Foi com alguma tristeza e preocupação que o jovem alferes recebeu a notícia da sua transferência para uma pequena cidade de província, onde iria permanecer por tempo indeterminado.
O seu vencimento não lhe permitiria alojar-se num hotel – que, muito provavelmente nem existiria na cidade.
Em conversa com camaradas que já lá haviam estado, tomou conhecimento de que era habitual algumas famílias disponibilizarem quartos que alugavam aos jovens oficiais. Desse modo, ao chegar à cidade, levava consigo as moradas de duas ou três famílias que alugavam quartos.
Deu uma volta pelas ruas indicadas e escolheu a que lhe pareceu com melhor aspecto.
Tratava-se da residência duma senhora viúva e sua filha, de condição modesta mas educadas e simpáticas.
Depois de visto o quarto que era bastante acolhedor e acertado o preço, o jovem apressou-se a trazer a sua reduzida bagagem para a sua nova “morada”.
A dona da casa mostrou-lhe a casa de banho que ficava contígua ao quarto de dormir, frisando que "o senhor alferes pode estar perfeitamente à vontade porque eu e a minha filha usamos um outro quarto de banho”.
Óptimo – pensou o alferes – pelo menos tenho privacidade. E logo ali dispôs os seus utensílios de higiene.
Como a maioria das casas da cidade, também aquela não possuía água quente canalizada.
Para os banhos existia, colocado ao meio da banheira, suspenso do tecto, um balde com um chuveiro incorporado, como creio que ainda se usam no campismo selvagem (fora dos parques).
Esses “baldes-chuveiro” têm na base uma torneira para fechar e abrir a água. Enchem-se com água à temperatura desejada e quando se vai tomar o banho roda-se a torneira para a água correr e molhar o corpo.
O nosso jovem alferes mostrou ao “impedido” onde era a casa de banho, recomendando-lhe que a x horas lhe preparasse a água para o banho, que ele tomaria logo que chegasse a casa.E de seguida podia ir-se embora.
As ordens foram cumpridas.
Quando o alferes entrou na casa de banho e se dirigiu à banheira, verificou que a mesma tinha água no fundo. Abrindo a torneira do “balde-chuveiro” não escorreu nem uma gota. Pensou para consigo:
- O rapaz não percebeu que devia colocar a água dentro do balde. Amanhã tenho que lhe explicar como deve fazer.
No dia seguinte, quando o alferes começava a explicar os passos a dar para a preparação do banho, frisando que ele deveria ter em atenção a torneira, que tinha que ficar fechada, o pobre rapaz, com ar de espanto, exclamou:
- Então a torneira é para ficar fechada?!!! Ontem eu até pensei:
- Mas porque será que o nosso alferes quer a água do banho coada?
Mariazita, Abril de 2010
( Gostaria que me acompanhasse na minha homenagem ao “25 de Abril” em OLHAI OS LÍRIOS DO MACUÁ )
Querida Amiga Mariazita,
ResponderEliminarEsse tipo de chuveiro era muito usado lá pelas Áfricas e dava muito jeito. Achei graça à resposta do impedido. Quanto ao seu pedido para me associar às comemorações lembro-lhe que tive uma luta de 14 anos que terminou com o Estado em tribunal, que ganhei, para conseguir ver a minha vida militar reabilitada. O 26 de Abril foi para mim uma data a esquecer pelo mal que me fez e á minha familia sem haver qualquer razão para tal, conforme depois se verificou. E foi engraçado pois quem mais me defendeu do saneamento a que fui sujeito foi um amigo comunista. Muitos camaradas chegaram a mudar de passeio para evitar cumprimentar-me. Parecia que tinha lepra...
Compreenda pois a minha posição.
Mas compreendo e respeito que outros possam ter ideias diferentes pois democracia "à séria" e assim mesmo!
Infelizmente ainda não existe em Portugal uma DEMOCRACIA tal como esperávamos!
Um bom fim-de-semana são os meus sinceros votos acompanhados de beijinhos amigos.
Olá Mariazita!
ResponderEliminarPois é,então se o homem nunca tinha visto ninguém tomar banho de chuveiro, como iria ele adivinhar para que serviria aquela geringonça? Ele, certamenete tomava banho no rio, ou então vasava uma lata de água por cima das costas, ao ar livre.
O que me parece, é que se o impedindo era muito pouco entendido nos hábitos de "branco", esse senhor Alferes também não tinha ainda dado conta do lugar aonde tinha ido parar. No fundo, acho que ambos estavam desfasados no tempo e no espaço, no momento em que se cruzaram!
Gostei de ler!
beijinhos, boa semana!
Vitor
HAhahahaahaahaahaaahah Gostei deste " causo", Mariazita! Tô rindo muito*. Nada melhor para o bom humor do que ler, guardar na memória casos como este. Quando é comigo, o que na hora é ruim..Depois eu dou de rir e para sempre quando me vem a lembrança ! E tenho muitos, visse? kkkkkkkkkkkkkkkkkk Adorei, amiga! Obrigada.
ResponderEliminarBeijão!
Hahaha faz bem um pouco de humor...andamos todos com ar tão sério.
ResponderEliminarBjs
*
ResponderEliminaruma boa narrativa,
,
o Alferes
sem dúvida,
sofre de Pé de Alferes !
,
chama-me Zé
(não sou Luis)
,
conchinhas,
,
*
Mariazita,mas que texto engraçado.Parecia estar vendo a cena como num filme de comédia enquanto lia,rss!Gostei muito,até sempre,Bergilde
ResponderEliminarQuerida Mariazita!
ResponderEliminarAinda bem que vim até aqui...
O seu texto levou-me às gargalhadas.
Adoro ler textos de pessoas com sentido de humor aguçado, este é muitas vezes o seu caso.
Nunca passei por um chuveiro destes, mas sei que era comum sobretudo em África e já vi em muitos filmes americanos antigos, onde a acção se prende com militares e acampamentos.
Depois de ter estado ao solinho, só ainda não seu para mergulhar, bem tentei, mas a água está ainda muito fria, só esta risota e já fez o meu dia.
Beijinhos
Ná
Na casa do Rau
Muito bom Mariazita.
ResponderEliminarEsses banhos deviam ser bem incômodos e nós a reclamar quando falta uns minutos de água!! rsrs
muitos abraços, querida.
Querida amiga Mariazita
ResponderEliminarHoje a minha visita é para agradecer.
Nestes dias que celebro a minha vida,
tenho certeza de que a mesma
não teria o brilho de hoje,
se não fossem os amigos e amigas
que a tornam valiosa
mesmo que distantes.
A ti gostaria de dizer obrigado:
Obrigado pelas visitas ao meu blog.
Obrigado pelas palavras semeadas.
Obrigado por sentir os meus textos
com os olhos do coração.
Sou eternamente grato a vida,
por mais estes presentes
que de modo gentil
deixas em minha vida,
fazendo de mim uma pessoa melhor,
e pleno de felicidade.
Lindos dias de vida para ti.
Querida amiga portuguesa, que texto interessante e engraçado! É sempre bom visitar o seu cantinho!
ResponderEliminarDá para imaginar bem a cena e morrer de rir!
Beijos brasileiros, teresa
Mariazita Querida,
ResponderEliminarepisódio divertidíssimo.
Os impedidos, pelas histórias que ao longo dos tempos ouvia contar aos manos e mana, tinham saídas bem engraçadas.
Boas recordações que tens desses tempos.
beijinhos d atua manita
Marizita
ResponderEliminarA tropa era realmente um manancial de humor, e como sorri ao lembrar-me de outras cenas líricas!
E depois tens a cultura de contar bem!
Beijos
Daniel
Olá Mariazita!
ResponderEliminarClaro que acertou, e eu, partindo do pressuposto errado, comentei o que não havia para comentar! Mas, pela decrição feita, mais o reforço da sugestão dado pelo anterior comentarista, fui dar ao sítio errado - a África, quando afinal estávamos na Metrópole:
Aconteceu: mea culpa!
beijinhos, boa semana!
Vitor
Mariazita
ResponderEliminarClaro que a história da vida real que contas, provoca em nós o sorriso ou mesmo a pequena gargalhada, pela situação criada. É inevitável!!
Mas... e sabes que procuro sempre "ler" a vida de uma outra forma... esta história, como tantas outras, ilustra bem a ingenuidade e a falta de agilidade mental de tantos “impedidos” de ser e crescer como mereciam. Hoje, como ontem, continuam a ser protagonistas destas histórias. Na altura, era o retrato de um país oprimido e profundamente limitado culturalmente. Hoje é a prova que os traços desse retrato, não desaparecem assim, tão facilmente.
Um beijinho amiga e sempre, sempre grata pelas tuas palavras
Minha Queridinha,
ResponderEliminara foto é de Julho de 2009 em Mondim de Basto...um passeio que dei com a Mana e o Óscar quando vinhamos do Pontido.
Uma semana linda para ti.
mil beijinhos
canduxa
Este é um militar de tropa rica, soldado a sério, que faz guerra, não toma banho. Só no rio quando vai em missão de eliminação de inimigos :-))
ResponderEliminarAmiga Mariazita
ResponderEliminarEsta sua divertida história fez-me lembrar a de um soldado que em 1976 fez tropa em Santa Margarida e foi lá pela primeira vez que tomou conhecimento do que era um duche e até mesmo de um banho.
Era algo que ele não queria mesmo fazer... Mas teria que ser... Mas ele reclamava que nunca, nunca havia tomado banho e que os banhos faziam mal às pessoas... e ele não queria ficar doente!
Bom... mas lá teve que ser... a hierarquia e os próprios camaradas não conseguiam sequer imaginar ou tolerar tanta falta de higiene, cujo odor anunciava o pobre rapaz a largos metros de distância...
E lá foi ele obrigado a pôr-se como Deus o deitou ao mundo e a colocar-se debaixo de água para um saudável duche...
E não é que o moço apanhou mesmo uma pneumonia e teve que ser hospitalizado!
Beijinhos!
Querida amiga mariazita,
ResponderEliminarNão vim ao banho de água cuada :)))))
Vim dizer-lhe que as suas sugestões são ordens ;))))
Já voltei a colocar o sistema comentário página inteira,
Mudei porque me parece mais complicado para mim, mas....
já está.
Se facilita a quem comenta...eu adapto-me.
Beijinhos
Ná
Boa noite Mariazita,
ResponderEliminarnão conheci este tipo de chuveiro mas confesso que achei muita graça à água coada.
Beijinhos,
Ana Martins
Mariazita
ResponderEliminarAdorei o post que me transportou para meados do século passado.
Eu ainda utilizei um chuveiro parecido, na casa da aldeia, numa época em que não havia água ao domicílio.
Beijunhos
Lourdes
Olá amiguita querida.
ResponderEliminarMuito interessante e divertido esse teu conto, minha primeira casita é sempre a tua que adentro pra matar a saudade e sempre saio feliz, pois sinto a tua presença amiga bem mais perto.
Vim também pra te dizer que to com saudades viu?
Beijos e beijos da Jady
rrss rss rrs
ResponderEliminarMuito interessante a estória. Pelos vistos, o pobre moço nunca tomara banho, não?
Um abraço, nena.
Que linda crônica e não conhecia esse balde chuveiro!Legal te ler!beijos,chica e tudo de bom
ResponderEliminarHistórias que parecem surreais, mas são bem verdadeiras
ResponderEliminarbeijinhos
Passando pra deixar meu abraço e como voce foi fiel seguidora das publicações das imagens dos amigos, amanhã é o dia final .
ResponderEliminarPassa lá , se der ok? aproveita pra me abraçar rsrs
beijinhos Mariazita
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ResponderEliminar...veja só! Um tempo em que qualquer novidade, era um acontecimento... Hoje, tomamos uma overdose de coisas novas, todos os dias... Nem conseguimos assimilar tudo.
Gostei do seu texto, fez-me refletir algumas coisas...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
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Nena, tens um desafio à tua espera no COmpagnon-de-Route.
ResponderEliminarBom fim de semana.