quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

DIA DE ANIVERSÁRIO

FESTEJAR OU NÃO FESTEJAR O (11º.) ANIVERSÁRIO


No meio de todo o stress do dia-a-dia nada mais justo do que festejar o  Aniversário não fazendo nada.
Isso foi o que REALMENTE pensei. Mas… como conseguir isso?
Fácil – ir até à praia e aí esquecer tudo e todos. Levar o computador – afinal o aniversariante, o blogue, está dentro dele – estender a toalha na areia e deitar-me (com ele, computador, ao lado) e simplesmente ignorar o mundo que nos rodeia…
 Mas… nesta altura do ano, no nosso país, a praia é pouco convidativa.
Posta de parte a ideia da praia… que tal ir conhecer uma maravilha da Natureza? As Cataratas do Iguaçu, por exemplo (sempre foi o meu sonho).
Ná… é muito longe, e um dia só não chega para ir e vir, quanto mais para conhecer.
Não fazer nada é tão difícil! Não me ocorre nada sobre como não fazer nada… Ou antes, as ideias que me vêm à cabeça são totalmente impraticáveis.

E, pensando bem,  a verdade é que festejar Aniversário até é bom. É o mesmo que celebrar a própria vida,  além de contribuir para o nosso equilíbrio emocional.
Isto não são palavras vãs. Quantas vezes, ao longo destes onze anos, esta “CASA” me serviu de refúgio, ajudando a pôr em segundo plano preocupações, arrelias, pequenas depressões, situações difíceis que me pareciam insuportáveis…enfim, aborrecimentos com que a vida se encarrega de nos presentear de vez em quando?

Por falar em presentear… tenho que arranjar alguma coisa para dar de presente aos convidados. Eu não vou convidar ninguém, é claro, mas todos nós sabemos como é, aparecem mesmo sem ser convidados! E depois, não ter nada para oferecer… é uma vergonha, convenhamos.
Sabem que mais? Vou já para a cozinha, para não ser apanhada desprevenida. Vejam o que vou preparar…
Aperitivos, salgadinhos,  petit fours, alguma fruta… que sabe sempre bem...


E, para terminar… TCHAM, TCHAM, TCHAM, TCHAM,!


Uma fatia de bolo e… Tchim, tchim… 


Escolham a língua em que mais gostarem de brindar e... brindem comigo!

Saúde! ; Salud! ;  Santé! ;  Cheers! ;  Prost! ;  Proost! ;  Cin Cin! ;  Za Zdorovye! ;   Skål! ;  Şerefe! ;  Yamas! ; Na zdorowie! ;  Kanpai!
(Portugal, Espanha, França, Estados Unidos / Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália, Rússia, Dinamarca/ Noruega / Suíça, Turquia, Grécia, Polónia, Japão)

OBRIGADA A TODA/OS PELA VOSSA PRESENÇA!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

LIVRO EM CONSTRUÇÃO - SEGREDOS VII

SEGREDOS - CAPÍTULO VII                                       


Mas, de facto está a fazer-se tarde, também tenho que ir buscar os gémeos ao colégio…
- Ah! Mas que indelicadeza a minha! Com o entusiasmo da conversa esqueci-me de perguntar pelos meninos… Eles estão bem?
- Sim, estão. A semana passada o Tiago pregou-me um susto, tive que o levar ao hospital, mas não foi nada de grave. Não vejo é a hora de poderem ser operados…
- Pois… sabemos como é a saúde em Portugal… respondeu Nanda, levantando-se. Eu vou também tratar do “meu bebé” Tejo, antes que aconteça alguma fatalidade líquida lá em casa…

SEGREDOS – CAPÍTULO VII

Como seria de esperar o Tejo estava ansioso por ir à rua. Fora lá de manhã, mas numa saída muito rápida, que nem lhe deixara cheiriscar as árvores habituais. Quantos amigos seus não teriam já marcado o território que a ele pertencia!? E a dona que não vinha! Isto é mesmo vida de cão!
Quando a viu aparecer saltou, dançou à sua volta, ladrando alegremente numa ruidosa manifestação de júbilo.
Na rua corria de árvore para árvore, rapidamente, como se tivesse receio de que o passeio terminasse antes que ele tivesse tempo de verificar todos os locais e não pudesse assinalar a sua passagem.
Aos poucos foi-se acalmando, dando algum sossego a Nanda, que não o largava da trela, e que entretanto ia pensando na sua conversa com Carla.
“Que mulher simpática! O marido, Diogo, o engenheiro informático, também é muito educado. E que grandes corações têm aquelas duas almas! Adoptarem dois gémeos quase recém-nascidos com aquele problema de saúde… lábio leporino... E logo os dois! Imagine-se o dinheirão que vai ser preciso para as duas cirurgias…
Não há dúvida, poucas pessoas adoptariam crianças assim. Se não fossem estes pais, que destino estaria reservado a estes meninos? Andarem eternamente de instituição em instituição… Apesar do azar de terem nascido ambos com esse defeito, tiveram uma sorte enorme em lhes aparecerem estes pais…”
O passeio já ia longo, o Tejo olhava os troncos das árvores com indiferença, e Nanda deu a volta por terminada.
A noite descia a passos largos. Sentada no sofá da sala, com o Tejo, exausto da longa passeata, a seus pés, ligou a televisão. E enquanto as imagens passavam quase sem as ver ia pensando em tudo o que acontecera nesse dia.
Agora, calmamente, podia “dissecar” todas as informações que António lhe dera acerca do Carvalho Araújo. “Onde terei posto o cartão que ele me deu? Afinal, devo ter feito bem em não o deitar ao lixo…”
Quando voltou a si, a sala encontrava-se às escuras. Tejo aproveitava para dormir a sono solto. Estava na altura de acender as luzes.
***
Nanda levantou-se cedo. Dormiu bem e estava bem-disposta.
Tomou um pequeno-almoço com baixas calorias, pois a sua preocupação com a figura que todos elogiavam não a deixava cometer loucuras alimentares. Tinha consciência de que, com os seus 47 anos, não podia facilitar. E como presentemente não podia – ou, pelo menos, não devia… - dar-se ao luxo de frequentar o ginásio, era muito rigorosa com a alimentação e as caminhadas.
Tinha combinado encontrar-se com Bela exactamente para isso – caminhar.
Depois de levar o Tejo a satisfazer as suas necessidades matinais, passou por casa para vestir uma roupa de desporto e foi ao encontro da amiga. Esta encontrava-se sentada à mesa do café, com uma chávena vazia sobre a mesa e, à sua frente, o tablet aberto.
Depois dos cumprimentos que, entre elas, eram sempre de tal modo efusivos que, quem as observasse, iria pensar que não se viam “há séculos”, Bela perguntou, abruptamente:
- Sabes o que é um “count down”?
- Sim, sei… é uma contagem regressiva. Mas por que perguntas?
- E sabes quantas pessoas em Portugal sabem o que isso significa?
- Não faço a menor ideia… Calculo que muitas não saberão…
- E sabes quantas palavras portuguesas - frisou o “portuguesas” - são usadas nas televisões dos países cuja língua é o inglês… ou o francês, ou o japonês…? – insistia Bela
- Também não faço ideia… mas calculo que nenhuma. Mas porquê tantas perguntas?
- É porque, enquanto esperava por ti, pus-me aqui a assistir a um desses programas da manhã que passam metade do tempo a anunciar que dão dinheiro…
- Sim, há vários programas desses…
- Pois… só que desconhecem que a língua portuguesa é composta por cerca de 400.000 vocábulos e por isso não há necessidade de recorrer a palavras estrangeiras. Para além do mais, estes programas são dirigidos essencialmente a um público não muito letrado, portanto deveria haver o cuidado de falar de forma a que todos entendessem. Tenho a certeza que muitos dos ouvintes não sabem o que significa count down… - Bela não disfarçava a irritação.
- Desculpa, querida, mas tu és muito exigente, e estás sempre pronta para uma alfinetadazinha… – comentou Nanda, com um sorriso.
- Por acaso achas que não tenho razão? – Bela estava bastante irritada.
- Não é que não tenhas razão, mas a verdade é que em Portugal, não sei se devido ao crescimento acelerado do turismo, usa-se muito intervalar palavras inglesas nas conversas. Até nas novelas se vê isso… - Nanda tentava contemporizar
- Tu chamas-lhe turismo, já eu chamar-lhe-ia… servilismo – ripostou Bela, que continuava de mau humor.
- O que acontece, minha querida, é que tu és uma purista da língua portuguesa, e por isso estas modernices causam-te brotoejas… - Nanda tentava levantar o ânimo da amiga que, quando se tratava de assuntos deste género, ficava sempre abalado.
Mas afinal – continuou – vamos ou não vamos caminhar?
- Queres que eu seja mesmo sincera? Só te desafiei para a caminhada para te obrigar a vires para ao pé de mim… - sorriu Bela, já mais bem-disposta. Há tanto tempo que não passamos um tempinho simplesmente a conversar… - e fez um arzinho de amuo, que a fazia parecer-se com uma criança mimada.
- Tu sabes muito… - sorriu Nanda, que não conseguia resistir quando a amiga punha aquele ar a que ela chamava de “cachorrinho abandonado”. Pois muito bem, aqui me tens ao teu dispor. Mas não precisavas de usar de subterfúgios… Sabes que basta um gesto teu para eu vir a correr – ambas riram alegremente.
- Por acaso até tenho uma novidade para te contar – continuou Nanda.
- Pois conta, que eu gosto muito de novidades. Mas antes deixa-me fazer-te uma pergunta.
- Faz lá, perguntadeira – riu Nanda.
-Na conversa que tiveste com a tua amiga Carla acerca do Natal falaste-lhe nas janeiras? Tendo vivido sempre em Lisboa certamente não sabe o que isso é…
- Claro que falei, mas só agora de manhã. Encontrei-a à saída de casa.
- Não sei se estou a gostar de tantos encontros… - Bela fingiu-se amuada.
- Não sejas pateta! – Nanda riu com vontade. Tu és e sempre serás a minha melhor amiga.
- Pois é bom que não o esqueças… - ameaçou Bela, continuando a fingir-se despeitada.
- E se falássemos como pessoas crescidinhas? Voltemos ao assunto. Falei à Carla não só nas Janeiras mas também nos Reis Magos. De facto ela sabia de tudo isso duma forma muito vaga. Fiquei com a impressão de que a família dela não liga muito para essas coisas.
- E achas que ela gostou? Explicaste tudo bem? – Bela interessava-se muito por estes assuntos, e era de um grande preciosismo nos pormenores.
- Sim e sim. Sim, ela gostou e sim eu expliquei tudo! – Nanda respondeu num tom meio enfadado.
- Não precisas de te abespinhar, eu só queria saber se tinhas contado tudo direitinho, sem te esqueceres de nada… Lembraste-te da romã? – perguntou Bela, num tom duvidoso.
- Estou feita contigo! Olha, não queres ir lá falar com a Carla e fazeres-lhe um exame para comprovar que sou boa professora?
- Calma, tu sabes como é importante o pormenor da romã. Imagina que ela quer seguir esse ritual e não sabe bem as regras… As coisas, quando se fazem, têm que ser bem feitas.
- Eu sei, dona Perfeição!
Nanda optou por não ligar grande importância às dúvidas de Bela. Ela sabia que a amiga era uma perfeccionista em tudo, e quando transmitia algo que ela considerava importante, ia atá aos mais ínfimos pormenores.
- Para que não fiques para aí a ruminar no assunto – que eu sei muito bem como tu és… - vou-te contar tudo. RESUMIDAMENTE, é claro. Presta bem atenção para depois não vires para cá com perguntas.
- Sou toda ouvidos… murmurou Bela.
- Então… acerca das Janeiras eu disse o seguinte:
- “Cantar as Janeiras” era uma tradição, não só em Portugal mas também na maior parte dos países europeus (desconheço o que, a este respeito, se passa fora da Europa). Consistia na formação de grupos de homens e mulheres que, no início do ano, andavam cantando de porta em porta, geralmente cânticos de cariz religioso, para desejarem feliz ano novo. Os donos das casas ofereciam aos cantantes frutos secos, nozes e castanhas, vinho, e até dinheiro.
No final, as guloseimas eram consumidas num jantar em que todos participavam, e o dinheiro era para as almas do Purgatório – “as alminhas” - ou seja, era entregue na igreja.
Nalgumas localidades as Janeiras prolongavam-se até ao final do mês de Janeiro; noutras, terminavam no Dia de Reis.
Actualmente esta tradição está quase em desuso, mantendo-se, apenas, nalgumas regiões da província.”
- Muito bem – aplaudiu Bela.
- Quanto ao Dia de Reis a explicação foi mais simples porque… quem não sabe o que é o Dia de Reis?
“Toda a gente sabe que é neste dia que se celebra a chegada dos três Reis Magos ao presépio onde se encontrava Jesus, e as prendas que levavam para oferecer ao Menino.
O que talvez poucos saibam é o significado dessas ofertas, que é o seguinte:
- O OURO simbolizava a Realeza. Era, à época, o metal mais valioso que existia.
- O INCENSO significava a Fé. Quando é queimado exala um perfume muito agradável.
- A MIRRA representava a Pureza. Trata-se de uma resina rara, extraída da casca da árvore com o mesmo nome. É perfumada e valiosa pelas suas propriedades medicinais e curativas.
Todos os presentes eram, portanto, dignos de um rei – o Rei dos Judeus – tal como os três Reis Magos consideravam o Menino. “
Nanda calou-se, olhando para Bela, que estava verdadeiramente emocionada.
- Perfeito! – murmurou. E acrescentou logo de seguida, tentando disfarçar a emoção: Eu não teria feito melhor. É claro que não te esqueceste da romã – disse como que a medo, temendo a reacção de Nanda.
É claro! … – respondeu Nanda, já com uma pontinha de irritação. Queres que te diga também o que contei à Carla a esse respeito? Pois então ouve:
“Em tempos idos acreditava-se – e ainda hoje há quem creia – que os pedidos feitos aos três Reis Magos no dia 6 de Janeiro seriam atendidos, e que o ano decorreria próspero, com muita sorte, e que não faltaria dinheiro. Mas… para que isso acontecesse, os pedidos teriam que ser acompanhados pela ingestão de bagos de romã. Contudo, não era qualquer fruta que servia; a romã tinha que ter intactos os “sete bicos”. O fruto tem no topo como que uma coroa formada por sete pontas. Essas pontas não podiam ter nada quebrado, tinham que estar perfeitas. Era a chamada “romã de sete bicos”.
- Ufa! Estou cansada de tanto falar. E tu estás satisfeita? – disse Nanda, querendo dar o assunto por encerrado.
- Desculpa! – Bela apresentava um ar verdadeiramente contrito. Sei que fui demasiado insistente, mas tu conheces-me… Sabes como gosto de todas estas coisas e desejaria que estas tradições – e tantas outras – se transmitissem de pais a filhos e netos, e não se perdessem no esquecimento.
- Sim, eu sei, não te preocupes. Eu própria aprecio todos estes costumes antigos, que tenho bem presentes porque os praticávamos na casa dos meus avós. E continuei com a tradição, tanto quanto possível, enquanto os meus filhos estiveram em casa… - respondeu Nanda, com um ar meio ausente.
Bela tinha ficado muito bem-disposta. A sua amiga tinha prestado uma informação perfeita a Carla, que assim aumentara os seus conhecimentos. Propôs mudarem de assunto.
- Nanda, minha amiga preferida – disse, rindo – vamos mudar de assunto? Disseste que tinhas uma novidade para me contar e eu interrompi-te… Desculpa!
- Sim, chega de falarmos de costumes e tradições. Eu tenho, de facto, uma coisa para te contar. Tu sabes como tenho andado apoquentada por não conseguir trabalho – começou Nanda.
- Se sei! E tu sabes como me aflige ver-te assim – respondeu Bela, aparentando verdadeira preocupação. E continuou:
- E, pela milionésima vez volto a dizer-te que não consigo entender o motivo por que não queres vir trabalhar comigo lá na empresa do meu pai… Não tem conta o número de vezes em que te falei neste assunto…
Já pensaste como seria bom trabalharmos juntas? Olha que o meu pai paga bem e é um patrão óptimo. Põe os olhos em mim. Hoje é dia de trabalho, e aqui estou eu, perfeitamente à vontade, sem sequer ter posto os pés no escritório. É certo que o meu pai me dá toda a liberdade de horários porque sabe que eu sou cumpridora, nunca falho com compromissos… e que respeito muito o trabalho que faço. E tenho a certeza que contigo não seria diferente…
Querida, deixa-me falar com o meu pai. Pai, pai, pai…
A palavra “pai” ficou ecoando na cabeça de Nanda…
Num relance lembrou o que acontecera há tantos anos, e que a marcara tão profundamente.   
*
 [Era um dia de Verão radioso que acabou por se transformar num dia cinzento e triste.
Com os seus irrequietos 15 anos, amigas inseparáveis, Nanda e Bela andavam sempre juntas. Naquele dia tinham combinado que Nanda passaria pela casa de Bela para esta lhe mostrar umas roupas que a mãe lhe comprara, e de seguida irem à praia.
Depois de tocar à campainha, Nanda estranhou ser o pai de Bela a abrir-lhe a porta. O normal seria que, àquela hora, ele estivesse na sua empresa. Teria acontecido algo que o tivesse obrigado a vir a casa? Mas rapidamente a estranheza desapareceu, ao ver o seu ar perfeitamente normal.
Como tantas vezes fazia o pai de Bela abraçou-a, gesto que Nanda retribuiu, pois gostava muito dele, sempre atencioso e bem-disposto. Este abraço prolongou-se um pouco mais do que o habitual, sem que Nanda lhe atribuísse qualquer significado especial. Só sentiu um certo desconforto quando a mão dele deslisou até às suas nádegas, comprimindo-lhe o corpo contra o seu. Nanda, apesar de bastante jovem, pôde perceber, pelo contacto com o seu corpo, que ele estava muito excitado. Horrorizada e ao mesmo tempo incrédula, começou a afastá-lo suavemente, não querendo dar-lhe a entender do que se tinha apercebido. Sentindo a pressão dela para o afastar ele reagiu, encostando-a a si com mais força, procurando beijar-lhe o pescoço e murmurando palavras doces:
- Gosto tanto de ti! Não. Não me afastes, eu sei que tu também gostas de mim. Deixa-me fazer-te feliz.
Nunca houve na sua atitude a mínima agressividade. Mas a força com que a segurava não deixava lugar para dúvidas: queria violentá-la. Nanda estava literalmente siderada. Sentia faltarem-lhe as forças para afastar de si aquele verdadeiro rochedo que, a cada gesto seu, a prendia mais fortemente, como que a querer mostrar-lhe que ela não tinha outra hipótese senão ceder à sua vontade.
Nanda pensou em gritar mas sabia que a enorme casa se encontrava vazia; doutro modo, inteligente como era, o homem não se teria atrevido a tomar tal atitude.
Continuava mantendo-a fortemente encostada a si, apertando-a com um braço que parecia de ferro. Com a mão liberta afagava-lhe delicadamente o rosto, alisando-lhe os longos cabelos, ao mesmo tempo que murmurava palavras de uma doçura enorme.
Queria satisfazer os seus desejos libidinosos mas sem hostilizar a vítima. Ardilosamente pensava consigo mesmo que, deste modo, futuramente ela cederia aos seus desejos sem opor resistência.

Maria Caiano Azevedo