quinta-feira, 19 de junho de 2008

ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR?

Qualquer um de nós, quando se sente doente, vai consultar um médico.
Ah! Mas já não se fazem médicos como antigamente!...

ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR?

Hoje acordei sentindo uma dorzinha…aquela dor sem explicação, e uma palpitação! Resolvi procurar um doutor.
Fui divagando pelo caminho. Lembrei aquele médico que me atendia vestido de branco, e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo. Meu doutor, que curava a minha dor! Não apenas a do meu corpo, mas a da minha alma. Que me transmitia paz e calma…

Chegando à recepção do consultório, fui atendida com uma pergunta!
"Qual o seu plano?
O meu plano“ Ahhh! O meu plano é viver mais e feliz! É dar sorrisos, aquecer os que sentem frio e preencher esse vazio que sinto agora!
Mas, a resposta teria que ser outra! O "meu plano de saúde"...
Apresentei o documento do dito cujo, já meio suado tanto quanto o meu bolso... E aguardei

Quando fui chamada, corri apressada...
Ia ser atendida pelo doutor, ele que cura qualquer tipo de dor!
Entrei e o olhei...Me surpreendi...
Rosto trancado, triste e cansado.
"Será que ele estava adoentado? É, quem sabe, talvez gripado!"
Não tinha um semblante alegre, provavelmente devido a febre...

Dei um sorriso meio de lado e um bom dia! Olhei o ambiente bem decorado. Sobre a mesa à sua frente um computador , e no seu semblante a sua dor...O que fizeram com o doutor?
Quando ouvi a sua voz de repente: "O que a senhora sente?"

Como eu gostaria de saber o que ele estava sentindo...
Parecia mais doente do que eu, a paciente...
"Eu? Ah! Sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação" - e esperei a sua reação.
Vai me examinar, escutar a minha voz e auscultar o meu coração.

Para a minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:
"Peça autorização desses exames para conseguir a realização..."
Quando li quase morri...
"Tomografia computadorizada", "Ressonância magnética" e “Cintilografia"!

Ai meu Deus! Que agonia!!!
Eu só conhecia uma tal de "abreugrafia", só sabia o que era “ressonar” (dormir), de "magnético" eu conhecia um olhar, e "cintilar" só o das estrelas!
Estaria eu à beira da morte? De ir para o céu? Iria morrer assim ao léu?

Naquele instante timidamente pensei em falar - "Não terá o senhor uma amostra grátis de calor humano para aquecer esse meu frio? O que fazer com essa sensação de vazio? Me observe doutor!
O tal "Pai da Medicina", o grego Hipócrates acreditava que, "A ARTE DA MEDICINA ESTÁ EM OBSERVAR". Olhe pra mim...

É bem verdade que o juramento dele está ultrapassado!
Médico não é sacerdote...Tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...
Mas, por favor me olhe! Ouça a minha história! Preciso que o senhor me escute e ausculte! Me examine!

Estou sentindo falta de dizer até "aquele 33"! Não me abandone assim de uma vez! Procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!
Alimente a minha mente e o meu coração... Me dê ao menos uma explicação!
O senhor não se informou se eu ando descalça... Ando sim!
Gosto de pisar na areia e seguir em frente deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida, estarei errada?

Ou estarei com o verme do amarelão? Existirá umas gotinhas de solução?
Será que já existe vacina contra o tédio? Ou não terá remédio?
Que falta o senhor me faz, meu antigo doutor!
Cadê o scoot, aquele da emulsão? Que tinha um gosto horrível mas me deixava forte que nem um "Sansão"! E o elixir? Paregórico e categórico.
E o chazinho de cidreira, que me deixava a sorrir sem tonteiras? Será que pensei asneiras?
Ahhh! Meu querido e adoentado doutor! Sinto saudade...Dos seus ouvidos para me escutar...Das suas mãos para me examinar...Do seu olhar compreensivo e amigo...Do seu pensar …Do seu sorriso que aliviava a minha dor...Que me dava forças para lutar contra a doença...
E que estimulava a minha saúde e a minha crença...
Sairei daqui para um ataúde? Preciso viver e ter saúde!
Por favor me ajude!

Ohhh! Meu Deus, cuide do meu médico e de mim, caso contrário chegaremos ao fim...
Porque da consulta só restou uma requisição digitada em um computador e o olhar vago e cansado do doutor!
Precisamos urgente dos nossos médicos amigos...
A medicina agoniza...
Ouço até os seus gemidos...

Por favor!
Tragam de volta o meu doutor! Estamos todos doentes e sentindo dor!
E Peço!!!
PARA O SER HUMANO UMA RECEITA DE "CALOR“,E PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA UMA PRESCRIÇÃO DE "AMOR"!



“ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR?”
Desconheço a autoria

6 comentários:

Paula Raposo disse...

Este texto está excelente. Gostei imenso. Beijos.

A. João Soares disse...

Amiga Mariazita,
Mudam-se os tempos, mudam-se as realidades! O seu doutor como o meu, olhava para o doente, a cor ~, os olhos, a língua, auscultava, mandava tossir, fazia mil perguntas, etc. Hoje, mal o doente entra, começa a preencher o papel para a receita e para os exames. Não precisa de olhar o doente, faz uma ou duas perguntas e manda tomar o medicamento e voltar lá com os exames. Não precisa de ver o doente!
Sinais dos tempos!!! Vamos chegar à consulta pelo telefone ou pela internet... Facilidades e muita higiene, porque dizem que não lavam as mãos entre duas consultas. Também não as sujam!!!
Um abraço e boa férias
João

Mariazita disse...

Olá Paula
Ainda bem que gostou do texto.
Achei-o interessante porque, com bastante humor, "mete o dedo na ferida".
Bom Fim de Semana
Beijos
Mariazita@

Mariazita disse...

Meu caro João
É verdade, tudo muda com os tempos.
O médico assistente dos meus pais, ouvia as histórias da minha mãe desde pequenina!
E se eu lhe chamava a atenção (à minha mãe) porque estava a falar de coisas que não interessavam, o médico dizia-me logo: deixe-a falar! Tinha uma paciência!...
Nao quero abusar eu da sua paciência, mas não resisto a contar-lhe isto.
Há uns anos apanhei uma camada de pé-de-atleta (provavelmente no balneário da piscina, um dia em que me esqueci dos chinelos). A coisa agravou-se de tal modo que o pé ficou em ferida, tinha dores fortes e até coxeava.
Resolvi ir ao médico. Como era no inverno, costumava usar botas e collans. Nesse dia calçei sapatos e meias curtas, para mais facilmente mostra o pé ao médico.
Quando entrei no consultório ele estava de cabeça baixa, escrevinhando qualquer coisa.
Sem levantar os olhos, perguntou o que eu tinha. Contei-lhe, e ele continuou escrevendo, sem olhar para mim.
Quando me preparava para descalçar o sapato, estendeu-me uma receita e disse: experimente esta pomada. Se não passar, venha cá daqui por uma semana.
Acredita que ele só olhou para mim por segundos, quando me entregou a receita???
Saí de lá furiosa, como pode calcular, resolvida a não comprar a pomada.
Mas as dores apertavam, e lá fui à farmácia, comprei, e apliquei.
Pasme, agora! Curei o pé-de-atleta completamente, e nunca mais voltei a sofrer disso.
Parece anedota, mas não é.
Para mim só pode ser milagre!!!
Até Domingo.
Beijinhos
Mariazita
PS - Obrigada pelos votos de boas férias. Bem que o João podia ir conosco...era giro!

Vilma Tavares disse...

Há muito não via uma verdade tão verdadeira táo bem-escrita, tão pertinente.
Antigamente os médicos tinham muito de psicólogo, de amigo.
Hoje temos medicina avançada, tecnologia de última geração, muitos diagnósticos errados e homens de branco a ignorar a pessoa humana que têm à frente em busca de uma esperança, de um parceiro que lhe auxilie em momentos difíceis da vida.
É mais cômodo a ressonância ao seu ar de experiência
É difícil dizer-se hoje em dia
" Obrigado Doutor "
Vilma

Mariazita disse...

Querida Vilma
É sempre um enorme prazer vê-la aqui! Origada.
A sua análise está perfeita.
Há tempos o meu médico assistente, amigo de muitos anos, comentava: "hoje em dia um médico começa a exercer sem nunca ter "palpado" a barriga dum doente".
Como podemos exigir que saibam fazer um diagnóstico sem exames auxiliares???
Por este caminhar qualquer dia tira-se o curso de medicina por correspondência...
Talvez possamos também consultá-los pela Internet...
Pelo menos não se perdiam horas nas salas de espera.
Beijinhos, minha querida, e até ao meu regresso de férias, a 7 de Julho.
Mariazita