segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

FELIZ ANO NOVO

LENDA DE ANO NOVO


Quem me acompanha há muito tempo e/ou conheceu o meu blog “HISTÓRIAS DE ENCANTAR” sabe da minha predilecção por lendas.
Lá publiquei bastantes, e aqui, na CASA DA MARIQUINHAS, também partilhei algumas convosco.
Pensando em como haveria de iniciar este ano de 2018, surgiu-me a ideia de o fazer, exactamente, com uma lenda.
E, como seria de esperar, será uma lenda sobre o Ano Novo.
De algumas ouvi falar, outras li… e de todas de que tenho conhecimento, que não são muitas… (há poucas lendas sobre o Ano Novo) escolhi esta para vos mostrar.

Numa aldeia distante morava um casal de velhinhos: A Benvinda e o Baltazar.
Embora fossem muito velhinhos e as forças já não fossem muitas, como eram muito pobres tinham que se ocupar com os seus afazeres. 
Benvinda ocupava-se da lida da casa. Baltazar era chapeleiro, fabricava chapéus.
Na véspera da passagem de ano não tinham nada para celebrar a entrada do Novo Ano, nem dinheiro para comprar algo com que pudessem festejar a data.
Baltazar lembrou-se que talvez com os seus chapéus conseguisse algum dinheiro. Com esse propósito deslocou-se à cidade, pensando que no regresso poderia já trazer algumas guloseimas para ele e Benvinda se deliciarem ao soar das doze badaladas.
Pegou em cinco chapéus que já tinha feitos e tomou o caminho da cidade, que ficava bastante longe.
Depois de, com bastante dificuldade, atravessar vários campos, chegou, por fim, à cidade.
Baltazar sentia-se muito cansado mas, com a sua fé inabalável, pôs-se imediatamente a apregoar os chapéus:
- Olha o chapéu! Bem fabricado, fino e barato!
A cidade fervilhava de gente que corria apressada de um lado para outro, fazendo os preparativos para o Ano Novo.
Todos voltavam para casa carregados de embrulhos com carne, peixe, doces… garrafas de bebidas. Mas ninguém se interessava pelos chapéus.
Baltazar pensou:
- Não foi uma grande ideia, a que eu tive. Neste dia quem é que vai pensar em comprar chapéu?
Mas não desistiu. Todo o dia palmilhou a cidade, apregoando a sua mercadoria. Pensava em Benvinda, que em casa o aguardava, e só isso lhe dava forças para continuar, apesar do enorme cansaço.
Mas não conseguiu vender um único chapéu.
A noite aproximava-se rapidamente e Baltazar, convencido de que não valia a pena insistir mais, guardou os chapéus e iniciou o caminho de regresso.
Quando saía da cidade começou a nevar. O frio entrava-lhe através da roupa, mas ele continuou a caminhar pelo campo coberto de neve.
De repente avistou seis duendes, todos encostados uns aos outros, tremendo. Já havia neve nas suas cabeças, que lhes respingava para os rostos.
Condoído, Baltazar não hesitou um momento. Passou a mão na cabeça dos duendes para retirar a neve, e em seguida cobriu-os com os chapéus que não havia vendido.
Mas só tinha cinco chapéus, e os duendes eram seis…
Tirou o chapéu que usava na sua cabeça e com ele tapou a cabeça do sexto duende.
- É um chapéu velho e sujo… mas não tenho outro… - comentou Baltazar.
Não obteve qualquer resposta pois os duendes não falam com pessoas.
O velhinho  retomou o seu caminho.
Ao chegar a casa a sua cabeça estava de tal modo branca com a neve que caíra, que Benvinda se assustou ao vê-lo:
- Mas o que aconteceu, Baltazar? Pregaste-me um susto! – disse, com voz trémula.
- A verdade é que não consegui vender nenhum chapéu. Quando regressava encontrei seis duendes e imaginei que estivessem com frio. Por isso cobri-os com os chapéus. Mas como faltava um… tapei-o com o meu.
Benvinda ficou emocionada com a atitude do marido, e apenas comentou:
- Foi um gesto muito nobre!
Comeram uns restos que ainda havia na despensa e foram-se deitar. A roupa da cama era pouca para noite tão fria. Encostaram-se o melhor possível, tentando transmitir um ao outro o calor dos seus velhos corpos cansados.
Pouco depois ouviram vozes lá fora:
- “Entrega de Ano Novo! Onde é a casa do vendedor de chapéus? Abra a porta, vendedor!”
Levantaram-se ambos e abriram a porta, assustados.
Na frente da casa havia muita comida, vinho, adornos de Ano Novo, cobertores quentinhos… e, em lugar de destaque, dois pequenos embrulhos com doze passas de uva cada um.
Pensaram que estavam sonhando.
Olharam em volta e não viram ninguém. Fixando o olhar em frente, divisaram seis duendes afastando-se da casa.
Pareceu-lhes ouvir ao longe:
- FELIZ ANO NOVO!
À meia-noite, ao soar das doze badaladas, Benvinda e Baltazar comeram cada um as suas doze passas de uva, formulando mentalmente o desejo de que continuassem sempre juntos até ao fim dos seus dias.
E assim se iniciou o ritual que se mantém até aos dias de hoje.
A TODOS UM MUITO FELIZ ANO 2018