domingo, 21 de maio de 2017

VIAGEM À NORUEGA

VIAGEM À NORUEGA

Por dificuldades “técnico/informáticas” não tive possibilidade de preparar o post que tencionava publicar no dia 18.
Como não prevejo quando o dito problema estará resolvido… decidi partilhar convosco um PPS referente à viagem de duas semanas que fizemos à Noruega, na última semana de Agosto e primeira de Setembro de 2011.
A Noruega é um país com características muito próprias, com usos e costumes bem diferentes dos outros países europeus.
Tem paisagens deslumbrantes, algumas de cortar a respiração; o tráfego automóvel é muito reduzido – viaja-se essencialmente de barco, pelos incontáveis fiordes.
Nós fomos de avião de Lisboa para Oslo – capital da Noruega – e lá tínhamos à nossa espera um confortável autocarro, no qual percorremos uma grande parte do país.
Das inúmeras fotos tiradas escolhi algumas das que me pareceram mais esclarecedoras. Tive que reduzir o máximo da sua resolução (doutro modo o ficheiro ficaria pesadíssimo) pelo que a qualidade das mesmas não é muito boa.
Conto com a vossa compreensão, e espero que gostem de me acompanhar nesta viagem maravilhosa.
Liguem o som e vejam em ecrã completo.


terça-feira, 2 de maio de 2017

AS CALCINHAS DA MARIA EUGÉNIA

AS CALCINHAS DA MARIA EUGÉNIA

Maria Eugénia era um doce de pessoa!
Sempre com um sorriso no rosto a todos acolhia com carinho e ternura, pronta a proporcionar todo o auxílio a quem dele necessitasse, fosse para simplesmente dar um conselho fosse para oferecer um ombro amigo para um eventual derrame de lágrimas.
Tendo sido uma alegre bebé gorducha, transformou-se numa adolescente rechonchudinha e, mais tarde, numa jovem de formas redondinhas.
Sem qualquer complexo em relação ao seu aspecto um pouco “anafado”, quando alguém lhe dizia que talvez devesse perder um pouquinho de peso, respondia alegremente:
- Gordura é formosura.
Atingiu assim os dezoito anos, sempre alegre e feliz.
Em breve conheceu um jovem, António, com quem simpatizou bastante e que logo a cortejou.
Tratava-se dum rapaz com muito boa aparência e bem instalado na vida, que, com a aprovação da família, começou a namorar a Maria Eugénia.
Decorridos três ou quatro anos de namoro, o tempo que naquela altura se considerava normal para se conhecerem, realizou-se o casamento.
As “amigas”, cheias de inveja, achavam que, tratando-se de um rapaz tão bonito, com uma vida confortável como poucos na sua idade, bem poderia escolher noiva mais apresentável, como algumas delas, por exemplo. Não que Maria Eugénia fosse feia, pois tinha um rosto muito bonito; mas, com as suas formas bem anafadas, não devia muito à elegância.
O que as “amigas” não sabiam era que, o que tinha prendido António, era, acima de quaisquer atributos físicos, o enorme coração de Maria Eugénia, ao qual se rendera incondicionalmente.
Foram felizes até ao fim dos seus dias.
António trabalhava com importações de tecidos finos (sedas, veludos, tules…) o que, naquela época, contribuía para engrossar a sua conta bancária.
Mais tarde abriu uma loja onde vendia vestidos para noivas e acompanhantes, costurados nas traseiras da loja, onde instalara uma pequena fabriqueta.
Com o tempo, e com o seu dom especial para os negócios, em breve abria mais lojas e montava uma fábrica de confecções a sério.
Neste tipo de trabalho em que se ocupava António, a clientela era essencialmente feminina. E porque ele era, de facto, um homem muito atraente, a quem o casamento e a idade haviam aumentado o encanto natural, as suas clientes não raras vezes tentavam insinuar-se junto dele. Porém António, com um sorriso constante nos lábios, contornava a situação conseguindo manter-se fiel ao casamento. Não perdia a cliente e não traía Maria Eugénia.
Por vezes, despeitadas, e porque conheciam Maria Eugénia, quando a encontravam tentavam intrigar, insinuando que António fora visto aqui e ali, em situações mais que suspeitas.
Maria Eugénia ouvia-as com toda a atenção e delicadeza, próprias da sua maneira de ser, e no fim, esboçando o maior sorriso que podia ostentar, respondia, com humor:
- Ora! O que é que isso importa? Depois de lavado fica como novo!
E assim desarmava as “amigas de Peniche”.

Maria Eugénia teve dois filhos, que eram o encantamento dos pais.
As duas gestações não favoreceram nada o físico de Maria Eugénia que apresentava agora umas formas mais redondas ainda.
Isso não parecia preocupá-la minimamente, e a sua felicidade familiar era completa.
Com o desenvolvimento dos negócios António arranjou clientes na Madeira e Açores, os quais visitava no princípio das estações, levando-lhes mostruários das suas colecções de tecidos e catálogos dos vestidos de noiva.
Enquanto as crianças foram pequenas António viajava sozinho porque Maria Eugénia, mãe extremosa, não os queria deixar entregues às criadas.
Porém, quando eles já eram mais crescidos, e porque tinham sido educados segundo valores éticos responsáveis, Maria Eugénia começou a acompanhar o marido.
Numa dessas viagens à Madeira quando chegaram ao hotel e se instalaram no quarto, Maria Eugénia verificou, horrorizada, que se tinha esquecido de meter calcinhas na mala. Ficou aflita.
As estadias, tanto na Madeira como nos Açores, demoravam sempre duas semanas e eram feitas entre fins de Janeiro a princípios de Março.
Seria impensável andar todas as noites a lavar as calcinhas, até porque era Inverno e o mais provável seria não secarem durante a noite.
O marido, que entretanto ficara à conversa com um conhecido no hall do hotel, foi encontrá-la bastante aborrecida com o seu esquecimento. Mas logo encontrou solução:
- Depois de almoço, quando eu for visitar o cliente “X”, tu aproveitas o tempo, vais às lojas e compras todas as calcinhas que achares necessárias.
Maria Eugénia respirou aliviada. No meio da aflição e aborrecimento por se ter esquecido duma coisa tão básica com calcinhas, nem lhe ocorrera uma solução tão simples.
Tal como combinado, de tarde Maria Eugénia pôs-se em campo à procura de lojas de lingerie. Entrou na primeira que encontrou onde um amável senhor a cumprimentou com um sorriso.
Quando Maria Eugénia lhe disse o que pretendia o senhor perguntou-lhe:
- Qual o número que a senhora deseja?
Meio encabulada, Maria Eugénia gaguejou…
- Bem, o número não sei ao certo… Olhe… são para mim…
O senhor mirou-a com toda a atenção, como que a tirar-lhe as medidas. Voltou-se e retirou da prateleira uma caixa de calcinhas. E disse, olhando-a novamente.
- Penso que este tamanho deve estar bem, e até lhe dá até ao fim do tempo…
Maria Eugénia engoliu em seco, até certo ponto feliz porque o senhor não pensara que ela estava simplesmente gorda, pagou e retirou-se.
À noite, ao contar ao marido o sucedido, com uma forte gargalhada ela comentou:
- Ainda bem que ele pensou que eu estava grávida. É bem melhor do que pensar que a minha gordura é simplesmente gordura.
Abraçando-se, ambos riram a bom rir. E António rematou com a frase habitual:
- Adoro-te, minha gorduchinha querida.

 Naquela altura a Maria Eugénia estava, simplesmente, gorda, não estava grávida.
Mas já por duas vezes pudera usufruir desse “estado de graça”, e sentira-se a pessoa mais feliz do mundo.

Dedico este pequeno e despretensioso conto, BASEADO NUMA HISTÓRIA VERÍDICA, a todas as Mães de todo o mundo - cujo “DIA”, em Portugal se celebra no primeiro Domingo de Maio, este ano no próximo dia 7.