quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

PARTE O VELHO CHEGA O NOVO

PARTE O VELHO CHEGA O NOVO
 
 
O ancião, com suas barbas brancas e olhar triste
Sentado, sozinho, naquela velha cadeira,
Desiludido pensava:
- Chegou o meu fim!
Tudo que é velho não presta
Já pouco tempo me resta
Em breve se livram de mim.

Mas não se iludam, eu já fui novo.

 
Quando nasci houve alegria,
Caí na graça do povo,

Fizeram até um festim.

Foguetes a estrelejar,
 




Copos na mão a brindar,

 
Todos gostavam de mim.
 
Cresci, amadureci,
Ganhei sabores e odores,

Comecei a engordar…
O peso viu-me curvar
A minha pele a murchar
Os meus braços a pender
Para à terra eu volver.

 (Washington - Arlington Cemetery)

Mas vem aí sangue novo
Para o meu trono ocupar.
Abram os braços, festejem,
Dêem largas à esperança
 

Que ele transporta consigo
Um enorme mar de sonhos
E promessas de bonança.


 
FELIZ ANO NOVO

 MINHAS QUERIDAS AMIGAS E MEUS QUERIDOS AMIGOS
Este é o último post que publico neste ano de 2014.
Vou agora fazer uma pausa por tempo indeterminado, mas não deixarei de vos contactar sempre que me seja possível.
 Quando puder regressar dar-vos-ei conhecimento.
O meu agradecimento a todos.

 
À querida amiga EVANIR agradeço este lindo selinho.

Muito obrigada!

À querida amiga GRACITA agradeço este lindo selinho.
Muito obrigada!



domingo, 14 de dezembro de 2014

O NATAL DA MINHA INFÂNCIA

(Primeira árvore de Natal de que se tem conhecimento)
Riga – Letónia - 1510  (Imagem da Net)

 Quando eu era criança o Natal tinha mil encantos, era pura magia. Passávamos o resto do ano ansiando por esta época como sendo os melhores dias das nossas vidas.
À data vivíamos numa quinta nos arredores do Porto,

que tinha um enorme pinhal, no qual se encontravam bastantes pedregulhos graníticos, que, no Inverno, se cobriam de musgo.
A mim e ao meu irmão mais novo cabia a tarefa de colher musgo para o presépio, o que começávamos a fazer duas semanas antes da noite de Natal.
Munidos de um pequeno cesto e uma faca velha, rombuda, lá íamos nós, quais pequenos exploradores – eu com seis ou sete anos, o meu irmão dois anos mais novo – à procura do musgo.
Quando encontrávamos alguma pedra com o precioso fungo, eu enfiava a faca, cuidadosamente, por debaixo da planta, e, com as suas pequenas mãozinhas, o meu irmão amparava aquele delicado tapete verde, de pequena espessura, que, com o maior cuidado, colocávamos dentro do cesto.
Quando já tínhamos a quantidade suficiente para as nossas poucas forças, voltávamos para casa.
Aí o musgo era colocado sobre folhas de jornais velhos; todas as noites, sob a supervisão da Mãe, borrifávamos as quantidades já recolhidas molhando as pontas dos dedos, e lançando para o ar gotículas de água que iam manter fresco e viçoso aquele tapete de veludo verde, até ao dia em que seria armado o presépio.
Finalmente chegava o dia da grande empreitada!
Todos colaboravam nesta tarefa: os cinco irmãos,
 
e o Pai, cada um cumprindo o que lhe competia fazer; a Mãe… dando conselhos e opiniões.
O Pai trazia para o local onde iria ficar montado o presépio uma armação em madeira, que ele próprio fizera e guardava de uns anos para os outros.
Começava a tarefa de cobrir aqueles espaços, em degraus irregulares formando socalcos, com o tapete de musgo que, de onde em onde, salpicávamos com pequenas pedras que tínhamos trazido do pinhal. Com areia que o Pai sempre trazia da praia, na época balnear, fazíamos pequenos caminhos, que se destacavam pela brancura no meio do verde tapete de musgo.
A nossa tarefa, minha e do meu irmão, terminava aqui. Cabia agora aos mais velhos comporem o resto.
Ao fundo, na parte mais elevada, eles faziam, com pequenas pedras, uma espécie de abrigo, onde colocavam as figuras principais do presépio – o Menino Jesus, A Virgem Maria, São José, e, por último, a vaquinha e o burrinho. Na pedra mais alta era colocada uma brilhante estrela de cartão recoberta de papel dourado.
As restantes figuras eram espalhadas mais ou menos a esmo – aqui uma ovelhinha branca de neve, ali um pastor, mais além um pato… Até cães e gatos por lá apareciam.
Mais ou menos a meio de um dos caminhitos eram colocados os três Reis Magos, com as suas oferendas para o Menino Deus.
Todos os anos, na feira de Verão, eram compradas duas ou três figuras que se iam juntar às já existentes.
Nesse dia, depois do presépio armado, o Pai ia ao pinhal cortar um pequeno pinheiro dos muitos que nasciam por lá, devido aos pinhões que caíam ao chão.
Colocava-o num vaso grande, com terra. O lugar do pinheiro era sempre ao fundo do presépio.
Era enfeitado com pequeninas velas colocadas numa espécie de minúsculos castiçais terminando em pinças, que se prendiam aos ramos do pinheiro. Só se acendiam na noite de Natal.
Depois de tudo isto feito surgia outro “momento alto” da época do Natal. Era como que um ritual.
O Pai, acompanhado dos cinco filhos, dirigia-se ao pinhal, e aí todos procuravam um tronco bem grosso – havia sempre muitos, resultantes dos pinheiros que se cortavam para fazer lenha e carvão. Todos opinavam:
- “Levamos este, papá”; “não, esse é muito fininho…”; olhe para este, papá, é muito grosso!” – até que finalmente um tronco era escolhido e o Pai carregava-o para casa, e colocava-o no canto da lareira.
Este tronco era aceso na noite de Natal e conservava-se a arder lentamente até ao último dia do ano. Chamava-se “Tição de Natal”.
(Depois de apagado guardava-se para se acender quando havia trovoada. Este ritual destinava-se a afastar as grandes trovoadas que podiam causar malefícios às pessoas e animais).
Em breve a casa começava a estar saturada do “cheirinho” dos doces que a Mãe ia preparando para a ceia de Natal.
Começava pelos “Bolinhos de Jerimu” que, de acordo com a receita e para grande desgosto nosso, deviam ser feitos e guardados por uma semana para ficarem ainda mais apetitosos.
Claro que para nós, os filhos, seriam deliciosos se os comêssemos logo que eram feitos, mas a Mãe mantinha-se irredutível: esperem pela noite de Natal!
(para quem não sabe… jerimu é uma “abóbora menina”, e os bolinhos de jerimu – ou jerimum, no dizer popular - são típicos da região norte de Portugal)
Nessa noite a mesa cobria-se com o tradicional “Bacalhau da Consoada” com todas aquelas coisas a que as crianças não ligavam a mínima importância, ansiando pela chegada dos doces.
E apareciam então as travessas das “filhós”, das “rabanadas”, da “aletria” e, claro, dos “bolinhos de jerimu”.
Finda a refeição eram colocados na chaminé 5 sapatos, um de cada filho, para que o Menino Jesus viesse ali colocar uma prenda - na altura não havia, ainda, Pai Natal: as prendas eram trazidas pelo Menino Jesus.
No dia seguinte a casa enchia-se com os nossos gritos de alegria ao vermos as prendas que o “Menino Jesus”, sorrateiramente, depositara nos nossos sapatos.
Éramos todos tão felizes!

(Natal medieval)
Imagem da Net
FELIZ NATAL A TODOS!

 
Permito-me partilhar convosco um miminho que recebi da minha querida amiga MARILENE a quem renovo o meu agradecimento.

 
A querida Amiga GRACITA presenteou-me com este lindo selinho que, de coração, agradeço. Obrigada!

Da querida Amiga EVANIR recebi este lindo selinho, que, enternecida, agradeço