domingo, 6 de abril de 2008

E AINDA...

Dentro do contexto do poema anterior não poderia ficar esquecido o nosso saudoso Zeca Afonso.





OS VAMPIROS

No céu cinzento sob o astro morno
Batendo as asas p’la noite calada
Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada.

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios, poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas.

São os mordomos do Universo todo
Senhores à força, mandadores sem lei,
Enchem as tulhas, bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada,
Jazem no fosso vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo, eles comem tudo,
Eles comem tudo, eles comem tudo,
Eles comem tudo e não deixam nada!



Não esqueça que somos apolíticos!
Mas isso não impede que sejamos pela Liberdade e pela Justiça.






3 comentários:

A. João Soares disse...

Cara Mariazita,
Transcrevi para Do Miradouro a parte essencial de «Um Bom Exemplo», inserindo um link para este seu blog, servindo de publicidade para que o visitem.
Transcrevo para aqui um comentário com que respondi a outro nele colocado.
Não seria necessário que os ministros e empresários se submetessem a experiência, para eles tão dolorosa, como a do industrial italiano, Enzo Rossi. Para eles, viver com o salário mínimo durante um mês seria passar por momentos muito difíceis.
Mas é, sem dúvida indispensável, que procurem compreender a ginástica que a generalidade dos portugueses tem de fazer, para ir sobrevivendo com os fracos salários que aufere e com os quais tem de fazer face ao aumento sucessivo dos preços de produtos essenciais e do peso dos impostos a que não pode fugir, o que não acontece com os poderosos da política e da economia.
Infelizmente, os poderosos, os que se consideram donos absolutos de Portugal, não sabem nem querem saber as dificuldades com que se debatem a toda a hora, principalmente nos últimos dias do mês, aqueles que vivem sujeitos aos caprichos de dirigentes.
Mas os jornalistas também lhes ocultam as realidades. Acho que teria muita utilidade para todos os portugueses, sempre que se fala em grandes salários, traduzi-los em quantidade de Salários Mínimos Nacionais. Seria interessante que os e-mails que circulam com os ordenados e as reformas fabulosas exprimissem estas em termos da quantidade SMN a que correspondem.
O industrial italiano, Enzo Rossi dá um óptimo exemplo. Infelizmente, os políticos e grandes empresários portugueses não têm bons exemplos a apontar nem aos concidadãos nem ao mundo, antes pelo contrário. Esquecem que, para uma empresa ou um serviço, ter produtividade e melhores resultados, é indispensável ter o seu pessoal, capital humano, bem remunerado, motivado e sem problemas difíceis de resolver. As entidades empregadoras têm um papel social importante a desenvolver.

Beijos
A. João Soares

Mariazita disse...

Meu caro João
Muito obrigada pela publicidade feita ao meu blog, assim como a "colagem" do comentário.
Este está na linha de pensamento daquele que eu mesma fiz como introdução à entrevista.
Assim sendo, penso que o que escrevi não está de todo descabido.
Beijinhos
Mariazita

Beatriz Bragança disse...

Querida Mariazita
Gostei muito de recordar estas palavras que tantas vezes cantei!
Um beijinho
Beatriz