Aproxima-se o Natal. Curioso como, numa sociedade tão laicizada como a nossa, na qual predomina a tendência de escantear a religião para a esfera privada, uma festa religiosa ainda possa constituir um marco no calendário dos países do Ocidente.
Há nisso uma questão de fundo: o ser humano é, por natureza, lúdico e sociável, o que o induz a ritualizar seus mais atávicos gestos, como alimentar-se ou se relacionar sexualmente. Além de elaborar, condimentar e enfeitar sua comida, o que nenhum outro animal faz, o ser humano exige mesa e protocolo, como talheres e a sequência prato forte e sobremesa.
No sexo, não se restringe ao acasalamento associado à procriação. Faz dele expressão de amor e o reveste de erotismo e liturgia, embora o pratique também como degradação (prostituição, pornografia e pedofilia) e violência (jogo de poder entre parceiros).
O Carnaval, como o Natal, era originariamente uma festa religiosa. Nos três dias que antecedem a Quaresma, período de jejum e abstinência recomendados pela Igreja, os cristãos se fartavam de carnes – daí o termo Carnaval, festival da carne. Resume-se, hoje, a uma festa meramente profana, onde a carne predomina em outro sentido...
Essa transmutação ocorre também com o Natal. Por ser festa de origem cristã, para celebrar o nascimento de Jesus, a sociedade laica e religiosamente plural a descaracteriza pela introdução da figura consumista de Papai Noel. O que deveria ser memória da presença de Deus na história humana, passa a ser mero período de miniférias centrada em muita comilança e troca compulsiva e compulsória de presentes.
Daí o desconforto que todo Natal nos traz. Como se o nosso inconsciente denunciasse o blefe. Sonegamos a espiritualidade e realçamos o consumismo. Ótimo para o mercado. Mas o será também para as crianças que crescem sem referências espirituais e valores subjetivos, sem ritos de passagem e senso de celebração?
Longe de mim pretender restaurar a religiosidade repressiva do passado. Mas se há algo tão inerente à condição humana, como a manutenção (comer) e a procriação (sexo) da vida, é a espiritualidade. Ela existe há cerca de um milhão de anos, desde que o símio deu o salto para o homo sapiens. As religiões são recentes, surgiram há menos de dez mil anos.
Se a espiritualidade não é fomentada na linha da interiorização subjetiva e da expressão de conexão com o Transcendente, ela corre o sério risco de, apropriada e redirecionada pelo sistema, cair na idolatria de bens materiais (patrimônio) e de bens simbólicos (prestígio, poder, estética pessoal etc). Talvez isso explique por que a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas similares a catedrais pós-modernas...
Já não são princípios religiosos que norteiam a nossa vida. Desestimulados ao altruísmo e à solidariedade, centramos a existência no próprio umbigo – o que certamente explica, na expressão de Freud, “o mal-estar da civilização”, hoje acrescido desse vazio interior que gera tanta angústia, ansiedade e depressão.
Com certeza o Natal é ocasião propícia para, como propôs Jesus a Nicodemos, nascer de novo...
Há nisso uma questão de fundo: o ser humano é, por natureza, lúdico e sociável, o que o induz a ritualizar seus mais atávicos gestos, como alimentar-se ou se relacionar sexualmente. Além de elaborar, condimentar e enfeitar sua comida, o que nenhum outro animal faz, o ser humano exige mesa e protocolo, como talheres e a sequência prato forte e sobremesa.
No sexo, não se restringe ao acasalamento associado à procriação. Faz dele expressão de amor e o reveste de erotismo e liturgia, embora o pratique também como degradação (prostituição, pornografia e pedofilia) e violência (jogo de poder entre parceiros).
O Carnaval, como o Natal, era originariamente uma festa religiosa. Nos três dias que antecedem a Quaresma, período de jejum e abstinência recomendados pela Igreja, os cristãos se fartavam de carnes – daí o termo Carnaval, festival da carne. Resume-se, hoje, a uma festa meramente profana, onde a carne predomina em outro sentido...
Essa transmutação ocorre também com o Natal. Por ser festa de origem cristã, para celebrar o nascimento de Jesus, a sociedade laica e religiosamente plural a descaracteriza pela introdução da figura consumista de Papai Noel. O que deveria ser memória da presença de Deus na história humana, passa a ser mero período de miniférias centrada em muita comilança e troca compulsiva e compulsória de presentes.
Daí o desconforto que todo Natal nos traz. Como se o nosso inconsciente denunciasse o blefe. Sonegamos a espiritualidade e realçamos o consumismo. Ótimo para o mercado. Mas o será também para as crianças que crescem sem referências espirituais e valores subjetivos, sem ritos de passagem e senso de celebração?
Longe de mim pretender restaurar a religiosidade repressiva do passado. Mas se há algo tão inerente à condição humana, como a manutenção (comer) e a procriação (sexo) da vida, é a espiritualidade. Ela existe há cerca de um milhão de anos, desde que o símio deu o salto para o homo sapiens. As religiões são recentes, surgiram há menos de dez mil anos.
Se a espiritualidade não é fomentada na linha da interiorização subjetiva e da expressão de conexão com o Transcendente, ela corre o sério risco de, apropriada e redirecionada pelo sistema, cair na idolatria de bens materiais (patrimônio) e de bens simbólicos (prestígio, poder, estética pessoal etc). Talvez isso explique por que a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas similares a catedrais pós-modernas...
Já não são princípios religiosos que norteiam a nossa vida. Desestimulados ao altruísmo e à solidariedade, centramos a existência no próprio umbigo – o que certamente explica, na expressão de Freud, “o mal-estar da civilização”, hoje acrescido desse vazio interior que gera tanta angústia, ansiedade e depressão.
Com certeza o Natal é ocasião propícia para, como propôs Jesus a Nicodemos, nascer de novo...
Frei Betto.
Natal de 2010
Que ele nasça em cada coração! Um lindo e FELIZ NATAL! beijos,chica
ResponderEliminarMenino ou papai noel, que importa,
ResponderEliminarse houver amor nos nossos corações e bem fazer ao próximo.
É uma coisa mais ou menos assim como nos faz o governo.
Tem amor a nós e está sempre a cuidar do nosso bem estar.
Bjs e Bom Natal
Querida amiga, os nomes mudam em cada região, mas a origem é a mesma. Que o menino Jesus renasça no coração de cada um de nós, e que se aplaque o ódio entre povos irmãos. Tenha um abençoado Natal junto aqueles que você mais ama. Beijocas
ResponderEliminarDe todo o coração desejo um Feliz Natal!
ResponderEliminarBeijo.
isa.
Os textos de Frei Betto são fantásticos. Parabéns pela escolha.
ResponderEliminarTenha um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de realizações.
Bjux
Amiga Mariazita
ResponderEliminarPasso para lhe deixar minha mensagem de votos de um NATAL FELIZ, com PAZ, AMOR, FELICIDADE
E LUZ NA ALMA, na companhia de quantos lhe são queridos.
Que o Novo Ano 2011 seja próspero
e lhe conceda o privilégio de uma nova publicação para nossa satisfação.
Beijinhos
Alvaro
Minha querida
ResponderEliminarHoje passando apenas para desejar um Natal Feliz, cheio de amor e paz, junto de todos os que te são queridos e agradecendo o teu carinho nas palavras lindas que sempre me deixas.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Querida amiga Mariazita!
ResponderEliminarPensei que o texto fosse teu, pois nele te sinto totalmente e a mim me revejo também.
Nem de propósito, parece que somos muitos mais os que assim pensem!
Beijinhos
Natal, Hoje!
Todos dizem com certeza
Absoluta,
Tocante e rasante
Que o Natal já não é
O que era dantes.
Perdeu o sentido
Ganhou mais cor;
Perdeu intimidade
Ganhou vermelho e Pai Natal;
Perdeu celebração de Jesus
Ganhou o incenso do tempo,
A mirra das vontades
E o ouro nas relações…
Todos os dizem
Mas eu, que sei?
2010
Maria José Areal
Ná
Boa noite Mariazita,
ResponderEliminarestou totalmente de acordo com este texto, é por isso que o Natal já não é o que era. As pessoas já nem se sentem felizes se não puderem dar asas a esse consumismo desmedido a que se habituaram. No Natal de hoje, já não se festeja o nascimento de Jesus, mas sim, os presentes caros e toda a luxúria que se conseguir adquirir. Claro que isto não é para todos, há também os que só têm um prato de comida melhorada para festejar. Estamos num mundo de grandes discrepâncias e o abismo cresce sem que se lhe veja o fim.
Neste Natal desejo a si e toda a sua família, muita saúde, paz e amor, e que o Novo Ano seja pleno de alegrias e realizações.
Um beijinho muito amigo,
Ana Martins
Ótima mensagem Mariazita
ResponderEliminarPrecisamos estar atentos pra nao nos deixar levar pelo consumismo esquecendo a figura fundamental da festa de Natal.
Faz tempo que comemoro com a família rreunida e sem nenhuma correria a loja de compras.
Feliz e bom Natal amiga
meus abraços
Um feliz Natal minha flor.
ResponderEliminarMuita saúde,muito amor e muito carinho viu!!!
Obrigado pela companhia em 2010 e que vc continue comigo em 2011.
Brindemos minha flor.
Boas festas.
Beijos perolados.
Olá Mariazita, desejo que tudo esteja maravilhosamente bem contigo!
ResponderEliminarApesar de não ser teu este belíssimo texto, percebo como se identifica deveras com ele, iniciei pensando ser seu, sério! Ainda assim é uma bela postagem aqui no seu belo cantinho, ou casinha. Parabéns pela postagem, e também passei para te desejar um maravilhoso e feliz final de ano e um ano melhor ainda com o renascimento para o próximo ano com muito mais fé, assim seremos muito mais felizes que neste ano fomos!
Agradecido pelos votos de boas festas e tudo de feliz e maravilhoso pra você e todos ao redor sempre, grande abraço e até mais!
Olá, Mariazita!
ResponderEliminarO mundo muda, e o sentido da celebração do Natal, inevitavelmente também com ele mudou.
Direi que o que sobrou, o essencial, esse se mantém intacto, na medida que continua a ser a celebração do amor e da amizade, da família.
No fundo e para além de tudo, e como denominador comum a um grande número de pessoas, a celebração do Natal mantém como mérito primeiro o de continuar a ser o pretexto para o encontro e reunião de pessoas que em muitos casos, e de assim não fosse, tampouco teria lugar...
E um Feliz Natal para si e os seus, com muita amizade e amor à mesa... para além do resto.
Vitor
Olá Mariazita, tudo bem?
ResponderEliminarObrigado pelo carinho e pela grande Amizade. A sua amizade, para mim tem uma importância Especial, pois sempre é bom receber em nosso Lar grandes amigos, assim como você!
Acima de tudo a nossa amizade já é um presente de Natal. E vamos brindar todos juntos!
Beijos!...
Querida amiga Mariazita,
ResponderEliminarum texto estupendo! Que o verdadeiro espírito do Natal esteja presente em cada dia do ano em nossos corações. Te amo! Natal Feliz junto aos que ama.
Beijos com carinho. Obrigada por sua amizade e a tantas fatias de alegria que você me proporciona.
♫♫♫ Feliz Natal!!!
ResponderEliminar♥
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Bj♥s
Amiga Mariazita
ResponderEliminarPassamos a desejar-te um Feliz e Santo Natal e um Ano 2011 repleto de muita Saúde, Paz, Amor e Esperança.
Beijinhos dos amigos do Farol
Argos, Tétis e Poseidón
Um Farol chamado Amizade
O Baú do Farol
♫♫♫ Feliz Natal!!!
ResponderEliminar♥
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BEIJINHOS
MUITO BONITO ESTE ESCRITO. SENSIBILIDADE QUE DELE EMANA. É TEMPO DE NATAL. HARMONIA E CARINHO
ResponderEliminarABRAÇO
MEG
Mariazita,
ResponderEliminarVim desejar-lhe um Natal pleno de luz e rodeado de verdadeiros afectos.
Beijo :)
Amiga Mariazita,
ResponderEliminarNesta época de Natal, é simpático acolher à mesa grande quantidade de comentadores, numa confraternização integrada no conselho cristão. Amai-vos os outros como a vós próprios. Os outros significa os diferentes, física e mentalmente.
A mensagem de Natal deve ser vivida com realismo, diariamente durante todo o ano. De tal forma se construirá uma humanidade nova, de Paz, harmonia e felicidade, diálogo.
E tal desejo não é impossível, bastando que cada um tenha compreensão, tolerância e vontade de perdoar e não reagir intempestivamente a pequenas ofensas. O mundo precisa que o Natal seja mensagem seguida por todos.
Feliz e Santo Natal para si e todos os familiares e amigos
Beijos
João
Só imagens
Amiga Mariazita
ResponderEliminarUm santo Natal e um 2011 fantástico...
Não queria deixar de desejar a si a toda sua família,Festas Felizes e que o novo ano traga tudo de bom e muito êxito.
A.Gallobar
Como voce disse. Para não nos perdermos na multidão, estou lhe seguindo
ResponderEliminarAbraços e fique com DEUS
Eram festas mas não cristãs. Os cristãos é que lhe deturparam o sentido quando instalaram o seu poder, sobretudo através dos mais fracos: isto é, das mulheres (dos romanos ricos).
ResponderEliminarMuito lindo esse texto do Frei Beto, amiga! Gostei demais!
ResponderEliminarNesse último Natal, acendemos uma vela no bolo, colocamos o Menino Jesus ao lado, e minha netinha cantou o "parabéns prá você", junto à toda a família, para o Aniversariante do dia.
Se as famílias tomarem esse cuidado, vamos conseguir preservar o maravilhoso espírito do Natal.
Um ano novo maravilhoso pra você, menina, e obrigada pelo carinho de sempre.
Beijo afetuoso
Cid@