domingo, 31 de janeiro de 2010

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XLVI

(Ficção baseada em factos reais)

Pelo Arnaldo eu tive uma paixoneta de juventude, que na altura se revestiu com a capa do Amor. Éramos ambos muito jovens, sentíamo-nos apaixonados – e talvez existisse mesmo paixão, uma paixão juvenil. Mas não era Amor. Se fosse ter-se-ia reacendido quando nos reencontramos.

FIM DO EPISÓDIO XLV
EPISÓDIO XLVI

Pelo teu Pai senti, quando fiquei grávida da Eduarda, uma gratidão muito grande que, com o tempo se transformou em amizade e, na sua doença, sei que o tratei com o Amor que dedicamos ao nosso próximo.
Finalmente, pelo padre João senti uma grande paixão, sem dúvida.
Porque estava atravessando um período de grande carência? Talvez… Lembro-me que nessa altura me sentia como que vazia, sem um rumo válido na vida… Apareceu o projecto da creche que nos obrigou a uma aproximação muito grande, e…surgiu o que me parecia Amor.

Entreguei-me a esse sentimento de alma e coração, e de toda essa loucura restou apenas uma coisa muito boa – a Eduarda. É através dela que me sinto redimida do mau passo que dei. Por ela, e só por ela, consigo perdoar-me…
- Não deves falar assim, Anita. Não há motivo para sentires que devas perdoar-te. Tenho a certeza que viveste esse relacionamento com toda a pureza da tua alma…
- Na verdade, o que agora me parece uma grande leviandade, na altura parecia-me perfeitamente natural. Qualquer Amor tinha direito a existir, inclusive aquele que não era aceite por Deus nem pelos homens.
Hoje de manhã, ao ouvir-te, fui, ao mesmo tempo, revendo toda a minha vida, uma soma de inutilidades sem sentido, apenas porque fui, ainda bastante jovem, atacada por uma cegueira que me impediu de ver o que estava ao alcance dos meus olhos.
Tendo-te repudiado a princípio, especialmente porque o teu Pai me tinha prometido que não estarias lá em casa quando regressássemos da lua-de-mel, muito em breve me habituei à tua presença.
E comecei a sentir por ti qualquer coisa que não sabia bem o que era, nem me dava ao trabalho de tentar analisar. Sentia-te como se fizesses parte de mim mesma, como um braço ou uma perna. Uma parte sem a qual não se pode viver, ou, pelo menos, não se vive muito bem.
Quando partiste, a primeira vez, para a Inglaterra, pensei que não iria suportar tanta dor. E todas as outras nossas despedidas me foram sempre muito dolorosas.
Anita fez uma longa pausa. Humberto mal conseguia esconder a sua emoção. Pigarreou e disse:
- Minha querida, estás a cansar-te demais. É melhor descansares um pouco. Temos muito tempo para conversar…
- Engano teu. Não temos assim tanto tempo… E, receando que ele percebesse o verdadeiro sentido das suas palavras, rapidamente acrescentou:
- Quero dizer-te tudo antes que Eduarda regresse. Como sabes, nós somos, mais do que Mãe e filha, duas excelentes amigas. O único segredo que tenho para com Eduarda é relativo ao seu Pai. Bom…a partir de agora, vai haver mais este, pois não gostaria que Eduarda soubesse que, exactamente agora, nestas circunstâncias, eu descobri que te amo…
- Anita! Tu amas-me, meu amor!... interrompeu Humberto, com o coração a saltar-lhe no peito.
- Sim, eu amo-te, meu amor. Deixa-me tratar-te assim enquanto estamos a sós.
Sei agora que sempre te amei. Tudo o resto passou pela minha vida sem deixar rasto.
Sabes? Eu nunca deixei de sentir a tua falta, até mesmo nos momentos em que me julguei mais feliz. Pensava, tolamente, que gostaria que estivesses presente para partilhar contigo essa suposta felicidade.
Agora eu entendo que apenas tinha necessidade de ti, de te ter junto de mim, de sentir o teu amor, que eu não me apercebia que existia, mas que me fazia muito bem.
Calou-se, por momentos, para logo acrescentar:
- É muito triste constatar que se passou uma vida inteira com umas palas nos olhos. E agora… agora… tão tardiamente, descubro, enfim, a verdade!

- Anita, meu amor, se soubesses como é importante para mim descobrires que me amas… Teria sido muito melhor se tivesses percebido o meu amor há muito mais tempo, mas…nós não somos nenhuns velhos… ainda faremos muita inveja a quem nos vir passear de mãos dados, como jovens enamorados – respondeu Humberto, esboçando um sorriso forçado.

Um leve tamborilar de dedos na porta advertiu-os da chegada de Eduarda.
Humberto notou que, apesar do banho, ela continuava com aspecto de grande cansaço, os olhos pisados de quem chorara longamente, e o sorriso que afivelara no rosto não conseguia disfarçar a sua grande preocupação.
Dando um beijo na Mãe, puxou a cadeira para junto da cama e disse a Humberto:
- Já estou pronta para passar cá a noite. Agora podes ir tu tomar banho e fazer o tal telefonema. Eu faço companhia à Mãe.
Humberto depositou um beijo na testa de Anita, e com um “até já”, retirou-se.

FIM DO EPISÓDIO XLVI

26 comentários:

Cândida Ribeiro disse...

Querida Mariazita,

No estado em que Anita está não pensava que ela fosse confirmar o seu amor pelo Humberto...ainda bem que o fez!
Se a sua partida estiver para breve, pelo menos os seus últimos dias são de amor...amor verdadeiro e retribuído. Se não partir, há sempre milagres na nossa vida, então Anita vai ser muito, muito feliz.
Acredito que ambos merecem viver esse amor!
Fico à espera de um milagre….sabes bem que acredito neles.

Beijinhos coloridos da tua manita

Desnuda disse...

MARIAZITAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Tudo imaginei na postagem anterior! Só não soube e nem poderia descrever tudo desta forma emocionante, claro! Aiiiiiii, menina! estou feliz! Que lindoooooooooooooo! E Canduxa disse tudo! Estamos torcendo!!!

Amanhã retorno de viagem, amiga! Beijãooooooooooooooooo!

Unknown disse...

Mariazita minha amiguita do coração.
Perdi-me neste lindo romance, em cada capítulo que leio fico querendo ler do inicio, acaso tem livro desse emocionante romance amiga?
Parabéns por este teu jeito gostoso de escrever dando-nos a vontade de querer mais e mais devorar o segmento de tudo.
Deixo um beijo grande e o desejo de um lindo domigo.
Paz e amor pra tí amiguita querida.
Carinhos e carinhos da Jady

Zé do Cão disse...

Quem viveu destinada exclusivamente a Amar, amará sempre. Perdoará sempre.
Será sempre aos nossos olhos uma pessoa infeliz ou de outra maneira, feliz à sua medida, mas com sofrimentos tremendos.
jb.

Vicktor Reis disse...

Querida Mariazita

A vivência das pessoas é mesmo assim... quantas vezes passamos ao lado da felicidade somente porque não olhamos para o sítio certo.

Beijinhos.

Vitor Chuva disse...

Olá Mariazita!

Nesta história de amores desencontrados, de sentimentos equivocados, a Anita parece estar a acertar contas com o passado: Sente que necessita de justificar o seu percurso de vida àqueles de quem gosta, para se justificar aos próprios olhos, e assim fazer a paz consigo própria.
E se faz isto porque sente o fim próximo, já não arrisco dizer: A Mariazita vai, com muito talento, expremendo o "limão" até á ultima gota do que ele ainda terá para dar, mantendo o enredo e o suspense até ao fim - deixando tudo em aberto quanto ao desfecho. Até quando? ... só mesmo a Mariazita o saberá!

Bom domingo!
Beijinhos.
Vitor

Pelos caminhos da vida. disse...

Feliz domingo pra vc amiga.

beijooo.

Francisco Sobreira disse...

Que desolação para Anita (e também para Humberto) descobrir, só quando está vendo a morte de perto, que o verdadeiro amor de sua vida foi o enteado. Mais um bom episódio, querida amiga, que, como os últimos, vai, habilmente, prendendo os seus eleitores até o desenlace da história. Um beijo.

RENATA CORDEIRO disse...

Mata-me!!! De Amor!!!*, é o que sempre digo e redigo. Que lindooooo****. Mas só agora? Meu Deus, que história!!!
Se eu morrer hoje, morrerei feliz, minha algoz, querida Mariazita****

Deixo-lhe o meu *Sabia* que fiz inspirada em um filme maravilhoso + Beijos mil da Rêlorinha (a ruiva assustou)**************

SABIA

Do brilho dos olhos,
Da brisa calma,
Da doce alma,
Das flores da saliva.
Sabia de tudo
Da vinda
Da chegada
Quis ser
Capturada
Pelos laços,
A cativa
A implorar
A liberdade
Em teus braços
Nesta tentativa
Evitei o que de teu
Rumava ao meu eu
Mas resisti,
E tanto que,
Num encanto,
Me perdi.

Ao "Diário de uma Paixão"

Poema da Renata à Mariazita*

Tite disse...

...
ficava aqui à espera do próximo episódio mas...

sei que ainda demora.
Pronto eu vou mas volto ansiosa para descobrir o final que é bem capaz de nos surpreender.

Podia acontecer mil coisas mas como se baseia em factos reais... só pode ter o final verdadeiro.

Beijosss e até já Mariazita!

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida amiga Mariazita,

Li tudo num minutinhos... devorei o texto.
A Mariazita mata-me de curiosidade.
Na verdade não hove nenhuma revelação transcendente, já se suspeitava que algo do género acontecesse, mas a forma como está escrita é de verdadeiro suspense.

Oxalá a Anita sobreviva e consiga ser feliz. Ninguém tem uma vida tão sofrida em vão.
Adorei!
Espero o próximo episódio...e agora sim com "o coração nas mãos".

Beijinhos

Unknown disse...

Amiga Mariazita,
acreditas que já tinha pensado que quem Anita ama verdadeiramente é Humberto?
Aguardo pelo próximo episódio e tal como Canduxa torço por um milagre.

Beijinhos,
Ana Martins

Táxi Pluvioso disse...

Ó se fossemos fazer o balanço da nossa vida seria um vale de lágrimas.

As pessoas, para se enganarem, e não assumirem que são uns falhados, dizem: "se voltasse atrás faria faria tudo igual". Que disparate. Eu, se voltasse atrás, faria tudo diferente. boa semana

São disse...

Posso copiar o c dizer do Táxi?
É que concordo : se voltasse atrás havia muita coisa que não faria, não.

UMa feliz semana, nena!

Luis disse...

Querida Mariazita,
Acredito em milagres e neste caso é de justiça que Anita venha a gozar o seu verdadeiro Amor , ela que andou sempre desencontrada com Ele...
Será triste se tal não vier a acontecer!
Aguardo ansiosamente o desfecho desta estória!
Um beijinho amigo.

Desnuda disse...

Obrigada pelo carinho e preocupação amada Mariazita. Somente li hoje e respondi explicando...Ontem não consegui ficar no pc após as postagens. Agora a noite, vim responder o carinho dos amigos. Muitos beijos, querida. Também te amo.

Sandra disse...

Lindas histórias de amor, que nos fortalece. A ficçção e a vida real, muitas vezes se fundem..

Desculpe, a demora para retribuir o meu carinho, mas as vezes, não conseguimos vim, como planejamos. Mas acredito que o importante é estarmos presente.

As amizades verdadeiras, são como árvores, com raizes profundas.
"Um sorriso é a distância mais curta entre duas pessoas".
Por isso venho trazer o meu sorriso, o meu carinho e a minha amizade, mais sincera.
Pois nos tornamos, amigos por este meio tão virtual, mas tão caloroso, pelos recadinhos que são deixados.
Muito obrigado pelas suas doces visitas em todos os meus blogs.
Fico sempre muito feliz com a sua presença.
Um grande abraço.
Sandra

Sonia Schmorantz disse...

Hoje vim convidar você a conhecer o Ilha da Magia, blogger onde arrisco alguns ensaios poéticos
http://schmorantz.wordpress.com/
o link está no leia mais no meu tradicional espaço.
beijos

RENATA CORDEIRO disse...

Só pra as minha querida eu falo :

*Amo-te assim
Sem enfeites nem disfarces
Ungida pela água.
Cabelo corrido pelos ombros,
Olhos brilhantes de alegria e volúpia
Toda amor mar e harmonia
Como se tivesses descido do céu
E uma nuvem fosse o longo véu
Que nos envolvesse eternamente*

Beijos da Rêloirinha para a Mariazita Loiraça!
Obrigada pela embriagante visita de ontem.

Ps: Por falar em loiras, se por acaso, a minha querida Loira for logo ao eu e daí?, repare nas cores. Juro que foi sem querer!!!
+ Beijos*****
E LINKA O MEU EU E DAÍ?, SENHORA! FAÇA-ME O FAVOR!!!

RENATA CORDEIRO disse...

Quantos e tão belos!
Em sonhos meigos risonhos
Se elevam castelos!

Minha querida Mariazita, o link do eu e daí? está aqui. Para entender o que anda acontecendo comigo, link o blog debaixo também. Daí, vc entederá o *problema das cores*. Basta copiar e colar os links nos favoritos.

http://blogrenataeuedai.blogspot.com/

http://blogrenataslidesepremioseimagens.blogspot.com/

Beijos mil******************** + 1 haicai para ti.
Fui, já enchi!!!!


PS: PRECISO DO TEU E-MAIL**********

Daniel Costa disse...

Mariazita

Sigo o novelo, ou a novela do teu romance apaixonante, fazendo esforço para não me comover. Acredita! Aprecio este tipo de, dizes partir da realidade. Mesmo que não o seja, o tipo de romantismo tem o condão de comover-me.
Beijos
Daniel

poetaeusou . . . disse...

*
ai . . .
esta saga
que me prende .
,
conchinhas, deixo,
,
*

SAM disse...

Obrigada minha querida amiga. Linda sexta feira, com muita paz e harmonia. Muitos beijos.

RENATA CORDEIRO disse...

Olá, querida amiga Mariazita, grande Poetisa!

*Peço, não deixe que a poesia morra.
O mundo fica menos colorido sem ela
Não fique calado, não corra.
Faça um verso e para a rima apela*

Vim aqui para lhe dizer:
Bom dia sempre!
Beijos da Renata
Saindo para andar, porque é mais do que preciso.

com senso disse...

Amiga Mariazita

Será porque a vida é tantas vezes injusta e o Amor passa muitas vezes perto sem o vermos ou sem o querermos ver que esta história da Anita e do Humberto ´são tão dolorosas.
É impossível não desejar um belo final feliz para os dois, mas creio também que o grande momento de amar e se saber verdadeiramente amada Anita acabou agora de o sentir.
Gosto de tudo nestes seus textos, excepto a ansiedade que sinto de esperar pelos novos acontecimentos.
Um beijinho com amizade

Mª João C.Martins disse...

Mariazita

A vida é sempre esta maravilhosa surpresa, se ver renascida a esperança quando aparentemente tudo parece irremediavelmente perdido. Que bom que é sentir isso nesta história.
Pode até acontecer que Anita não sobreviva... duvido! Mas as lições que nos dás através do relato da sua vida, essas ficaram bem semeadas na nmemória de todos aqueles que a têm acompanhado.

Um beijinho grande e, como sabes ficarei à espera da página seguinte.