Nos comentários ao post anterior houve um comentador que referiu a eutanásia sou um acérrimo defensor da eutanásia como solução para terminar com o sofrimento das pessoas que, no decorrer de uma doença, atingem o estado de completa dependência de máquinas para sobreviver.
O abordar deste assunto recordou-me um “apontamento” que escrevi há quase um ano atrás, foi publicado no Blogue sempre jovens - e que vou partilhar convosco.
Não se trata do mesmo tipo de eutanásia: o comentador refere-se a uma opção a que a própria pessoa deveria ter direito legal; a entrevista, de que transcrevo parte, trata de um assunto muito mais melindroso – a mesma opção a ter que ser tomada pelos pais, e a ser exercida sobre os seus próprios filhos.
EUTANÁSIA INFANTIL
Gosto de coleccionar coisas – bonecas, mochos, miniaturas de perfumes e bebidas, postais ilustrados (tenho uns milhares) – e mais não digo para não me chamarem louca !
Também gosto de coleccionar artigos, crónicas, entrevistas, que de um modo ou outro, chamaram especialmente a minha atenção.
Numa revisão a estes escritos deparei-me com uma entrevista que me tocou particularmente. Foi feita há 2 anos por uma conceituada revista, a um médico italiano a quem apelidaram de Dr. Morte.
Transcrevo aqui uns pequenos excertos.
(…) o Vaticano acusa-o de ser como os nazis. É o médico mais controverso do momento. Nos últimos três anos ajudou quatro bebés a morrer. Para ele, a eutanásia infantil não é um pecado, é um acto de misericórdia
- Seria capaz de terminar com a vida de um dos seus filhos ?
- Nunca o faria pela minha própria mão. Nesse momento seria um pai e não um médico. Acho que no caso de estar perante essa situação tão difícil – quando não há cura possível, nenhuma esperança – iria querer que o meu filho sofresse o menos possível.
- Qual foi a experiência de eutanásia mais forte que teve?
Houve um caso que mudou a minha visão pessoal. Era um recém-nascido com uma doença de pele muito rara. Bastava tocar-lhe para a pele sair. Quando tivemos a certeza absoluta do prognóstico, falamos com os pais. Passado um tempo os pais vieram pedir-nos para acabarmos com a vida do filho.
- O que sentiu nessa altura ?
- Foi chocante. Quem quer acabar com a vida de uma criança ? Por outro lado, conhecendo tão bem aquele recém-nascido e sabendo como não conseguiríamos reduzir-lhe o sofrimento, entendemos o problema dos pais. (…)
É um tema assustador. Adoro crianças. Por bebés tenho verdadeira paixão. Não consigo imaginar-me a ter que tomar uma tal decisão.
Já me vi na situação de pedir a Deus que terminasse com o sofrimento de um ente muito querido – o meu Pai.
Em fase terminal de um cancro, mantive-o em minha casa até ao final. Acompanhei-o dia e noite. O sofrimento era, por vezes, insuportável. Como não desejar que tal martírio terminasse ?
Senti, na carne, o que é pensar – antes a morte ! Mas…eutanásia infantil…é um problema muito sério.
Como classificar um médico que tem a coragem (porque é preciso muita coragem) de a praticar ?
Vamos todos pensar nisso ?
Mariazita Outubro 2007
Este tema não é nada agradável, eu sei. Mas a vida não é feita só de rosas.
“Nem sempre o sol brilha, também há dias em que a chuva cai”.
Não se trata do mesmo tipo de eutanásia: o comentador refere-se a uma opção a que a própria pessoa deveria ter direito legal; a entrevista, de que transcrevo parte, trata de um assunto muito mais melindroso – a mesma opção a ter que ser tomada pelos pais, e a ser exercida sobre os seus próprios filhos.
EUTANÁSIA INFANTIL
Gosto de coleccionar coisas – bonecas, mochos, miniaturas de perfumes e bebidas, postais ilustrados (tenho uns milhares) – e mais não digo para não me chamarem louca !
Também gosto de coleccionar artigos, crónicas, entrevistas, que de um modo ou outro, chamaram especialmente a minha atenção.
Numa revisão a estes escritos deparei-me com uma entrevista que me tocou particularmente. Foi feita há 2 anos por uma conceituada revista, a um médico italiano a quem apelidaram de Dr. Morte.
Transcrevo aqui uns pequenos excertos.
(…) o Vaticano acusa-o de ser como os nazis. É o médico mais controverso do momento. Nos últimos três anos ajudou quatro bebés a morrer. Para ele, a eutanásia infantil não é um pecado, é um acto de misericórdia
- Seria capaz de terminar com a vida de um dos seus filhos ?
- Nunca o faria pela minha própria mão. Nesse momento seria um pai e não um médico. Acho que no caso de estar perante essa situação tão difícil – quando não há cura possível, nenhuma esperança – iria querer que o meu filho sofresse o menos possível.
- Qual foi a experiência de eutanásia mais forte que teve?
Houve um caso que mudou a minha visão pessoal. Era um recém-nascido com uma doença de pele muito rara. Bastava tocar-lhe para a pele sair. Quando tivemos a certeza absoluta do prognóstico, falamos com os pais. Passado um tempo os pais vieram pedir-nos para acabarmos com a vida do filho.
- O que sentiu nessa altura ?
- Foi chocante. Quem quer acabar com a vida de uma criança ? Por outro lado, conhecendo tão bem aquele recém-nascido e sabendo como não conseguiríamos reduzir-lhe o sofrimento, entendemos o problema dos pais. (…)
É um tema assustador. Adoro crianças. Por bebés tenho verdadeira paixão. Não consigo imaginar-me a ter que tomar uma tal decisão.
Já me vi na situação de pedir a Deus que terminasse com o sofrimento de um ente muito querido – o meu Pai.
Em fase terminal de um cancro, mantive-o em minha casa até ao final. Acompanhei-o dia e noite. O sofrimento era, por vezes, insuportável. Como não desejar que tal martírio terminasse ?
Senti, na carne, o que é pensar – antes a morte ! Mas…eutanásia infantil…é um problema muito sério.
Como classificar um médico que tem a coragem (porque é preciso muita coragem) de a praticar ?
Vamos todos pensar nisso ?
Mariazita Outubro 2007
Este tema não é nada agradável, eu sei. Mas a vida não é feita só de rosas.
“Nem sempre o sol brilha, também há dias em que a chuva cai”.
Falta-me coragem para a aplicar a alguém, porque a certeza de que a doença é irreparável, nem sempre é segura. Mas para mim, já disse: quando estiver em más condições mentais do género de não reconhecer os familiares e de não raciocinar direito, senão houver legislação que permita fazerem-me «dormir» para sempre, não me dêem nada que prolongue a vida, nem sequer comida, apenas não deixem de dar medicamentos para tirar o sofrimento.
ResponderEliminarSe o mal for físico e não psíquico, eu tratarei de dizer o que quero.
Mas cuidado; se o leitor deixar uma boa herança, os herdeiros poderão antecipar a eutanásia para tomarem posse dos bens mais cedo!!!
Nada é perfeito na humanidade!!!
Um abraço
João
Me lembro deste médico. As crianças são intocáveis. Quanto aos adultos, sou de opinião que cada um sabe de si, e, é senhor do seu destino. Viver praticamente como um vegetal vai de encontro ao potencial do homo sapiens sapiens.
ResponderEliminarTambém coleciono algumas coisas. ;)
Saudações do condado!
Um beijo!
P.S.: Estou de volta depois de uma maratona intensa de trabalho e de sucessivas viagens. Desculpe a ausência temporária.
Acho que há certas coisas que só saberemos como encarar se, eventualmente, formos postos à prova.
ResponderEliminarAcho que essa deve ser a situação mais terrível de todas: Um Pai ou uma Mãe preferir a morte do filho a vê-lo sofrer.
Por principio, e no que se refere a crianças sou muito reticente a aceitar que se possa pôr termo à vida de quem não tem vontade própria. Mas, como digo, só perante uma situação concreta eu saberia como reagir... E de certeza que não reagiria apenas racionalmente.
Não teria coragem de aplicar a eutanásia em ninguém. Paradoxalmente, se eu sofresse muito, gostaria que a aplicassem em mim. Estou tão doente, Mariazinha. Pressão 20/18 (já deve ter baixado pois fui ao médico), o coração batendo fraco, os pés inchados há mais de um més devido à má circulação. Agora, estou de cama mesmo e a minha única diversão é vir aqui. Ontem fiz um post em intenção de uma amiga. Passe lá e se achar que merece comentário, deixe o seu. O mesmo é válido para o post anterior, Stardust.
ResponderEliminarwwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um abraço carinhoso,
Renata
Meu caro João
ResponderEliminarDiz-se que enquanto há vida há esperança, mas algumas doenças são mesmo fatais. Também é certo que há casos de curas que podem considerar-se milagrosas, os próprios médicos não têm explicação para elas.
Vi há 2 ou 3 anos, não me recordo bem, no canal Odisseia, uma reporgem sobre uma senhora que queria que lhe fosse aplicada eutanásia porque estava completamente dependente do marido. Ele largou o emprego para se dedicar exclusivamente a ela.
Ela apelou a tudo e todos porque queria que fosse autorizado, legal, recorreu até a tribunais internacionais, e não conseguiu autorização. Acabou por ter morte assistida por um médico amigo, mas foi o marido que lhe aplicou a injecção, para não sugeitar o médico a pesadas sanções.
Legalizar a eutanásia é perigoso, pelos motivos que o Joaõ refere.
Tem razão - nada é perfeito.
Beijinhos
Mariazita
Olá, Oliver
ResponderEliminarBom te ver! Desejo que tudo tenha corrido bem. Eu também estou quase de partida...
Concordo que as crianças são intocáveis. Duvido que eu própria fosse capaz de "autorizar" a morte de um filho.
Com os adultos é diferente. Quando não há um mínimo de qualidade de vida, é preferível a morte.
Cuide-se, viu?
Beijos
Mariazita
Caro Com Senso
ResponderEliminar"Só chora o filho, em alto choro, a mãe.
Chama os nomes mais ternos ao aborto.
Mesmo assim feio, a triste mãe o quer.
Só ela chora pelo morto.
A mágoa lhe arranca gritos
Que ninguém mais deu !"
Este é o final do poema «A senhora de Brabante», que Vilaret declamava como só ele sabia!
Não sei se conhece...é a história de um príncipe defeituoso físico, que quando morreu encheu o palácio de alegria, inclusive o próprio pai.
A mãe chorou a morte do filho, apesar de toda a sua deformidade.
São situações terríveis em que a decisão é das mais difíceis de tomar. A razão diz uma coisa, mas o coração diz o contrário.
Beijos
Mariazita
Olá Renata
ResponderEliminarLamento muito o seu estado de saúde.
Pensava que já estivesse melhor, mas, pelo que conta, não é assim.
Tem que se cuidar bem. Essa pressão assim tão alta não é nada bom.
Siga os conselhos do médico para se pôr boa rapidinho.
Mais logo passarei na sua casa.
Beijinhos
Mariazita
No post anterior, defendi e continuo a defender a eutanásia.
ResponderEliminarNão acredito em milagres, por muitos dedos que me metam pelos olhos dentro.
Até o papa, parece-me que não beatificou, santificou, canonizou, ou lá como se chama a isso, os pastorinhos, ou pastorzinhos, (eu sei o que está certo! é uma ironia), que viram o que lhes mostraram ...
Acredito piamente naquela treta toda, tal como o papa!
Defendo a eutanásia, acerrimamente, em mim próprio.
Não me vou imiscuir nos problemas alheios ... mas não gosto de fugir das discussões.
Se fosse um filho meu, pensava, com a mãe ... talvez não a aceitasse ou talvez sim, mas um ser pequeno e indefeso, é uma vida totalmente diferente ...
Não sei, nem me consigo colocar nessa situação.
Só no meu caso próprio. Porque fiquei sem mãe, que vi morrer, quando tinha 5 anos, sem saber o que era.
Só o meu pai a chorar agarrado a mim e ela acamada há muito tempo.
Numca o esquecerei e talvez isso me tenha marcado, porque ela pedia-me para ser eu a dar-lhe de comer.
O meu pai voltou a casar com uma irmã da mãe.
Morreu com Alzheimer, tendo-se degradado durante 6 anos e "vivido" os últimos 6 meses com oxigénio ...
Será que viveu?
Quando não temos a dignidade para poder viver, ao menos que não nos neguem a dignidade de poder morrer.
ResponderEliminarSou um defensor da Eutanásia, quero lá saber das leis ou das religiões...
Obrigada por me teres visitado e assim proporcionado conhecer-te. Na minha opinião, é fácil classificar os outros, mas eu só sei que decisão tomar quando estou na situação. Beijos.
ResponderEliminarCaro Josá António
ResponderEliminarÉ claro que não posso deixar de concordar consigo.
Há casos em que a vida já não é viver, é vegetar, apenas. E às vezes com grande sofrimento.
Só perante as situações é que nós sabemos como reagir.
Um abraço
Mariazita
Caro Rafeiro
ResponderEliminarConcordo quando diz que temos o direito de morrer com dignidade.
Mas, pelo facto de a aplicação da eutanásia não ser um acto legal, quem a aplica sugeita-se a pesadas sanções.
Na resposta que dou ao comentário de João Soares refiro uma entrevista que vi na TV.
A senhora em causa não queria criar problemas a quem lhe aplicasse a eutanásia. Por isso lutou desesperadamente, sem quaquer resultado.
Não é fácil resolver este problema.
Bjs
Mariazita
Olá, Paula
ResponderEliminarÉ fácil dizer: se fosse eu...se fosse comigo...quando os problemas são dos outros.
Quando o assunto não nos diz respeito, temos sempre soluções óptimas, faríamos sempre tudo melhor!
Pois é. O pior é quando nos toca directamente, não é mesmo?
Obrigada por teres vindo.
Espero que voltes. À quinta feira e Domingo há novidades.
Beijinhos
Mariazita