quinta-feira, 2 de abril de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XVII

(Ficção baseada em factos reais)

Lá fora respirou fundo. Sentia o coração a transbordar de amor por Anita, e não queria que ela se apercebesse.
Pouco tempo depois regressou, já calmo, para passar o serão com a madrasta.

FIM DO.EPISÓDIO XVI

EPISÓDIO XVII

No dia seguinte Anita comunicou a Vicente o que planeara fazer relativamente à creche da igreja.
Falou num tom aparentemente seguro e convicto, disfarçando o receio que sentia pela reacção que ele poderia ter.
Mas, contra as suas expectativas, Vicente apoiou a ideia, até com certo entusiasmo, acrescentando:

- Acho que é uma óptima ideia. E podes dizer ao padre João que ajudarei em tudo o que for necessário. É urgente a abertura dessa tão prometida creche. A cidade ficará beneficiada, e as mães trabalhadoras poderão dedicar-se mais ao trabalho, sabendo que seus filhos estão bem entregues, e em segurança. O padre que me diga depois o que é que precisa.

E dando um beijo ao de leve na mulher, foi, como sempre, tratar dos seus negócios.

Anita, exultando de alegria, dirigiu-se de imediato à Igreja, para comunicar ao padre tudo o que seu marido dissera, expondo-lhe o seu plano para trabalhar na creche.

O padre, mal podendo acreditar no que ouvia, exultou, de alegria.

Cheios de entusiasmo começaram logo a traçar planos, anotando todos os materiais necessários para que, sem perda de tempo, pudessem começar as obras no edifício que viria a ser a creche, e que ficava em frente da casa paroquial, apenas separada por um estreito caminho.

Ao tomar conhecimento das decisões do pai, Humberto partilhou da alegria de Anita, e enquanto duraram as férias, empregou grande parte do seu tempo ajudando no que era possível.
Isso não os impediu de darem grandes e agradáveis passeios, sempre acompanhados por Tiaguinho, que crescia forte e saudável.

Mais rapidamente do que desejavam as férias chegaram ao fim, e impunha-se o regresso de Humberto a Inglaterra.
Mais uma triste despedida na vida de Anita!
Contudo, desta vez, o adeus foi menos doloroso, dado o entusiasmo com que via progredirem as obras da creche.

Em breve começou a comprar o mobiliário – alguns berços e caminhas, mesas, cadeiras, enfim, tudo o que era necessário para tornar confortável aquele que seria o espaço onde muitas crianças iriam passar a maior parte das horas do dia.
O pároco já conseguira contratar outra senhora para tomar conta das crianças que, juntamente com D. Teresinha e Anita, constituiriam o “corpo docente” da creche.

Finalmente, no início de Outubro, procedeu-se à inauguração.

O padre João, depois da missa na igreja, dirigiu-se para a creche, onde o aguardavam cerca de trinta crianças acompanhadas das mães e alguns, poucos, pais, que se notava serem-no pela primeira vez.
Depois duma breve bênção ao edifício, foram abertas as portas. Na sala encontrava-se uma mesa posta com pequenos bolos e copos de leite e café para oferecer às mães das crianças.
E assim, com uma cerimónia bem simples mas cheia de significado, foi inaugurada a creche paroquial.

A partir desse dia a vida de Anita adquiriu um novo colorido.
Acompanhada de Tiaguinho, todas as manhãs se dirigia para a creche, onde passava o dia tomando conta das crianças, nas quais se incluía o seu filho.

Era um trabalho que a encantava. Normalmente as suas companheiras tomavam à sua conta as crianças mais pequeninas, ficando à sua guarda as maiorzinhas, entre os três e os cinco anos.
Anita começava a orientá-las para as primeiras letras, dando, assim, uso aos ensinamentos que colhera no seu curso de professora.

Com danças de roda, cantiguinhas e lengalengas, os dias corriam serenos e felizes.
Podia dizer-se que Anita vivia para a creche e os seus meninos e meninas, que a adoravam.
Sem falhar um dia, à hora do almoço e ao fim do dia, o padre João passava pela creche.
Anita punha-o ao corrente de tudo o que acontecia com as crianças, transmitindo-lhe alguma chamada de atenção que fosse necessário dirigir aos paroquianos, principalmente quando se verificava alguma quebra nas habituais ajudas.

Talvez por haver um grande entendimento entre ambos, tudo funcionava lindamente.

Muitas vezes, depois de tratados os assuntos da creche, ficavam a conversar sobre os mais variados temas, esquecendo-se das horas que passavam. Aconteceu algumas vezes Tiaguinho “reclamar” que tinha fome, para se aperceberem de que eram horas de cada um seguir para sua casa.

Sem que nenhum deles se apercebesse estava surgindo uma grande cumplicidade entre ambos, e, a cada dia que passava, tornavam-se mais agradáveis os momentos que passavam juntos, os quais, inconscientemente, tentavam prolongar o mais possível.

FIM DO.EPISÓDIO XVII

14 comentários:

Unknown disse...

Querida amiga Mariazita,
Anita se sente agora mais feliz e realizada, na cresce tudo corre bem, e eu aguardo ansiosa pelo próximo episódio.

Beijinhos,
Ana Martins

Francisco Sobreira disse...

Querida Maria,
Agora você mostra Anita dedicando-se à creche, com um certo ar de felicidade pelo trabalho que está desenvolvendo. E surge um elemento novo, que é a sintonia que começa a se estabelecer entre ela e o pároco. Você sempre aparecendo com uma novidade, que vai abastecendo o folhetim e, menina má, retardando cada vez mais o fim. Um beijo carinhoso.

Desnuda disse...

Xi hiiiiiiiiii...Vamos ver no que vai dar esta amizade toda! Rsrsrs

Beijão, Mariazita!

Anónimo disse...

Má,
a Anita é encantadora, não há como não se encantar pelo gesto dessa linda mulher.
Agora o Padre já foi pego se apaixonando com certeza, rs...
Mal espero pelo próximo capítulo que com certeza aqui estarei.
súper beijos

Paula Raposo disse...

Tão bonito...espero o seguimento. Muitos beijos.

Táxi Pluvioso disse...

Ó que coisa! Com o padre? Mas bem verdade, os padres sempre deram grande assistência às mulheres deste país.

RENATA CORDEIRO disse...

Que bom ver que Anita está mais satisfeita, quem sabe consiga ser até feliz, embora eu ache o casamento dela um fracasso. Mas talvez se separe do marido e fique com o enteado.
Bom, isso só que vai dizer-nos é a autora.
Mariazita:
Postei no Galeria há três dias.
Um beijo,
Renata

Fenix disse...

Tudo tende para o equilíbrio, como eu costumo pensar. Infeliz no casamento, mas feliz nas amizades.
Ainda bem!

Espero pela continuação

Beijinhos
São

xistosa, josé torres disse...

E um padre é um bom partido ... alguém que conheça um padre jovem, veja o seu trabalho.
Tem casa, comida, roupa e vestes impecáveis, sempre um carro e uma amiga espiritual ...(NADA DE MAUS PENSAMENTOS)
Paga impostos sobre o que quer mas é há pouco tempo.
Se alguém me indicar melhor profissão ...

Mas a vida é curta e temos que ser lestos, ágeis, espertos e oportunistas ...

Têm uma coisa que os distingue de todos.
Nunca fumaram na igreja para não deitarem as beatas no tapete.

Táxi Pluvioso disse...

Aqui deixo fotos de cidades que apagaram a luz naquela manifestação ecopateta de salvar o planeta. Uma matéria para falsas soluções e novos impostos, mas da causa real do problema, o excesso de população, ninguém fala, enfim... Clicar sobre a imagem para ver o antes e o depois.

Pena disse...

Linda Amiga:
Fez-me emocionar pela sua pureza e beleza num magistral texto sensível e doce. Repleto de altruísmo e solidariedade.
Merece uma felicidade imensa pela terna mensagem inerente ao texto.
Fá-lo com intenções concretas de intenso valor pessoal, social e humano.
As palavras "respiram" encanto. Arte.
Um fantástico texto de elogiar. De arrebatar.
Beijinhos de respeito imenso.
Sempre a admirá-la e a considerá-la

pena

Feliz Páscoa junto dos seus.

Zé do Cão disse...

Um padre é sempre um padre. A sotaina dá-lhe um ar de responsabilidade, de homem respeitavel...
Por isso é que em Arrentela, há uma "catréfada" de gente a quem chamam.
O Antonio Padre
João de Padre
Miguel do Padre
Maria de Padre
Raul de Padre etc. Parece que são 11, alguns jogaram futebol outros não, não faziam equipa. Por sinal a mãe era sempre a mesma. E portanto o patriarcado, resolveu transferir o homem para Merceana (quer dizer para outra freguesia, que em Ar. já tomava foros de escândalo. Pudera com 11.
Mas agora queixam-se de que não há natalidade... Os gajos são contra os preservativos, é no que dá.

Beijocas
Mas afinal, isto que estive aqui a dizer tem alguma coisa a ver com a Anita?
No próximo episódio logo se vê.

Pelos caminhos da vida. disse...

Tem selinho la pra vc.

Fim de semana de luz.

beijooo

Daniel Costa disse...

Mariazita

Mau, que Deus me perdoe, mas como os santos, que são tentados três vezes por dia, não será indício de paixoneta, do sô prior pela professora?
Está visto, o Vicente que se cuide, mas!...
Temos de ter paciência, e esperar que a Mariazita, abra mais o jogo.
Beijinho,
Daniel