveis que ele tinha e já não cediam a qualquer analgésico.
Acompanhei-o dia e noite, aqui em casa. Foi uma experiência terrível, que exigiu muita força e coragem. Mostrar um sorriso engolindo as lágrimas para que ele não percebesse que não tinha cura, não foi nada fácil. Mas até ao fim consegui que ele não se apercebesse que estava muito próxima a viagem sem regresso.
É por isso que digo que o amor (neste caso filial) opera milagres.
Quando nos parece que o mundo vai desabar, ainda arranjamos mais algum ânimo para resistir.
O seu caso é bem diferente, e exige talvez uma força ainda maior.
A doença da sua mãe também não tem retrocesso, e vai precisar de muita coragem para vê-la afastar-se cada vez mais.
Amor, muito amor e carinho é tudo o que podemos dar a pessoas nessa situação.
Beijos amigos
Mariazita
Olá Ana Maria
ResponderEliminarObrigada por ter vindo.
Volte sempre.
Beijos
Mariazita
Querida Zélia
ResponderEliminarÉ bem verdade que todos nós,(os que lá chegarem...) um dia, seremos chamados de idosos.
E se outro motivo não houver, que pelo menos essa lembrança nos leve ter consideração e respeito por eles.
Beijos carinhosos
Mariazita
Querida Mariazita,
ResponderEliminarPeço desculpa pelo meu texto sobre a eutanásia que não caiu com oportunidade, mas eu não sabia da saúde de sua mãe. Pelo que diz, não é de desejar melhoras porque é irreversível, mas desejo calma e serenidade para que a sua saúde não fique abalada com as sensações de desgosto que vai tendo.
A vida nem sempre sorri. Mas como é religiosa, a sua fé ajudará a suportar o mal-estar.
Beijos
João
E OS FILHOS TAMBÉM. MEUS PAIS NÃO VÃO AO GERIATRA, MAS EU VOU. E ESTOU MERGULHADA NUM TORPOR, NUM BAIXO-ASTRAL QUE NEM EU ME SUPORTO. POSTEI HJ SOBRE STARDUST, O MISTÉRIO DA ESTRELA E SOBRE A II PARTE DA DAMA E O UNICÓRNIO. VÁ LÁ E DEIXE O SEU COMENTÁRIO. SE AINDA NÃO PÔS COMENTÁRIO EM PARIS, EU TE AMO, APROVEITE A OCASIÃO.
ResponderEliminarwwwrenatacordeiro.blogspot.com
não há ponto depois de www
BEIJOS, CADA VEZ GOSTO MAIS DE VCS
RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO
De fato há meios de retardar a perda da memória: usar os neurônios até a exaustão. Ler, pensar, resolver problemas matemáticos, aprender teoria musical, dentre outros.
ResponderEliminarPeriodicamente, resolvo alguns teoremas e equações diferenciais do tempo da faculdade.
Saudações do condado!
Um beijo!
Olá Renata
ResponderEliminarLamento que se sinta tão mal.
Passei no seu blog dia 11 e comentei "Paris".
Se puder ainda passo por lá mais logo.
Beijos
Mariazita
Caro Oliver
ResponderEliminarTem toda a razão. É essencial manter o cérebro activo para conservar a juventude de espírito, que é a mais importante.
A outra...é efémera, dura apenas uma primavera. Mas não volta, como a estação com o mesmo nome -:)))
Beijos
Mariazita