domingo, 13 de junho de 2010

SENTIDO INVERSO

Quarta e última parte

Perante a minha passividade, ela avançou a outra mão e começou a desabotoar-me os botões da blusa.



Abri repentinamente os olhos e “vi” que ao meu lado estava UMA princesa, não UM príncipe.
Com suavidade mas também com firmeza, retirei a mão que tinha sobre o meu peito e afastei-me dela. Segurando-a pelos ombros, olhos nos olhos, disse-lhe, claramente:
- Eu gosto muito de ti, tu sabes. Adoro-te! Mas entre nós nunca poderá existir nada para além de uma grande mas fraternal amizade.
- Pois aí é que está a questão. Tu vês-me como uma irmã, e qualquer envolvimento entre nós ia ter, para ti, o cariz de incesto.
Mas tu não imaginas como pode ser doce mas também arrebatador o Amor entre mulheres. Aquela minha amiga que avistaste ontem é fantástica. Deixa-me apresentar-ta. Tenho a certeza que mudarás de ideia. Eu senti, ainda há pouco, que estavas a ter prazer…
- Sim, é verdade que por breves momentos fiquei excitada. Mas sabes porquê? Porque me imaginei nos braços de um homem.
Não, minha amiga, não quero que me apresentes ninguém. Eu sei que, definitivamente, gosto de homens, e serei incapaz de ter qualquer ligação íntima com uma mulher.

A minha amiga notou o tom firme em que falei. Não insistiu. Continuámos, e ainda somos, excelentes amigas.
Este incidente não me afectou minimamente. Talvez fizesse com que me viesse à memória, com maior frequência, o que aconteceu quando andava na escola.
Será que, se aquela experiência se tivesse consumado, eu hoje seria como a minha amiga? Gostaria só de mulheres, seria lésbica? Para esta pergunta não encontro resposta.
Eu e a minha colega ainda partilhámos o apartamento por dois ou três anos. Depois ela foi viver com outra amiga, com quem estabeleceu uma relação estável, que dura até hoje.
A nossa amizade não foi afectada com a separação. Continuamos grandes amigas. Respeito a sua opção de vida tal como ela respeita a minha.
Eu continuei com os estudos, acabei o curso, e fiquei a estagiar no escritório do meu “patrão”. Namorei muito, mas sem compromissos sérios.
Há dois anos, quando festejei os meus 35 anos, conheci alguém especial. Muito especial. Houve química entre nós. Iniciámos uma relação de Amor sem sobressaltos, com os seus momentos de paixão intensa, e sentimos que “fomos feitos um para o outro”. Estamos ambos convencidos de que acabaremos os nossos dias juntos.

Entretanto, alguns meses depois de o conhecer, uma noite sonhei que era homem. Nesse sonho a minha Mãe aparecia olhando-me com enlevo e orgulho, e de repente notei que estávamos vestidos de cerimónia, e a minha Mãe segurava o meu braço, caminhando lentamente ao meu lado. Ao longe avistei o vulto, que não identifiquei, de alguém usando um vestido de noiva, o que me causou um grande sobressalto. Era o meu casamento!
Acordei subitamente, impressionada com um sonho tão disparatado.
Durante o dia várias vezes o mesmo me veio à ideia. E pensava:
- Como será ser homem? Os homens serão assim tão diferentes das mulheres? Deveria eu ter nascido homem? Nesse caso eu gostaria, naturalmente, de mulheres…
Nessa mesma noite tomei uma decisão.
- Quero experimentar a sensação de ser homem!

Inscrevi-me num site social (não vou dizer qual porque não alinho em publicidade grátis) com um perfil masculino.
Como domino razoavelmente bem a técnica da imagem em computador “construí” uma foto dum homem jovem, muito charmoso, que causa um verdadeiro delírio especialmente entre as teenagers.
Todas as noites abro o site e respondo às inúmeras mensagens das minhas admiradoras, a cada dia aprimorando a minha figura masculina, contando histórias fantásticas que as põe ao rubro.
Mas o mais estranho é que faço isto com prazer, e sinto-me cada vez mais presa ao personagem que todas as noites encarno.

Está nos meus planos constituir família com o meu actual namorado. Mas, antes, tenho que lhe contar este meu segredo. Se ele o aceitar…seremos felizes para sempre.



O meu maior desejo é que a minha prole, em número ainda não definido, seja constituída apenas por meninas. Vou vingar-me cobrindo-as de laços, lacinhos e laçarotes, flores e passarinhos, e corações, atravessados ou não por setas! Sem esquecer os folhinhos e os cabelos pela cintura.

Hoje eu pergunto-me: eu seria uma pessoa diferente, mais estável, mais segura, com menos dúvidas que, constantemente invadem o meu espírito, se a minha Mãe não tivesse tentado empurrar-me num SENTIDO INVERSO?

FINAL


Nota: Porque alguns comentadores manifestaram curiosidade, havendo mesmo uma comentadora que declarou abertamente que gostaria que no final houvesse um esclarecimento, sinto ser meu dever informar-vos do seguinte:
O “conto” que agora chegou ao final não é autobiográfico; nem sequer, a exemplo do que se passou com “Anita”, é baseado em factos reais.
Trata-se de pura ficção, fruto de observação de casos do dia-a-dia, com os quais construí esta história.
Nasci numa família de cinco irmãos, dois do sexo masculino e três do feminino. A minha Mãe não tinha preferência por meninos ou meninas, o que viesse era bem recebido; já o meu Pai tinha preferência por meninas. Dizia que não se importava de ter apenas filhas.
Quero ainda dizer-vos que me senti muito lisonjeada por alguns de vós terdes pensado tratar-se dum caso verídico, e, em particular, autobiográfico, porque isso me leva a concluir que fui convincente na forma como conduzi a história.

A todos o meu sincero “Obrigada”.

48 comentários:

Cândida Ribeiro disse...

Querida Mariazita,

Um desfecho feliz para ambas. Uma sendo feliz com a sua companheira , a outra desejando casar e constituir família.
O respeito pelas escolhas de cada um leva-nos a manter amizades por longos e bons anos e quem somos nós para duvidar dos sentimentos de cada um?
Somos todos seres iguais mas diferentes na forma de sentir e expressar o seu amor.
Fizeste uma bela escolha …muito actual e real.

Estou no Pontido desde 4ª.feira, mini férias.!!!!
Não sei como é a votação no Espaço Aberto…mas são eles que escolhem.

Mil beijinhos da tua manita

Valquíria Calado disse...

Me pegaste amiga, eu imaginei ser sua verdade, e estava acompanhando com grtande expectativa, lindo, perfeito parabéns.

Deixo meu abraço e tenha um finm de semana de paz e descanso.

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida Mariaziata,

Eu fui seguramente uma das que achei que era um conto autobiográfico.
Perfeita a forma como conta as suas histórias e sobretudo as cria e recria.

Gostei imenso, mesmo muito.
O tema não podia ser maia actual e até didáctico.
O fim o melhor possível.

Obrigada e parabéns.

Na casa do Rau

Unknown disse...

Querida amiga Mariazita,
os meus mais sinceros parabéns, foi convincente sim e escreveu um conto que embora seja pura ficção, pode muito bem ser a história de alguém.

Beijinhos com votos de um excelente Domingo,

Ana Martins
Ave Sem Asas

Unknown disse...

Boa noite Amiguita linda!
Cá estou e acabado de ler o desfecho da tua 'estória' posso concluir que soubestes levar muito bem o intuito dos fatos narrados e muito bem narrados, tanto que me deixou a pensar 'se' deveras tiveste vivenciado chego a conclusão que hoje em dia virtualmente falando, pessoas se fazem passar por outra pelo simples desejo de vivenciarem o seu outro eu.
A tua estória nada tem de fictício, muito pelo contrário, vem mostrar outro quadro vivido realmente por tantos...
Resta-nos aprender a conviver e aceitar cada ser tal e qual são respeitando a escolha de cada um.
A vida tem dessas coisas amiga querida, somos espíritos em aprendizado contínuo, experimentando a roupagem que nos cabe em cada passagem, e trazendo a tona os reflexos dos que fomos num outro espaço de tempo...
Parabéns pelo desfecho conclusivo e reflexivo para todos nós.
Eu ‘quase’ acreditei rss
Beijos e carinhos nesta noite dos namorados que convida...
Caminhando contigo sempre, tua amiga Jady

lis disse...

Oi Mariazita
muito convincente , até fiquei frustrada rsrs pensava se nao autobiográfivo pelo menos real rsrs
Grande escritora ,pode preparar belos contos de amor e teremos um livro com seu autográfo rs
Gostei muito, com se acompanhasse um romance ou novela , com todo entusiasmo rs
abraços e um ótimo domingo

Guma disse...

Mariazita|

Li o conto desde o primeiro até ao final.
Apreciei e retiro desta leitura o dom que tens na escrita que dominas independentemente de ser ficção ou até que fosse autobiográfico.
O amor tem múltiplas formas de expressão e todas elas me encantam.
Estou desde já na minha profissão a realizar trabalhos para o próximo Pride, contacto por isso mesmo, com lésbicas e homossexuais e não consigo aperceber-me da dificuldade que algumas pessoas têm em encarar, lidar e respeitar as opções sexuais de cada um. Parto sempre de um principio que é: Primeiro somos pessoas, depois estará o género e, as escolhas de cada um na sua sexualidade nem sequer me ocupam o pensamento.
Kandandos e um óptimo Domingo.
Grato pela tua visita lá serra... é uma honra

Luis disse...

Minha Boa Amiga Mariazita,
Como de costume um conto muito bem conseguido e sempre com suspense até ao ultimo capitulo. Espero que um dia nos apresente um conto policial pois julgo que teria exito nesse tipo de contos.
Adorei toda a trama do conto que como disse anteriormente foi muito convicente. Deixo-lhe um repto: porque não publica um livro de contos? Tenho a certeza que seria um exito.
Um beijinho amigo.

AC disse...

Mariazita,
Os meus parabéns pela forma como foi construindo a história, deixando sempre a dúvida no leitor. Muito bem!
Resta-nos aguardar pela próxima. Vamos a isso?

Beijo.

Tite disse...

Querida Mariazita,

Tudo o que escreveste, mesmo sendo ficção, é a mais pura das verdades.
Enquanto criança só não tive a Mãe com falta de gosto para me vestir porque ela, apesar de pobre, sempre nos vestiu, a mim e à minha irmã, como autênticas princesas. Na terra até se dizia que nós parecíamos ricos. Isto porque a minha Mãe era prendada e muito económica. É, contudo, verdade que também ela desejou, para 1º filho, um rapaz e eu fui o que se pode dizer uma verdadeira aventureira nas brincadeiras de rua que naquela altura se podia fazer sem riscos.
O que é também verdade é que, devido a essa liberdade, fui bem assediada por amigas/os mas nunca me perturbei - coisas de crianças que sempre gostam de fazer experiências naquela fase das suas vidas.
O que acontece - e falei sobre isso com um Cabeleireiro que tive e era gay - é que essas experiências, por serem bem sucedidas, levam a que os seus intervenientes optem pelo que mais lhes agrada na fase da idade adulta. O meu Cabeleireiro calou-se e assentiu com a cabeça como a dizer que tinha sido esse o seu caso.
Portanto, acho que cada um deve seguir o seu caminho. O que não concordo é com a palavra casamento em se tratando de pessoas do mesmo sexo. Um acordo legal entre duas pessoas para prevenir heranças futuras de património comum seria, na minha opinião, suficiente e muito menos folclórico.
Será que alguém tem o direito de saber o que faço ou não entre as 4 paredes da minha alegre casinha? Vale tudo por amor é só o que tenho a dizer... sem folclores.

Parabéns pelo conto ficcional.

O meu comentário é a pura das realidades.

Anónimo disse...

Sem preconceito e cada uma com seu destino o importante é ser felizzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.
Parabéns amada.
Beijokas.

Zélia Guardiano disse...

Mariazita
És expert nesta dificil arte de escrever( e de convencer, o que é mais difícil).
Faço parte desse grupo que acreditou ser autobiográfico o texto. Por isso mesmo,querida, dou-lhe parabéns, mil vezes!!!
Valeu vir aqui! Muito!!!
Beijos

Cida disse...

Este Sentido Inverso, realmente nos prendeu até o último instante.
Parabéns amiga!

Acho também que você deveria publicar um livro de contos, pois o dom da escrita não é prá qualquer um, e você, com toda a certeza, o tem de sobra.

Tenha uma excelente semana, e espero que você continue a nos brindar com novas histórias.

Bjssssss

Cid@

Aislin Nahimana disse...

E uma ficção pra lá de inspiradora, baseada em muita história real que tem por aí!

bjos!


aislinnahimana.blogger.com.br

Bergilde disse...

Sim,adiciono meus parabéns pela boa escrita amiga e esse o segredo de bem escrever,convencer o leitor daquilo que o autor(a)pretende,você atingiu seu objetivo e dentro de um tema bem polêmico,cheio de tantos tabus,embora em pleno séc.XXI a humanidade ainda não se desprendeu de seus estigmas e preconceitos.
Bom Domingo e uma ótima semana pra você viu!

José disse...

Olá Mariazita,

Já estou visitando a Casa da Mariquinhas,e gostei muito deste texto, muito bem escrito,e agora fico eu na dúvida, se não andará por ai pessoas disfarçadas de outras pessoas, mas se andarem não é por causa disso que vai acabar o mundo.
Para conhecer a casa melhor tenho que vir aqui mais vezes.
Por isso vou seguir o seu bjg e sendo assim cumpre a minha parte do contrato,

Um beijinho,
José.

Daniel Costa disse...

Mariazita

Acredita que vi a tua interessantge história, como ficção, não me enganava, conheço-te o suficiente. Saberes dar verosimilhança, isso sim, és eximia.
Achei uma bela história, se fosse verdadeira não ia ficar chocado por certo.
A realidade opcional no amor é uma realidade.
Beijos
Daniel

Irene Moreira disse...

Mariazita
Por se tratar de uma história que a construistes de suas observações te parabenizo de pé, pois é magnífica e traz uma lição para os pais e adolescentes.O mundo está aí repleto de homossexuais e Portugal há alguns anos atrás criou um slogan "PELO DIREITO À INDIFERENÇA".
Eu é que agradeço o prazer de poder estar aqui a ler suas histórias.

Beijos e boa semana

helia disse...

Uma ficção muito convincente,não fosse o esclarecimento final e eu diria que era uma autobiografia!Uma História muito bem contada!

Francisco Sobreira disse...

Querida Maria,
Um ótimo relato, com um belo final. O sonho foi uma boa sacada. Um beijo e uma excelente semana.

Lilá(s) disse...

Anseio sempre pelo fim das histórias e quando elas acabam fico com pena! Foi linda.
Bjs

Saozita disse...

Querida Mariazita, como vai?
Até que enfim, chegou ao fim a história, estava mesmo cheia de curiosidade para saber como terminava! Pois bem, eu fui das que fui enganada e pensei que seria uma autobiografia ( ver comentário no post anterior ),na verdade escreve muito bem, e claro é um bom indício da capacidade para escrever contos. Adorei!

Uma boa semana.
Bj

Unknown disse...

Meu mais intenso aplauso pela criatividade. Talvez tenha sido sim uma história real quanto a tantos casos que ouvimos falar, mas algo compreensível bem dentro do contexto porque na vida existem razões que a propria razão desconhece. Aplaudo porque todo mundo tem uma história pra contar e sentem-se até envergonhados, por não ser assim seres libertos onde existem preconceitos vários e julgamentos.
Conheço pessoas que são viventes de intenso martírio, por não conseguir ser elas mesmas, vivendo a vida numa sociedade que as cobra constantemente.
Não somos culpados do que somos, temos uma vida e a sexualidade colocada a prova, sem que se sabe as orígens é fato pra mais de 15 bandas.
O que se sabe é que o amor estar aí, livre buscando o afago e o compreensível. Ele se encanta e sente carência de viver os encantos desta vida, mas sequer consegue entender as razões de si mesmo, por não comungar com os ditos amor "normais" da forma como deveria se-lo.

Minha amiga mais que querida.
A história descrita, foi uma linda pegadinha de ti mesma. Muito bem colocada, muito bem explicativa. A tal ponto de levar a quem a leu a viver as cenas a construi-las e imagina-las. perfeito! Sinceramente é uma história a ser publicada, mesmo porque ela mostra e educa razões de vidas e promove a compreensão até de fatos que se julgam livremente sem que ninguém queira lhes buscar as causas.

maravilhoso!

Bjs e linda semana pra ti
grande escritora!

Livinha

Lourdes disse...

Mariazita
Segui todo o conto, enfrentando sempre a dúvida e por isso não comentei. Foram crónicas duma vida tão bem narradas que só duvidei que fossem autobiográficas porque penso que, em Portugal, estas opções ainda não são reveladas com tanta expontaneidade. Mas olhe que foi mesmo só bem perto do fim.
Parabéns
Beijinhos
Lourdes

chica disse...

Foste mais uma vez, brilhante,Mariazita!Que história essa ,tão bem contada que parece ser real.Incrível! um beijo,tudo de bom,chica

Anónimo disse...

Uau, Mariazita!
Quase caí da cadeira! Achei que fosse um conto autobiográfico!
Mas olha, autobiográfico ou não, ele é muito interessante. Estou aqui pensando sobre os tantos casos parecidos com esse e até onde a homossexualidade surgiu naturalmente ou foi 'orientada'. Estou aqui pensando...

Agora a pergunta que não quer calar: virão outros contos? Diga que sim, por favor!
Beijocas!

In Cucina disse...

Querida amiga Mariazita, que escritora heim?

Não achei que fosse autobiografia, mas resumo de algum romance, gostei imensamente de saber que foi criação sua, parabéns!

Já pode secrever um livro heim?

Estive fora do ar por alguns dias, pois como me mudei de endereço, fiquei sen internet duraete toda a semana, por isso não pude fazer minhas visitas costumeiras.

Beijos brasileiros, Teresa

Desnuda disse...

Hahahaaahaa e não é que desde o início ( a primeira parte com convicta certeza e que ruiu agora como um castelo de areia) pensei mesmo? Mariazita você é demais, amiga! Hahahahahaaah Adorei toda esta indução, todos os artifices, o enredo, as expectativas e esta parte final sensacional, onde já ficamos ciente que não foi autobiográfico. Parabéns, amiga. Inesquecível este final.

Um beijo estalado de bom!

Barbara disse...

Ying Yang
Tanto faz afinal, o seu conto nem é coisa de outro mundo.
Mas é bom para afastar as pessoas que definitivamente discriminam o diferente.
Padrão.
Vive-se disso.
Mas do Ying Yang - não há quem escape na psiquê.

Vicktor Reis disse...

Querida Mariazita

Caminhei sempre no conto que aqui partilhaste procurando compreenderbem os sentimentos expostos a cada momento.

Realmente uma narrativa magnífica...

Ficou bem clara bisexualidades que existe em todos nós e que pelos mais diversos codicionalismos, sociais, religiosos, culturais, se manisfesta mais ou menos...

Mais do que tudo senti uma vez mais que o mundo conduzido por afectos seria um mundo bem melhor do que o nosso em que somente o poder, o preço, o fugaz tem importância...

Quando o mais importante é o valor! (opinião modesta a minha)

Beijinhos.

Saozita disse...

VIM SO PARA LHE DEIXAR UM BEIJO COM MUITO CARINHO PARA VOCE MINHA AMIGA

Saozita disse...

Minha querida amiga é triste quando dependemos de óculos a visão é a coisa mais importante que temos,teve azar por se terem partido, pelo que vejo necessita muito deles, mas tudo se resolve, os amigos são para isso mesmo, saber ouvir é uma qualidade. Bj deseijo-lhe uma noite feliz.

Mª João C.Martins disse...

Minha amiga

Realmente conseguiste surpreender-me na totalidade. Acreditei, desde o primeiro parágrafo desta história, que ela era autobiográfica. E claro que tal se deve à forma como escreveste e como nos guiaste!:-)
Não te vou negar, que daqui para a frente irei ser menos incauta e quando ler um texto teu, pensarei primeiro que é uma história ficcionada.

Parabéns minha querida!
Beijinhos

São disse...

Que escreves bem , eu já sei há muito tempo.

Um apertado abraço, nena.

vieira calado disse...

Não li toda a saga.

Mas se houve tanta gente

a "ser enganada"

é porque estava muito bem escrito.

Bjs

Juliana Apetitto disse...

Querida Mariazita, perfeita a história que criaste, bem como a análise que fizeste da mesma. Tem certeza que nao é psicóloga?! hahahaha. Parabéns, eu realmente pensei que tudo isto era verdade. Você tem o dom da escrita!
bjs

Saozita disse...

Mimha querida amiga logo com mais tempo venho comentar o teu poema como mereces tenho dois filhotes paqueninos que nao me deixao fazer nada mas podes contar comigo mais logo grande Bj com todo o carinho do mundo

Saozita disse...

Desde de ja e a convido para passar um fim de semana comigo e familia com todo o carinho que merece Bj amiga

com senso disse...

Amiga Mariazita

Depois de um periodo de férias, seguido de um período de azáfama, cá regresso de novo a esta sua bela casa!
E fico surpreendido quer pelo tema escolhido para a sua ficção, quer pela forma elegante, inteligente e sensível como o abordou.
Isso leva-me a escrever um comentário um pouco longo demais que irá aparecer em duas partes!

....Haja paciência para me aturar!....

Hoje em dia, devido à aprovação do casamentos entre pessoas do mesmo sexo, o seu conto tornou-se absolutamente actual e profundamente pedagógico.
Tive que o ler desde o ínicio e foi um prazer, caminhar através do seu estilo, percorrer o enredo bem tecido e encontrar mais uma vez o que de mais profundo e contraditório se encontra na alma humana.
Por isso, e primeiro que tudo, os meus parabens por mais um texto belíssimo, e pela forma aberta e descomplexada com que fala dos temas.
Li também com muita curiosidade quase todos os comentários aqui colocados e verifico que existe neles também uma sintonia de curiosidade e tolerância pela abordagem de um tema "carregado" de conceitos dificeis de entender pela maioria das pessoas.
Um casal amigo, com uma boa amizade que vai já em quase em 40 anos, debateu-se à uns anos com esse problema que "de repente" lhe surgiu na família.
Aprendi muito com eles.
Aprendi por exemplo que as tendencias homossexuais não surgem de repente e que são inatas individuos.
De acordo com os médicos existe uma escala em que cada um de nós se encaixa. Essa escala vai dos 100% heterossexual aos 100% homossexual.
Cada ser humano é um caso diferente do outro, sendo que uma imensa maioria está muito próxima da natureza heterossexual.
Contudo, os estudos apontam para que cerca de 10% da população nasça naturalmente homossexual... Um grupo relativamente largo que se confronta, desde a nascença com dois factos: Um de se sentir diferente da maioria, outro o de que essa diferença é mal vista por todos, pela sociedade, pelos amigos, colegas e até pela própria família.
Nos Estados Unidos foi apurado que, o sofrimento causado por se saberem rejeitados pela sociedade, devido à sua homossexualidade, é a principal causa de suicidio nos adolescentes.
Entretanto a ajuda de um psicólogo e de um psiquiatra foi muito importante para que este casal entendesse certas coisas, que até aí, para eles, pertenciam a um mundo absolutamente estranho.
Afinal a filha tinha-se casado e tido um menino... O que se tinha passado então?
Passou-se que a moça, que eu conheço desde que nasceu, e que a sinto quase como se me pertencesse, sempre tentou contrariar a sua própria natureza, tentou fazer tudo o que se esperava dela.
E fez, até que um dia não aguentou mais...
Veio uma depressão fortíssima e o único caminho que descortinou foi o do suicídio, que felizmente acabou por correr de forma diferente do que ela esperava.
Ficámos todos horrorizados, e depois incrédulos ao saber das verdadeiras razões de tal desespero.
Todos tentámos ajudá-la, a ela aos pais, ao marido e ao pequenito!
Os pais neste momento já entendem e aceitam (pelo menos é o que dizem), ela ainda sob vigilância médica, diz sentir que lhe tiraram um peso enorme dos seus ombros e eu creio que mais dia menos dia vai conseguir superar este terrível trauma.
O pequenito, ao fim de quase um anos de separação, voltou a estar com a mãe, que o adora!
Há uma espécie de terapia mútua e o bem que fazem um ao outro, depois de momentos tão dificeis, dá gosto ver!
Resta o marido, que mais do que magoado, sente que todo o seu casamento, que foi feito por amor da parte dele, foi uma farsa!
Nessa mesma altura foi publicado um livro da ex-mulher de um antigo Governador norte-americano que ao saber que o marido era homossexual dizia sentir exactamente o mesmo! Sentia-se roubada, sentia que aqueles momentos de amor e ternura que tinha vivido com o seu ex-marido eram todos falsos. Ele não estava mais do que a representar.

com senso disse...

....

Este é um dos assuntos, que apenas quando lidamos directamente com eles, nos fazem reflectir com ponderação!
Por isso, quando hoje em dia oiço dizer que casamentos entre pessoas do mesmo sexo é um ataque à instituição casamento, eu lembro-me destes casos e pergunto-me quantas mulheres e quantos homens não andam a fingir, só porque querem corresponder ao que a sociedade lhes impõe, contra a sua natureza, da qual naturalmente não são culpados!
Por outro lado quantos homens e quantas mulheres heterossexuais estarão hoje a pensar que são verdadeiramente amados, quando afinal a sua parceira ou o seu pareceiro está apenas a fazer um esforço imenso para lhes proporcionar a felicidade que eles esperam.
Este é, na verdade, um tema muito complexo e que a maioria de nós não consegue entender, quer por razões de educação, quer mesmo por factores biológicos.
O simples facto de um heterossexual imaginar algo de intimo com alguém do mesmo sexo é considerado por si mesmo como completamente nojento e isso não significa que ele (ou ela) sejam más pessoas, homofóbicos ou preconceituosos.
A vida ensinou-me que todos somos diferentes e que o mais saudável para todos nós, para que não haja enganos, equivocos ou situações de infelicidade permanente é que cada viva a sua vida sem constragimentos da sua natureza, ame quem quiser, viva e case com quem quiser e que seja feliz à sua maneira.
Eu não gostaria nada de saber que um dia um filho meu não teve o amor que merecia, por parte da mulher que ele escolheu, apenas porque a sociedade obrigou essa mulher, contra a sua natureza, a algo que esperavam que ela fizesse.
Talvez, paradoxalmente, a forma mais acertada e sensata de defender os casamentos heterossexuais, é criarmos uma sociedade que se liberte de preconceitos e que permita que não haja mais estes terríveis equivocos que só causam sofrimento aos próprios e a outros que inocentemente amam e julgam ser amados!
Desculpe porque hoje, de facto, alonguei-me demasiado, mas o tema que abordou tão bem é tão oportuno que resolvi dar a minha modesta (embora excessivamente longa) opinião.

Um beijinho com amizade

poetaeusou . . . disse...

*
e como o "SE",
não existe,
fica a "realidade" da história !
adorei,
,
um mar obrigados, fica,
,
*

Unknown disse...

Amiguita de mi corazon.
Vim deixar-te um bezito e desejar-te uma linda tarde.
Uma flor com amor pra tí
Carinhosamente,
Jady

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida amiga!

Perto da hora do almoço (^_^) que está quase pronto e a ser preparado pelo Chefe José (marido), como deve já saber, que fez questão absoluta de não irmos fora, como é da prache...
Prontos para um dia mais especial, só nós os dois...
Suspense...
35 anos depois de nos termos contraído matrimónio... (^_^)
fiz questão de lhe dizer porque a considero uma grande amiga.

Têm um selo Dardos especial, na minha Galeria de Selos e Prémios.
Espero que aceite.

Beijinhos, hoje mais doces para toda a gente.

Unknown disse...

Portugal em especial e o mundo despede-se do MESTRE DAS LETRAS JOSÉ SARAMAGO!
Ele foi continuar seu trabalho além das estrelas, porque lugar de estrela é no ceu junto a Deus.
Resta a nós, conservá-lo em nossa lembrança.
MISSÃO CUMPRIDA SENHOR DAS LETRAS!
Uma ultima homenagem de despedida a esse grande escritor!
Mariazita amiga querida, meu carinho sempre por você amiga.
Tua amiga, Jady

Zé do Cão disse...

Mariazita
Por mera casualidade, ou por outra, não comentei o inicio deste conto.
Depois veio as férias, a ida até à "Pineda-Salou-Canonja" e li agora tudo de enfiada.
Soube sempre que não podia ser. Todavia, está fenomenal, os meus sinceros parabéns. Que o sol ilumine sempre essa mente.

Jinhos

Táxi Pluvioso disse...

As mulheres emparelharem com mulheres será o futuro de Portugal. Os homens já o fazem. As causas são muitas: crescimento demográfico, solidão, deficiências hormonais, comidas produzidas industrialmente etc. bfds

Diamantino disse...

Olá Mariazita!
Vim até ao seu blogue como faço habitualmente, saltitando como quem saltita de pedra em pedra ao atravessar um ribeiro.
Quero ler com tempo as suas coisas, mas por agora fiquei-me por este conto «Sentido inverso» em quatro partes, com tempo lerei outros que adivinho serem igualmente agradáveis.
Este seu conto, pode ser um contributo a confirmar não ser a homossexualidade um vício adquirido por experiência. Cada um é aquilo que nasce. A homossexualidade é inata, já nasce com a pessoa, uns são outros não e devemos respeitar essas diferenças.
É como alguns terem a cor dos olhos diferentes da maioria, outros mais ou menos pelos no corpo. Mas isto é no plano físico, dirá alguém, eu diria que o mesmo se passa o mesmo no plano mental, também ai há diferenças inatas. A homossexualidade passa por ai.

Diamantino

Carla Ceres disse...

Muito bem escrito, Mariazita! A história de vida torna a protagonista coerente do ponto de vista psicológico e, portanto, crível. Não cheguei a pensar que fosse autobiográfico porque conheço um pouquinho de sua vida e família. Se não dispusesse de outras informações, acreditaria sem questionar. Você é uma senhora escritora! Sinceros parabéns!