domingo, 12 de julho de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XXX

(Ficção baseada em factos reais)

Foi, pois, com um misto de vários sentimentos que regressou a Inglaterra, onde acabou por começar a trabalhar no local onde fizera o seu estágio, e onde se conservou largos anos sem regressar à ilha.
Mantinha com Anita correspondência frequente, e assim se inteirava de tudo o que se ia passando.
FIM DO.EPISÓDIO XXIX
EPISÓDIO XXX

A vida ia decorrendo normalmente.
Anita manteve-se em casa até Eduarda completar um ano, e depois regressou à sua actividade na creche.
Raramente se encontrava a sós com o padre João, mas confiava que seria uma situação transitória, e, mais tarde ou mais cedo, tudo iria modificar-se de acordo com o que tinham planeado no início do seu relacionamento.

O padre João dissera-lhe que já fizera as primeiras diligências no sentido de deixar a batina, mas foi-a advertindo de que a solução poderia demorar anos. Havia muitos passos a dar até que a sua petição chegasse a Roma, onde seria tomada a decisão final.

Anita esperava pacientemente. A segunda gravidez dera-lhe uma grande serenidade. O seu principal objectivo, agora, era educar correctamente os filhos, auxiliar o marido na sua doença, e viver em paz.

A doença de Vicente parecia ter estacionado; continuava tomando uma quantidade enorme de medicamentos, e talvez por isso o seu estado de saúde não se agravara.
Com os meios de diagnóstico de que dispunha, o médico não chegara a nenhuma conclusão acerca da doença, já que os seus sintomas apontavam em várias direcções; mas, pelo menos, conseguira adequar a medicação de modo a que Vicente tivesse uma qualidade de vida aceitável.

Eduarda era já uma menina de onze anos, bastante precoce para a sua idade. Aluna excelente, simpática para toda a gente, nutria uma verdadeira paixão pelo “pai”, que a adorava e lhe fazia todas as vontades.
Anita tinha que intervir, muitas vezes, para refrear os exageros de Vicente, que parecia viver para satisfazer as vontades da “sua” menina.

A verdade é que Anita, talvez por recordar-se da educação severa que ela própria recebera, apesar do muito amor e carinho que dava aos filhos, não deixava de lhes ministrar ensinamentos de carácter digno e responsável.
Tiaguinho, quase a fazer quinze anos, era também um bom aluno.
Desde que fora a Inglaterra, havia dois anos, passar as férias com seu irmão Humberto, sonhava ir estudar para o Reino Unido.
Vicente achava que era uma boa ideia, e Anita, ainda que lhe custasse ter que se separar do filho, compreendia que seria bom para o seu futuro.
Estava, portanto, decidido que Tiaguinho iria para Inglaterra estudar, logo que terminasse o curso liceal.

Nos últimos dias Vicente tornara-se mais queixoso. Feitas novas análises, o médico mostrou-se preocupado com os valores apresentados, que se revelaram piores do que os anteriores.
Resolveu alterar a medicação, mas nem assim Vicente apresentou melhoras. Queixava-se com dores que até aí não o incomodavam.

Anita, que vivia para os filhos, continuando, contudo, a acalentar a esperança de “um dia” poder refazer a sua vida com o padre João, não deixava de se preocupar com o estado de saúde do marido.

Alguns dias depois chegou à Ilha uma notícia, que causou grande alvoroço: a princípio confusa, mas em breve perfeitamente clara - tinha havido, no Continente, uma revolução.
Toda a gente falava no assunto, ainda que a maioria das pessoas nem soubesse exactamente o que isso significava.
As poucas pessoas que tinham televisão não saíam da frente do pequeno ecrã, facilitando, como nunca, a quem quisesse ir assistir ao desenrolar dos acontecimentos.
Todos os outros não desgrudavam os ouvidos dos rádios, para se manterem a par do que se estava passando na capital.
A meio da manhã o padre João apareceu na creche e aconselhou o seu encerramento pelo menos até ao dia seguinte.
Anita, acompanhada pelos filhos, dirigiu-se a casa, indo encontrar Vicente numa grande excitação, sentado em frente ao televisor.
Levantando-se precipitadamente, dirigiu-se a Anita:
- Por favor, minha querida, vai já ao correio perguntar se chegou algum telegrama para mim.
- Claro que vou, Vicente, mas, por favor, acalma-te. O estado de nervos em que estás não te pode fazer nada bem…Além do mais, se tivesse vindo algum telegrama já o teriam vindo entregar, não achas?

FIM DO EPISÓDIO XXX

17 comentários:

Fenix disse...

Então Vicente já poderá ir ao continente fazer outros diagnósticos médicos e receber tratamentos mais adequados.
Grandes novidades se esperam!

Cá continuo..., leitora atenta.
:-)

Beijinhos e bom domingo!
São

Anónimo disse...

Má,
ai ai o que será que deve estar nesse telegrama ...
Como smepre minha linda, mal posso esperar a hora de ler o próximo capítulo, essa história é uma delícia Querida Má...
Linod domingo para vc,
um grande beijo,
Gi

Alvaro Oliveira disse...

Olá Mariazita

Este romance continua expectante!

Esta escritora sabe provocar o suspense nos seus leitores.
Parabéns e um lindo Domingo para si.

Um beijo

Alvaro

Elvira Carvalho disse...

Mais interessada do que nunca nesta história. Vicente era exilado político? Vai poder voltar ao Continente? São interrogações que me passam pelo cabeça. Onze anos à espera de um desfecho para o padre?
Um abraço e resto de bom Domingo

Unknown disse...

Mariazita,
como tudo era complicado, tal como diz a Elvira, onze anos à espera que o padre pudesse largar a batina, e porque será que Vicente aguarda tão ansiosamente pelo telegrama!!!!
Pois é lá teremos que esperar pelo próximo capitulo.

Beijinhos,
Ana Martins

Francisco Sobreira disse...

Querida Maria,
Agora surge um elemento novo, que, imagino, seja a denominada "Revolução dos Cravos". E assim fiquemos na expectativa se esse novo fato irá interferir na vida dos personagens. Um beijo carinhoso.

com senso disse...

Amiga Mariazita

Eu já nem estranho, quando venho a este seu belo espaço e fico sempre com "água na boca" à espera dos novos desenvolvimentos desta magnifica história de vida.
Um beijinho com amizade.

Cândida Ribeiro disse...

Minha querida manita,

Tudo se vai alterar a partir de agora, não é?
Será que Vicente vai para Portugal com Anita e os filhos?
Já não acredito que o amor de Anita pelo padre dure muito...cá para mim tem os dias contados!
Fico à espera dos próximos acontecimentos.
Beijo grande

Desnuda disse...

Boa tarde querida amiga!


Ai...O que terá de tão importante neste telegrama? Quero saberrrrrrrrrr!!! Rsr. Bom demais esta história amiga! Nossa!!!



Uma linda semana, querida. Te amo de montão!!! Beijos

In Cucina disse...

Querida amiga portuguesa, que será que tem nesse telegrama?
Fico esperando o próximo capítulo!
Beijos brasileiros, Teresa

Unknown disse...

Oh Manita....vinha eu a caminho de casa e senti que algo não estava bem...rsrsrs
Cheguei aqui e vi logo.....
Bem, vou deixar uma errata ao meu comentário:
onde se lê Portugal deveria estar Capital.....kkkkkkkkkkk

Aproveito e mando mais beijinhos

Paula Raposo disse...

Sigo esta história a passo e passo. Nem ouso nenhuma hipótese, porque a vida é isso mesmo : existe sempre uma hipótese com a qual não contamos...beijinhos.

Daniel Costa disse...

Mariazita

Crê que desconhecia que a tua ausência se devia a motivos de saúde. Desejo te recomponhas rapidinho. Entretanto também estive dua semanas ausente em férias.
Mesmo assim terei perdido alguns episódio da Anita, que agora também não adianta muito.
Voltarei a ver para trás, a história vai interesssante!
Beijinhos,
Daniel

Táxi Pluvioso disse...

Pois... porque os telegramas eram entregues em mão e não depositados na caixa do correio. Será que ele espera um cargo na Junta de salvação Nacional?

São disse...

Minha querida, li algures que a tua saúde estava periclitante e venho desejar-te que te ponhas boa muito depressa.

Um abraço dos grandes.

lili laranjo disse...

Sinto a sua falta

um beijo

Aconchego

Poesia...
Tantas vezes...
Tão pequenina...
E que tanto...
Encerra...
.....
Hoje...
......
Sem nada escrever...
Apenas a pensar...
Sinto que...
Apenas a poesia...
É o meu aconchego...
.............
Lili Laranjo

Mª João C.Martins disse...

Amiguinha

Já sei que este teu romance está a chegar ao fim. Mesmo que o não tivesse percebido antes, vais dando alguns sinais.
Mas o fim de uma história é sempre o começo de outra, ou de outras, não é? Gostaria muito de te ver continuar em outras lições de vida. Porque a história de vida de alguém é sempre uma lição de vida para tanta gente....

Beijinhos com todo o carinho do mundo