quinta-feira, 11 de setembro de 2008

COM LICENÇA

Quem viveu esses tempos e/ou leu sobre o assunto sabe que houve um período, triste, na história da humanidade, que decorreu durante a 2ª.Guerra Mundial, e nos anos que lhe sucederam.
Para além das enormes dificuldades que se viviam, especialmente com a subida ao poder de Salazar, e a implantação do estado Novo, a censura actuava severamente, e as proibições surgiam como cogumelos.

Quem não se lembra de que era proibido dar um beijo em público?
Que era proibido a uma mulher casada viajar para o estrangeiro sem a devida autorização, por escrito, do seu marido? Que era proibido vestir minissaia?
Usar biquíni na praia? Nem pensar! O fato de banho era uma peça única, não muito cavado nas pernas e sem exagerar no decote.

Medindo a altura do fato de banho

E não se pense que só às mulheres eram impostas estas regras! Os homens também tinham as suas restrições


Barriguinhas à mostra…proibidíssimo!

Contava-se uma história, que acredito fosse anedota, de uma turista inglesa que, numa praia portuguesa, se passeava de biquíni, deliciando-se com o sol de Portugal.
Nada que se compare aos biquínis de hoje. Calção subido até à cintura e sutiã bem recatado, que pouco expunha aos olhos cobiçosos.


Foi interpelada por um cabo-de-mar (polícia marítimo) que, no seu inglês macarrónico, aprendido no Cais do Sodré, entre palavras e sinais, tentava fazer-lhe saber que não podia andar assim vestida (ou despida). Como a inglesa parecia não dar sinais de compreensão, o polícia conseguiu soletrar, apontando para o biquíni: just one piece! Percebendo, finalmente, a inglesa respondeu, no seu português também macarrónico: – Só uma peça? Eu escolher a de baixo, ok? E retirou o sutiã.

A história que ouvi contar acabava aqui. Não sei qual o seguimento, mas imagino que tenha sido a esquadra de polícia mais próxima.

(Hoje em dia ainda há quem use fato de banho que faz lembrar esses tempos…

Burkakini – usada em 2007, pelas muçulmanas, na Austrália

mas isso é outro assunto, fora deste contexto).

Muitos escritores e músicos viram as suas obras censuradas e proibidas.
As suas músicas e livros ouviam-se e liam-se apenas na intimidade do lar, ou em círculos muito restritos e de extrema confiança, não fosse alguém descobrir e contar à polícia.
Nos guiões para cinema e peças de teatro a tesoura da censura cortava sem contemplações.

Talvez para evitar situações menos agradáveis a pessoas de certos estratos sociais… (isto é apenas uma suposição minha, não tenho qualquer base para o afirmar como verdade) o certo é que determinadas proibições eram contornadas com a aquisição de licenças.
Por exemplo, era proibido usar isqueiro. Mas quem o quisesse fazer, podia tirar uma licença e usá-lo em público sem qualquer restrição.

Era, portanto, muito vulgar, tirarem-se licenças por tudo e por nada.
As pessoas falavam do assunto frequentemente, e em casa, as crianças também o ouviam mencionar.

É precisamente acerca de licenças a história que vos vou contar.

Havia, e penso que ainda há no mercado, um creme para as mãos (para além de outros produtos) da marca «Diadermine», que as senhoras usavam para amaciar a pele. Algumas usavam-no perfumado, outras preferiam-no sem cheiro.

Numa família minha conhecida havia duas meninas, irmãs, na altura com sete ou oito anos. O pai, fumador, usava isqueiro, tendo obtido a respectiva licença. A mãe, uma senhora bonita, cuidava do seu aspecto.
Perto da casa onde moravam havia uma farmácia.
Um dia a mãe mandou-as à farmácia comprar Diadermine. Naquele tempo ainda as crianças podiam sair à rua sozinhas, sem que isso constituísse qualquer risco.
Chegadas à farmácia, depois de pedirem o que queriam, o farmacêutico perguntaram:
- Querem com essência ou sem essência?
As meninas olharam uma para a outra, sem saber muito bem o que responder. Cochicharam entre si:
- O melhor é ser com licença. Agora é preciso licença para tudo…
O farmacêutico, impaciente com a demora, perguntou:
- Em que ficamos? É com ou sem?
Responderam em simultâneo:
- É melhor com.
E assim regressaram a casa, trazendo a Diadermine com essência, felizes porque não estariam a transgredir as leis.
O assunto só foi esclarecido porque a mãe estranhou o preço. O creme que habitualmente usava, sem essência, era mais barato.
Ao ouvir o comentário da mãe, as meninas responderam prontamente:
- Se calhar a mamã costuma comprar sem licença. Mas nós pensámos que era melhor ser com licença…

A senhora deu uma boa gargalhada, esclareceu-as, e enquanto durou o creme, andou com as mãos perfumadas.

Pode parecer-lhe anedota, mas acredite que é verdade. Passou-se com pessoas minhas amigas, com quem contactei intimamente durante muitos anos.

A maior parte das restrições e proibições atrás referidas só foram revogadas, em Portugal, depois do 25 de Abril de 1974.

30 comentários:

com senso disse...

Bom dia Mariazita
Mais uma vez um excelente texto, muito interessante e mais do que isso, muito importante!
E como sempre exemplarmente escrito... Um delícia!
Hoje trouxe-nos de volta a um mundo que eu já vivi e de que me recordo ainda bem.
Acho que só gosto desses tempos, porque foram os da minha juventude e a juventude é sempre algo de muito bom...
Mas o certo é que viviamos num país em que muitas das normas, face ao resto do mundo civilizado, já eram absurdas e anacrónicas.
E pior que tudo isso, é que nesse ambiente autoritário, apesar de ser tão rigido a impor regras, não conseguiu ensinar este povo como portar-se nos caminhos do civismo e da sã convivência social.
Estavamos preparados para viver entre as grades do medo, davam-se regras ao povo, mas não se lhe deu cultura, não se lhe abriram os horizontes, não se ensinou que liberdade, não era libertinagem, nem o salve-se quem puder.
Agora a aprendizagem vai-se fazendo, de forma dificil e com muitos atropelos, mas a verdade é que este país desperdiçou décadas, tornando-se o mais atrasado, o mais inculto e o mais pobre da Europa Ocidental!
Vai levar gerações até recuperarmos! Tenhamos fé no futuro!

Anónimo disse...

Mariazita,
Adorei sua visita em meu blog.
O seu espaço é muito lindo, obrigada pela visita e pelo carinho, gostaria muito que vc voltasse sempre ao meu blog.
Vou te linkar, tá?
Muitos beijos e tenha um dia abençoado ...

São disse...

É indispensável lembrar às gerações mais nivas os horrores do Estado Novo, para que eu não torne a ouvir uma jovem de 25 ou 26 anos dizer que se estava a precisar de outro Salazar!!
Tudo de bom.

A. João Soares disse...

Cara Amiga Mariazita,
A propósito do isqueiro, podia ser utilizado sem licença debaixo de telha. Era a linguagem da lei para dizer dentro de casa.
Um estudante de Coimbra trazia por baixo da capa segura a tiracolo com um cordel uma telha. Quando viu um polícia, puxou de um cigarro, do isqueiro e da telha para colocar por cima do isqueiro o acendeu. O polícia correu pressuroso para o multar e prender por ele não querer pagar a multa. O estudante bem lhe falava na letra da lei, mas só na esquadra ficou esclarecida a ignorância do polícia.
Beijos
João

xistosa, josé torres disse...

Mas eu que sou do contra, defendo acerrimamente a censura!!!
E mais feroz que a do fascismo ...
Talvez não houvesse tantos fantoches cantadores, escritores, opinadores de opinião e outras coisas mais.
Deveria ser obrigatória licença para aparecer na TV a dizer baboseiras, mesmo por babosos políticos e aspirantes.
Censurar aqueles comentadores, que nos infernizam a leitura e gastam páginas da imprensa, quer de política, futebol, ou artigos de faca e alguidar.
E talvez criar a pena de morte, para aqueles saudosistas dum passado que passou e não deixou vestígios nas mentes imberbes duma juventude de facilidades e facilitismos.

Alguém sabe de algum PIDE, ou delator, que eram aos milhares, que chegaram a vender a própria família, que tenha sido condenado?

Somos um país de estólidos!

Daniel disse...

Mariquinhas

Terei mais uns anos e por uma questão profissional, trilhei caminhos perigosos, em que convinha ter algum senso, mas permitiriam maior alcance.
No entanto é necessário ter em atenção um pós guerra e o depois. Nessa segunda fase, é que tudo se complicou. A Europa começou a mudar de rumo e Portugal não acompanhou.
Creio que ainda hoje estamos a pagar por isso, ficámos sempre a alinhar por baixo, até "ganharmos" a cauda da Europa.
Faltou a necessária renovação intelectual!...
Beijos,
Daniel

João Paulo Cardoso disse...

Documento muito interessante.

Hoje só é proibido proibir.
É pena porque o fruto proibido é sempre o mais apetecido.

Beijos.

RENATA CORDEIRO disse...

Mariazita:
Resolvi não dar ouvidos aos que me querem ver longe daqui e fiz um post. É mais longo do que os outros, porque enchi de flores no fim. Que cada qual pegue seu buquê e que o guarde com uma recordação minha. Conto com vc.
Um beijo,
Renata
wwwrenatacordeiro.blogspot.com

Mariazita disse...

Caro Com senso
Motivos de carárcter particular mantiveram-me mais ou menos afastada do computador por umas 24 horas.
Por isso só agora começo a responder aos comentários dos meus gentis visitantes.
Os tempos da juventude são, para a maioria das pessoas, agradáveis de recordar; quanto mais não seja porque se "vêm" com uns anitos a menos...
Contudo, muitos jovens desses tempos também têm recordações menos agradáveis, alguns muito más, mesmo.
Algumas pessoas ficaram de tal modo condicionadas que, mesmo depois da "liberdade", mantiveram os mesmo hábitos por muito tempo.
Essa análise levar-nos-ia por outros caminhos... Quem sabe, um dia, não falaremos, aqui, sobre
isso???
Resta-me agradecer as suas palavras, como sempre, elogiosas.
Beijinhos de muita amizade
Mariazita

Mariazita disse...

Oi, Giselle
Fico feliz por teres gostado da minha "Casotinha".
Irei visitar-te sempre que possível. Já estás nos meus favoritos, e vou linkar teu espaço aqui.
No Domingo te aguardo, tem novo post.
Obrigada.
Beijinhos
Mariazita

Mariazita disse...

Olá, São
O pior não é ouvir jovens de 25 ou 26 anos dizer que faz falta um Salazar. Eles não sabem o que é viver em ditadura.
Pior do que isso é ouvir a mesma coisa da boca de pessoas que viveram nesses tempos. E ouve-se tantas vezes!
Por uma lado, até os compreendo.
Da forma que vai o nosso país, com as bandalheiras que todos conhecemos, a justiça que não funciona, o nível de vida cada vez mais alto, as dificuldades a creceram a cada dia que passa...é natural que anseiem por um pulso forte que pusesse ordem neste país desgraçado.
E olhando em volta...não vêem ninguém, aparentemente, com capacidade para o fazer.
Será que esse alguém existe???
Deixo a pergunta no ar...
Até Domingo. Fica bem.
Beijinhos
Mariazita

Mariazita disse...

Caro João
A história da telha foca um aspecto interessante: a atitude dos estudantes perante a ditadura.
Tentavam, por todos os meios, provocar as autoridades, com artifícios qua acabavam por colocar em ridículo os seus agentes.
Conheço algumas pessoas que hoje são o que se pode chamar de extrema direita (se é que isso ainda tem algum sentido), que nos seus tempos de universidade andavam a colar cartazes do partido comunista. Muitos faziam-no apenas por pura adrenalina.
Eram os desportos radicais da época!
Beijinhos
Mariazita

Mariazita disse...

Olá, Zé Torres
Tenho que concordar consigo!
Deveria haver censura para certos cantores, comentadores, políticos, etc, etc, etc. que nos causam verdadeiras otites com as barbaridades que dizem.
Faça como eu, que raramente vejo TV. E cada vez tenho mais vontade de ver menos...
Os delatores havia-os às carradas!
Conheci, entre outros, um senhor que era comunista, passou alguns anos na prisão, (inclusimante casou-se quando estava dentro), que tinha sido preso por denúncia de um conhecido dele.
Quando se deu o 25 de Abril foi à célula do PC a que pertencia. Sabe quem foi a primeira pessoa que lá viu? O que o tinha denunciado!
Deu meia volta, rasgou o seu cartão, e o PC perdeu um filiado.
Coisas do PREC!
Muito haveria para contar...mas p'ra quê???
Um abraço
Mariazita

Mariazita disse...

Daniel
Nóa sempre estivemos na cauda da Europa, excepção feita para o período de há 500 anos atrás...
Mas nessa altura ainda a Europa era qualquer coisa muito vaga...
Agora estamos como estamos!
Os erros, cometidos ao longo de tantos anos, pagam-se caros.
Continuamos a cometê-los, e continuamos lá bem no fim da lista!
Seria necessário começar por uma renovação de mentalidades.
Até lá, vai-se atamancando...
Beijos
Mariazita

Mariazita disse...

Olá João Paulo
Agora que começa um novo ano escolar, a sua frase "é proibido proibir" faz-me pensar nas proibições a esse nível.
É proibido proibir os alunos de tudo!
Excepto de faltarem ao respeito aos professores, de os agredirem fisica e verbalmente, e tantas outras coisas que ao longo do ano teremos opotunidade de debater.
Beijos
Mariazita

titofarpas disse...

Este texto está excelente.. Parabéns
Um óptimo fim de semana.
Beijos

Mariazita disse...

Vanuza
Foi a melhor atitude que podia ter tomado!
Mais logo paso pelo seu espaço.
Beijinhos
Mariazita

Mariazita disse...

Olá Tito
Obrigada pela suas palavras e visita.
Bom fim de semana.
Beijinhos
Mariazita

Anónimo disse...

Olá Mariazita.

Vim agradecer a sua passagem, que acabou por ser uma bela visita. Este texto é maravilhoso. Sorvi cada linha, na certeza de um bom acréscimo aos meus interesses. Estas licenças, graças a Deus, foram superadas. Hj representam uma grande curiosidade para todos, submersos em um mundo onde a falta de limites e o desenraizamento chega a ser o grande problema.

Valeu, minha querida.
Adorei todo o seu blog e estou linkando aos meus, se vc me dá a "licença".

Bjos...
Ana

Volte, ok?

Anónimo disse...

Falar de politica e do passado, enjoa-me. Sobretudo porque são os que beneficiaram com a situação, que hoje dizem mal de tudo. Aos novos, é incutido que se matava por tudo e por nada e não se podia falar com ninguém. Os exageros não levam a nada. Apenas 2ou 3% discutiam politica. SE calhar um regime comunista tinha ensinado que a igualdade, era mais igual para uns que outros. Apesar da nossa história e de um passado recente com um regime autoritário, gosto do meu país e não o trocava pela Rússia nem pelos Estados Unidos.
Abraço

Mariazita disse...

Olá Ana
Gosto muito de a ver por cá, e fico feliz por lhe ter agradado a minha "casotinha".
A uns excessos sucedem-se, inevitavelmente, outros.
Depois da repressão surgem os exgeros da liberdade. O meio termo não é fácil de conseguir.
Mas havemso de lá chegar!
Beijinhos, querida.
Volte sempre. Amanhã há novo post, continuação de "Anita", do domingo passado.
Beijinhos
Mariazita

Mariazita disse...

Olá, Rufino
Propositadamente, no post, não falei do aspecto político, embora nalguns comentários aqui deixados e a que respondi, o tema tenha sido abordado.
Há duas coisas que não discuto: religião e política.
A primeira porque é do foro íntimo de cada um, e eu respeto.
A segunda porque, também eu, estou enjoada!
Nunca fui à Rússia. Aos Estados Unidos tenho ido várias vezes porque tenho lá muita família. Gosto de lá passear, mas para viver...ninguém me tire este pequeno jardim à beira mar!
Bom fim de semana.
Um abraço
Mariazita

Táxi Pluvioso disse...

Não pode ser. Um cabo de mar a falar inglês nesse tempo nem macarrónico nem esparguetónico.

com senso disse...

Olá Mariazita
Obrigado pela sua visita e pelas suas palavras.
Ainda não fui de férias, falta pouco mais de uma semana para ir passar uns dias (será quase um mês) na Europa Central.
Entretanto algumas doenças familiares têm-me tirado tempo e sossego, para escrever algo de novo.
Por outro lado um certo filme perturbou bastante o alinhamento mental que eu já tinha para o meu próximo post... daí o meu silêncio nos últimos dias.
Mas antes de ir de férias ainda algo aparecerá por lá e eu decerto irei aparecendo por aqui sempre com o maior gosto e, neste momento em particular, cheio de curiosidade sobre o que terá acontecido à jovem "noiva surpresa"!
É bom ter vozes e visitas amigas como a sua!
Votos de um excelente fim de semana.
Um beijinho com amizade!

Mariazita disse...

Olá, Táxi
Conheci uma garota que, sempre que se contava uma anedota e todos se riam, ela ficava com cara de parva. Não tinha precebido. Era preciso repetir tudo, tim-tim por tim-tim. Resultado: a anedota perdia a graça toda!
A história da inglesa, como refiro no texto, é, provavelmente, anedota.
Quanto ao inglês macarrónico...o meu amigo esqueceu o Tratado de Amizade entre Portugal e Inglaterra?
Nos tempos referidos havia muitos marinheiros ingleses que frequentavam o Cais do Sodré...
Eles e marujos portugueses trocavam cada lição das respctivas línguas!
É daí que vem o "inglês das docas", com que eles se entendiam.

E, porque hoje é domingo, esta lição é de graça! rsrsrss

Mas...Lisboa está com 29 graus, pluviosidade zero, portanto...sorria!
Boas corridas.
Um abraço
Mariazita

Mariazita disse...

Oi, Renata
Já lá fui ontem buscar o meu bouquet...mas mais logo passo por lá.
Bjs
Mariazita

Mariazita disse...

Olá, Com senso
Obrigada por ter vindo trazer-me notícias.
Lá mais p'ra tardinha, pela fresca...passo na sua casa, para conversarmos um pouquinho.
Até logo, beijinhos
Mariazita

Táxi Pluvioso disse...

Ó pois é. Quando conheci o Cais do Sodré já os estudantes universitários tinham estragado aquilo tudo...

Mariazita disse...

Olá, Táxi
E quem o mandou nascer tão tarde???
Tivesse chegado mais cedo a este mundo, e teria conhecido o "verdadeiro, o autêntico" Cais do Sodré! -:)))
Um abraço
Mariazita

Anónimo disse...

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